Fluoxetina emagrece ou engorda?

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Fluoxetina emagrece ou engorda? É bem possível que esta seja uma pergunta que você ou alguém que você conhece fez ao receber a prescrição médica para usar o medicamento.

Afinal, fluoxetina é o nome genérico do Prozac, um famoso antidepressivo, e quando falamos em antidepressivos, muitos podem se preocupar com os efeitos desses remédios em relação ao peso.

Mas, antes de nos aprofundarmos nisso, vale a pena citar que a fluoxetina é uma medicação que faz parte do grupo dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS). Inclusive, o medicamento é o antidepressivo mais antigo do grupo dos ISRSs: o seu lançamento no mercado ocorreu em 1987.

O uso do remédio é oral e adulto acima dos 18 anos de idade. Além disso, só é possível comprar a fluoxetina na farmácia ao apresentar a receita médica, que é do tipo C1 branca, em duas vias. 

Quando a fluoxetina emagrece ou engorda?

A fluoxetina, assim como tantos outros medicamentos, pode provocar alterações no peso

Não existe uma única resposta para a pergunta, pois diferentes pessoas podem experimentar diferentes reações em seu peso ao usar a fluoxetina, tanto emagrecer quanto engordar.

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Por exemplo, dois efeitos colaterais mencionados na bula do cloridrato de fluoxetina 10 mg em cápsula dura da Eurofarma são a perda de peso e a falta ou perda de apetite, que aparecem listadas no grupo das reações incomuns da medicação, ou seja, que ocorrem entre 0,1% e 1% dos pacientes.

No entanto, essa mesma bula também aponta o ganho de peso como outro possível efeito colateral do remédio, apresentando-o no grupo das reações raras, ou seja, que atingem entre 0,01% e 0,1% dos pacientes.

Em uma revisão de 11 estudos feitos com a fluoxetina, publicada em 2003, concluiu-se que o uso da substância pode resultar em uma perda de peso a curto prazo, de até 3,3 kg em pessoas obesas.

Dos participantes de um estudo que tomaram fluoxetina para depressão durante testes clínicos nos Estados Unidos, 11% reportaram perda de apetite e 1,4% notaram perda de peso. Dos pacientes que tomaram placebo, apenas 2% tiveram perda de apetite e 0,5% relataram perda de peso.

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Além disso, um estudo publicado em dezembro de 2003 na American Family Physician apontou que a fluoxetina pode resultar em uma perda de peso a curto prazo de até 3,5% em pacientes obesos.

Entretanto, não há evidências de que esse peso não irá voltar e o artigo sugere que uma dieta saudável combinada com atividades físicas seja usada como o principal método para controlar o peso e prevenir a obesidade.

Por outro lado, a fluoxetina também pode levar a um aumento de apetite e ganho de peso, embora esse efeito seja mais raro e menos provável de ocorrer se comparado à perda de peso.

O que um estudo publicado em 1999 no The American Journal of Psychiatry concluiu é que o ganho de peso em pessoas que estão fazendo uso da fluoxetina por longos períodos não foi diferente daquele observado nas pessoas do grupo placebo (que não estão fazendo uso da substância).

Na verdade, existem até evidências de que o ganho de peso esteja relacionado à remissão dos sintomas da depressão, algo que leva a uma sensação de bem-estar e, consequentemente, ao aumento do apetite.

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Em outras palavras, alguns pacientes com depressão podem perder o apetite e emagrecer. Então, conforme a fluoxetina age e gera os seus efeitos, as condições vão sendo controladas e o apetite pode retornar.

Já para outros pacientes, o consumo exagerado de alimentos pode ser um sintoma de doença psiquiátrica, que também pode passar a ser controlado com a ação do remédio.

De qualquer forma, o que não pode deixar de ser ressaltado é que a fluoxetina só pode ser usada sob acompanhamento médico, em obediência a todas as orientações do profissional de saúde e nos casos para os quais o remédio é indicado de forma segura. 

Ninguém pode usar a fluoxetina por conta própria, automedicando-se, apenas porque acha que precisa emagrecer ou engordar, pois não há garantias que o objetivo será alcançado e isso pode ser bem perigoso.

