Corrimento esverdeado: o que pode ser e o que fazer

Publicado por
Dra. Akemi Martins

O corrimento esverdeado é um sinal comum de tricomoníase, uma infecção sexualmente transmissível causada por Trichomonas vaginalis, um protozoário parasita. 

Algumas mulheres não apresentam nenhuma secreção vaginal anormal, mas em grande parte dos casos ocorre a liberação de um corrimento amarelo-esverdeado abundante, espumoso e com odor de peixe. A tricomoníase produz, ainda, sintomas como sensibilidade, dor durante a relação sexual e ao urinar.

continua depois da publicidade

Além da tricomoníase, o corrimento esverdeado pode ser causado por outros tipos de infecção sexualmente transmissível, como clamídia ou gonorreia, ou por inflamações que afetam o trato reprodutor inferior e superior, tais como vulvovaginite e doença inflamatória pélvica. 

Ao notar um corrimento esverdeado em sua roupa íntima ou no papel higiênico, é recomendado que busque ajuda médica de um/uma ginecologista, para que a causa deste problema seja identificada e tratada com os medicamentos apropriados. 

Veja o que pode causar o corrimento esverdeado e o que fazer em cada situação. 

Tricomoníase

Imagem do Trichomonas vaginalis via microscópio

A tricomoníase é uma infecção vaginal causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, que é transmitido pela relação sexual desprotegida com uma pessoa contaminada.

continua depois da publicidade

É importante saber que a doença é assintomática nos homens, que podem carregar o protozoário no trato geniturinário e transmiti-lo para outras pessoas sem saber que está contaminado. 

Apesar de algumas mulheres não manifestar sintomas, a maioria é sintomática e apresenta os seguintes sinais e sintomas:

  • Corrimento vaginal abundante.
  • Corrimento vaginal esverdeado ou amarelado e espumoso.
  • Corrimento vaginal com cheiro desagradável, semelhante ao odor de peixe.
  • Sensibilidade na vulva (parte externa e visível da vagina) e no períneo, que está na parte inferior da pelve.
  • Dor durante a relação sexual.
  • Dor ao urinar.
  • Inflamação da vulva e no períneo, com inchaço dos lábios vaginais.
  • Lesões em formas de pontos avermelhados na parede vaginal e na superfície do colo do útero.
  • Em alguns casos, ocorre inflamação da uretra (uretrite) e da bexiga (cistite).

O que fazer

Ao perceber os sintomas relatados, é aconselhável que você procure um médico ou médica ginecologista que poderá fazer alguns exames para diagnosticar a infecção. 

Você passará por um exame pélvico e uma amostra do corrimento esverdeado será coletada para análise em microscópio. Nesta análise, é possível identificar qual é o microrganismo causador da infecção. 

Neste exame, o médico ou médica também poderá coletar uma amostra do líquido do colo do útero para verificar se existe uma coinfecção por bactérias causadoras de outras infecções sexualmente transmissíveis. 

continua depois da publicidade

O tratamento é feito com uma dose única de metronidazol ou tinidazol por via oral, que deve ser estendido ao parceiro ou parceira sexual. Durante o tratamento, é recomendado evitar relações sexuais e ingestão de bebidas alcoólicas.

O uso de preservativos ajuda a evitar a infecção, mas não oferece proteção total, pois o protozoário pode infectar áreas não protegidas. 

Vulvovaginite

A vulvovaginite é um tipo de inflamação que afeta simultaneamente a vulva e a vagina. Essa inflamação não é causada unicamente por infecções sexualmente transmissíveis, mas tende a afetar com mais frequência mulheres com vida sexual ativa, pois têm maiores chances de entrar em contato com microrganismos nocivos. 

O fungo causador da candidíase, por exemplo, pode desencadear uma inflamação na vulva e na vagina. 

Além dos microrganismos causadores de infecções na região genital, a vulvovaginite pode ser causada por produtos e substâncias irritantes, como pomadas, cremes, perfumes, sabonetes, lubrificantes e até pelo excesso de lavagem com duchas vaginais, que pode desequilibrar a microbiota vaginal. 

continua depois da publicidade

O uso de calcinhas e roupas muito apertadas e compostas de tecido sintético também pode irritar a região vaginal, assim como o uso de absorventes internos e o contato com o látex de preservativos. 

Por fim, alterações hormonais bruscas, como as que ocorrem na puberdade e na menopausa também podem levar à inflamação, assim como desequilíbrios temporários na microbiota vaginal. 

A vulvovaginite provoca alguns sintomas típicos, como: 

  • Vermelhidão na vulva e na vagina.
  • Inchaço da vulva e da região genital.
  • Corrimento esverdeado e malcheiroso.
  • Coceira intensa na região genital.
  • Dor ou queimação ao urinar.
  • Leve sangramento vaginal.

O que fazer

Se você estiver com sinais e sintomas de inflamação na vulva e na vagina, procure um médico ou médica ginecologista. 

O diagnóstico do quadro inflamatório é feito a partir da escuta dos sintomas e da avaliação pélvica, com coleta de uma amostra do corrimento. Essa amostra é analisada em laboratório, para verificar se algum microrganismo infeccioso está desencadeando a inflamação. 

