A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) fez um alerta sobre os efeitos causados na pele dos usuários de medicamentos como Ozempic, destinado ao emagrecimento e controle de diabetes.
Em comunicado, o médico dermatologista João Renato Gontijo, coordenador do Departamento de Medicina Interna da SBD, explicou: “Embora os efeitos adversos mais comuns sejam gastrointestinais, em relação à pele, estudos recentes identificaram efeitos menos comuns, mas relevantes. Entre eles estão queda de cabelo (alopecia), alterações na sensibilidade da pele (como formigamento, dor ou queimação) e reações no local da aplicação subcutânea. Eventos raros foram relatados de maneira isolada como penfigoide bolhoso, vasculite leucocitoclástica e angioedema”.
O profissional também ressaltou que as principais consequências da rápida perda de peso promovida por esses medicamentos é a diminuição do volume subcutâneo, o que pode resultar em flacidez, rugas e aparência envelhecida. O emagrecimento ‘acelerado’ e acentuado pode comprometer os níveis de nutrientes essenciais, como proteínas, vitaminas e ácidos graxos, fundamentais para a manutenção da hidratação, elasticidade e barreira cutânea da pele.
A respeito de pacientes com histórico de doenças autoimunes cutâneas, como lúpus ou penfigoide bolhoso, o especialista diz que, embora não existam contraindicações formais, é recomendado que sejam acompanhados pelo dermatologista. Isso porque já foram relatados casos de reativação ou surgimento destas condições durante o uso da semaglutida – princípio ativo de medicamentos como Ozempic, Wegovy e Rybelsus.
Já em relação aos cuidados dermatológicos, o médico Daniel Coimbra, coordenador do Departamento de Cosmiatria da SBD, alerta que o uso desses medicamentos inibe a proliferação de células-tronco adiposas. “Com isso, muitos pacientes percebem um envelhecimento acelerado, que pode ser de 5 a 10 anos, dependendo da quantidade de peso perdido e de fatores individuais, como genética e exposição a fatores ambientais”, explicou.
Tem como minimizar os efeitos?
No entanto, ainda é possível amenizar os efeitos adversos cutâneos causados pela perda rápida de peso. Priscilla Sarlos, médica dermatologista da SBD, aponta que tratamentos como o uso de bioestimuladores de colágeno, como o ácido poli-L-láctico (PLLA), podem ser eficazes para restaurar a qualidade da pele.
“O PLLA estimula a produção de colágeno tipo I, elastina e proteoglicanos, além de melhorar a função dos fibroblastos senescentes. O uso desses tratamentos deve ser avaliado a cada 4 kg de perda de peso”, declarou.
A médica também sugere o uso de técnicas de ajuste volumétrico com ácido hialurônico, desde que sejam feitas com cautela, para evitar o aumento excessivo da volumétrica facial – que poderia gerar um resultado esteticamente indesejável.
Os especialistas também apontam que os cuidados cosméticos básicos, como hidratação e uso de protetor solar, são essenciais para reduzir os sinais da perda de peso no envelhecimento cutâneo. São recomendados ácidos retinóicos, que ajudam a renovar as células da pele e melhorar a textura.
Por fim, a SBD reforça a importância de pacientes que utilizam esse tipo de medicamento serem acompanhados também por um dermatologista, especialmente para monitorar e tratar os efeitos adversos na saúde da pele.
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