Há uma série de cuidados a seguir durante o tratamento com o remédio e ele está associado a diversos efeitos colaterais e contraindicações. Assim, buscar emagrecer ou engordar de maneira segura e saudável é a melhor saída.

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Para que serve a fluoxetina?

A fluoxetina destina-se ao tratamento da depressão associada ou não à ansiedade, mas também é indicada para os seguintes casos:

  • Bulimia nervosa
  • Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
  • Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), incluindo tensão pré-menstrual (TPM), irritabilidade e disforia (mudança repentina e passageira de ânimo como sentimentos de tristeza, pena, angústia)

Ação da fluoxetina

cloridrato de fluoxetina
Reprodução: via Eurofarma

A fluoxetina tem a função de aumentar a quantidade de serotonina no cérebro, ao bloquear a sua reabsorção no corpo. 

Quando há um desequilíbrio no teor de serotonina, a depressão pode ocorrer ou se acentuar. Assim, como aumenta os níveis de serotonina, a fluoxetina tem o objetivo de ajudar a controlar os sintomas da depressão. 

Após a administração oral, o remédio atinge a concentração máxima dentro de seis a oito horas.

Outros efeitos colaterais

As reações adversas comuns da fluoxetina, que ocorrem entre 1% e 10% dos pacientes, incluem:

  • Ansiedade
  • Diarreia
  • Sonolência
  • Fraqueza geral
  • Dor de cabeça
  • Hiperidrose (excesso de suor)
  • Insônia
  • Náusea (enjoo)
  • Nervosismo
  • Bocejo

Já a lista de efeitos colaterais incomuns do medicamento, que afetam entre 0,1% e 1% dos pacientes, traz:

  • Dor abdominal com cólicas
  • Diminuição do desejo sexual
  • Impotência sexual
  • Ereção prolongada (priapismo)
  • Queda de cabelo
  • Dor torácica (dor no peito)
  • Calafrios (tremores)
  • Tosse
  • Constipação (prisão de ventre)
  • Tonturas
  • Fadiga (cansaço)
  • Alteração da concentração ou raciocínio
  • Congestão nasal
  • Prurido na pele (coceira)
  • Zumbido
  • Vômito
  • Aumento da frequência urinária
  • Mialgia (dor muscular)
  • Artralgia (dor nas articulações)
  • Taquiarritmia (batimentos acelerados do coração)
  • Febre
  • Flatulência (gases)
  • Visão anormal (turva, aumento da pupila)
  • Dismenorreia (cólica menstrual)
  • Dispneia (falta de ar)
  • Urticária (alergia da pele)
  • Xerostomia (secura da boca)
  • Fotossensibilidade da pele (maior sensibilidade da pele ao sol)

As informações são referentes à bula do cloridrato de fluoxetina 10 mg em cápsula dura da Eurofarma. Para conferir a lista completa de possíveis efeitos colaterais do medicamento, acesse e leia a bula de fluoxetina na íntegra.

Contraindicações

A fluoxetina é contraindicada nos seguintes casos:

  • Para os alérgicos à fluoxetina ou a qualquer um dos componentes da fórmula.
  • Para pacientes que estão utilizando inibidores da monoaminoxidase (IMAO, outra classe de antidepressivos), reversíveis ou não, como o sulfato de tranilcipromina, puro ou em associação e a moclobemida.
  • Para pacientes em uso de pimozida
  • Em combinação com tioridazina, devido ao risco da ocorrência de efeitos adversos graves, podendo ser fatal.

Além disso, a fluoxetina deve ser administrada com cautela em pacientes que usam os seguintes remédios: 

  • Medicamentos que são metabolizados pelo fígado, como clorpromazina, propranolol, propafenona, paracetamol.
  • Medicamentos ativos no sistema nervoso central, como fenitoína, carbamazepina, haloperidol, clozapina, diazepam, alprazolam, lítio, imipramina e desipramina.
  • Drogas que se ligam às proteínas do plasma, como ácido acetilsalicílico, fenitoína, diclofenaco, diazepam, que podem causar uma mudança na concentração plasmática do cloridrato de fluoxetina.
  • Varfarina.
  • Ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios não-hormonais (AINES, como diclofenaco, ibuprofeno, nimesulida, naproxeno).
  • Hypericum perforatum (Erva de São João).