O tratamento da vulvovaginite varia de acordo com a causa do problema, podendo ser feito com antibióticos ou antifúngicos. Se a inflamação for causada por uma reação alérgica, o tratamento pode ser feito com anti-histamínicos. 

Além do tratamento medicamentoso, você será orientada a suspender alguns hábitos de risco, como as duchas vaginais, o uso de determinados absorventes, sabonetes perfumados e cremes. Você também será orientada a usar roupas íntimas do tamanho correto e feitas de algodão. 

Gonorreia e Clamídia

A gonorreia e a clamídia são infecções sexualmente transmissíveis por via oral, vaginal ou anal, causadas pelas espécies de bactérias Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. As duas estão sendo comentadas no mesmo tópico, pois geralmente ocorrem simultaneamente.

Essas bactérias causam uma infecção que atinge não só os órgãos genitais, mas também pode afetar a garganta e os olhos. 

A gonorreia e a clamídia precisam ser tratadas com os antibióticos corretos, pois se as bactérias não forem eliminadas, podem causar complicações graves, como infertilidade e gravidez ectópica.

Ambas causam os seguintes sinais e sintomas:

  • Dor ao urinar.
  • Dor no assoalho pélvico.
  • Eliminação de um corrimento esverdeado ou amarelado.
  • Dor ou sangramento durante a relação sexual.
  • Cervicite: inflamação do colo do útero.

Algumas mulheres podem ser assintomáticas.  

O que fazer

Diante da suspeita de uma infecção sexualmente transmissível, como clamídia e gonorreia, deve-se procurar um serviço de saúde, para receber o diagnóstico e o plano terapêutico mais apropriado. 

O tratamento deve ser estendido às parcerias sexuais, mesmo que não apresentem nenhum sintoma de clamídia e/ou gonorreia. 

Caso esteja gestante, o bebê deverá receber um colírio nos olhos na primeira hora após o seu nascimento para prevenir a conjuntivite neonatal gonocócica causada pela bactéria responsável pela gonorreia. Caso esse tratamento não seja feito, o bebê pode ficar cego.

O tratamento da mulher e das parcerias sexuais é feito com antibióticos e, durante o período do tratamento, é importante se abster de relações sexuais.

Doença Pélvica Inflamatória (DIP)

A dor no assoalho pélvico é característica da DIP, além do corrimento verde

A doença inflamatória pélvica é causada por infecções que afetam os órgãos reprodutores femininos superiores, que incluem o colo do útero, o útero, as tubas uterinas e os ovários. 

Normalmente, ela é consequência de uma infecção sexualmente transmissível que não foi devidamente tratada. 

As bactérias causadoras das principais infecções sexualmente transmissíveis, como as já mencionadas Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, podem se disseminar da vagina para o colo do útero, onde causam uma cervicite. De lá, elas ainda podem afetar os órgãos reprodutores mais profundos. 

A doença inflamatória pélvica pode, então, afetar vários órgãos do sistema reprodutor feminino, sendo responsável por inflamações e/ou infecções que recebem nomes específicos: 

  • Cervicite: a infecção se instala no colo do útero, a região anatômica que separa o trato reprodutor inferior do superior.
  • Endometrite: infecção no tecido que reveste o útero internamente.
  • Salpingite: infecção das tubas uterinas.
  • Ooforite: infecção nos ovários.

Os sintomas típicos dessa doença incluem:

  • Dor no assoalho pélvico.
  • Corrimento vaginal, que pode ser esverdeado ou amarelado quando a doença é provocada por uma infecção bacteriana.
  • Sangramento vaginal fora do período menstrual.

O que fazer

A doença inflamatória pélvica é uma condição de saúde grave que precisa ser tratada por um médico ou médica ginecologista, pois pode resultar em infertilidade. 

O diagnóstico do problema é feito com base nos sinais e sintomas clínicos apresentados pela mulher e com a análise laboratorial de seu corrimento vaginal e cervical. 

Geralmente, antes mesmo de se identificar as espécies de bactérias envolvidas, a mulher com doença inflamatória pélvica já é tratada com antibióticos para gonorreia e clamídia por via oral ou por injeção intramuscular. 

Nos casos em que a infecção se agrava, pode ser necessária uma internação hospitalar para administração dos antibióticos por via intravenosa (na veia). 

Enquanto a infecção não é eliminada, a mulher deve se abster de relações sexuais e as parcerias sexuais também devem ser tratadas. 

Fontes e referências adicionais

Você já teve um quadro infeccioso que resultou em corrimento esverdeado? O tratamento deu resultado rápido ou foi demorado? Qual sintoma mais te incomodou? Comente abaixo!

5 de 5 (1 Votes)
Dra. Akemi Martins

Dra. Akemi Martins Higa é bióloga, formada pela Universidade Federal de São Carlos em 2011. Doutora na área de Medicina Tropical e Saúde Internacional, com ênfase em doenças neurodegenerativas, pela Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de nanotecnologia e imunologia aplicada ao diagnóstico de neuromielite óptica e esclerose múltipla. Para mais informações, entre em contato.

Deixe um comentário

Publicidade
Publicado por
Dra. Akemi Martins