Quem estiver usando algum dos medicamentos citados acima, deverá informar o médico, pois o tratamento poderá precisar ser suspenso antes de iniciar a utilização do cloridrato de fluoxetina. 

Cuidados

Se você experimenta efeitos colaterais gastrointestinais, tome o medicamento com uma refeição. Você também pode mascar um chiclete ou chupar uma bala para evitar ficar com a boca seca e sentir náusea.

Não pule refeições para evitar perder peso demais. Se isso acontecer, fale com seu médico. Já o ganho de peso pode ser prevenido através de uma alimentação equilibrada e da prática de atividades físicas.

O seu médico pode ajudar a desenvolver uma dieta balanceada e determinar quais exercícios são bons para você.

Por falar nisso, visite o seu médico regularmente para monitorar os efeitos colaterais gerais e a alteração do seu peso enquanto você toma fluoxetina.

Se a perda ou ganho de peso continuar, o médico poderá determinar que você precisa parar de tomar o medicamento ou mudar a dose. Mas, atenção: não interrompa o tratamento sem o conhecimento do seu médico. 

Fontes e referências adicionais

Você conhece alguém que tome fluoxetina regularmente que acabou ganhando ou perdendo peso? Compartilhe nos comentários abaixo essa experiência.

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Sobre Marcela Gottschald

Marcela Gottschald é Farmacêutica Clinica - CRF-BA 8022. Graduada em farmácia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 2013. Residência em Saúde mental pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Experiência em pediatria e nefrologia, com ênfase em unidade de terapia intensiva. Ela faz parte da equipe de redatores do MundoBoaForma.

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91 comentários em “Fluoxetina emagrece ou engorda?”

    • Eu tomo pra mim perdi peso, mas uso pq sou ansiosa e passei por uma situação ruim cerca de um ano, mas tomo há 4, 5 meses e emagreci quase 15 kilos, pra mim ele é bom, fico mais calma, mais alegre e disposta…vai de pessoa pra pessoa.

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  1. Sou depressiva desde os 20 anos o meu problema é muita ansiedade e não dormir tenho que tomar medicação para dormir nunca parei .
    Só que tem alturas do ano primavera e outono que fico mais em baixo então o psiquiatra que me acompanha altera a medicação tomei estes anos todos o ADT 10 Mg e nunca engordei agora em Janeiro deste ano tive novamente uma forte recaída então o medico receitou o fluoxetina 1 comp. de apos o jantar 1 comp. Rivotril e 1 comp lorsedal e 3 comp. á noite ADT 25 mg neste caso tomei 75 mg. Acontece que pesei sempre 52 kg depois desta medicação comecei a sentir inchada e a roupa deixou d eme servir engordei 7kg estou em pânico porque não é o que como porque como muito moderadamente não abuso em nada a gora á 15 dias fui novamente á consulta e falei ao medico que o meu peso aumentou muito e disse que era do ADT que o Fluoxetina não engorda então reduziu sou ao ADT tomo 1 comp .á noite de10 mg .Mesmo assim não diminui nem o peso nem o volume o que será? Eu sou muito mexida não sou de estar parada nem sentada.Acho que vou experimentar não tomar o fluoxtina , para ver o resultado pois não me sinto nada bem não consigo olhar no espelho nem tenho vontade de me vestir, porque nada me serve .

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  2. no inicio do tratamento emagreci 6 kg, mas ao passar do tempo fui engordando e hoje estou com sobre peso

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  3. Eu fiz uso de fluoxetina com acompanhamento psiquiátrico, o efeito é fantástico na questão do bem estar, no início diminuiu a libido, causa desconforto, dá sensação de boca seca e eu diminui 5kg, mas o que aumenta ou diminui nosso peso é (Alimentação+sedentarismo), quando é pouco emagreceremos, quando é bastante engordaremos.
    O medicamento pode influenciar nosso organismo um pouco, mas lembrem que tomamos fluoxetina QUANDO ESTAMOS COM PROBLEMAS e isto sim, causa alteração nos nossos hábitos e metabolismo.
    Exercícios, caminhar…, é fundamental.

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    • Todos os remédios para depressão dizem que emagrece pois a pessoa perde o apetite. Gostaria de uma indicação para que isso não ocorra
      A pessoa já é bem magra , fuma e bebe cerveja. O que recomendar?.

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