O estudante de medicina Felipe Araújo relatou a descoberta de um câncer aos 25 anos. O jovem admitiu que a notícia foi como cair em um abismo enquanto andava por um jardim.
Araújo disse que descobriu que tinha um tumor na tireoide de maneira repentina, depois de um acidente doméstico com um cotonete. O tumor foi descoberto no final de 2023 e Felipe identificou vários sinais da doença, mas não deu importância. “Eu tinha um linfonodo inchado no meu pescoço há seis anos e um médico havia examinado e dito que era só um músculo. Eu sabia que não era, mas eu não dei a devida atenção ao cisto. Meu inchaço não parecia câncer”, recordou, em entrevista ao site Metrópoles.
O estudante tinha acabado de se mudar para Bauru, no interior de São Paulo – onde começaria um curso na USP e uma rotina intensa de trabalho – quando os sintomas apareceram. “Eu estava vivendo com um cansaço absurdo e sempre fui uma pessoa muito ativa, mas estava com muito mais sono”, contou. Por isso, o rapaz confundiu os sintomas com uma exaustão à rotina intensa.
Sobre a rouquidão, Eduardo acreditou que tivesse algo a ver com a mudança de clima, por ter ido viver em uma cidade mais seca. “Como dou aulas, sempre falei muito, mas passei a sentir que minha voz falhava de forma sutil, cada vez mais cedo. Não conseguia falar sem sentir a voz ficar anasalada”, lembrou.
Nenhum dos fatores motivou uma ida ao consultório médico, até que o acidente com o cotonete aconteceu. “Sempre que tomo banho, tenho o costume de secar o ouvido com aquelas hastes de algodão, sabe? Não gosto da sensação do ouvido molhado. Naquele dia, coloquei a haste no meu ouvido, esqueci e fui deitar. Foi a dor mais absurda que senti em minha vida”, declarou.
“Quando deitei, a haste entrou no meu ouvido, foi uma dor insuportável, fui no céu e voltei”, completou. Por medo de ter perfurado o tímpano ou tido uma lesão grave no ouvido, Felipe procurou um otorrinolaringologista na própria universidade.
O cotonete não havia lesionado o ouvido de forma profunda, mas em meio ao incidente o jovem descobriu o tumor. O especialista solicitou exames de imagem, incluindo uma ultrassonografia cervical para avaliar os linfonodos no pescoço. “Em nenhum momento o objetivo era investigar câncer de tireoide, já que eu não apresentava absolutamente nenhum sintoma relacionado. A única razão pela qual solicitei o exame foi para avaliar minhas cadeias de linfonodos, então descobrir o tumor foi um choque”, explicou.
O exame feito por Felipe é o padrão ouro para a detecção de tumores. “O acompanhamento médico regular é essencial para identificar precocemente qualquer alteração na tireoide. Exames como a ultrassonografia da região cervical podem ser decisivos para um diagnóstico preciso”, explica o cirurgião Jefferson Medeiros, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço de Manaus (AM).
O diagnóstico definitivo chegou mais tarde, após exames complementares. O tratamento adotado fo exclusivamente cirúrgico, apesar de o tumor ter apresentado características que poderiam aumentar o risco de metástase.
“Embora, na maioria dos casos, o protocolo inclua a iodoterapia como complemento, meu cirurgião de cabeça e pescoço avaliou que, no meu caso, ela não seria necessária. Atualmente, sigo em acompanhamento. Realizo exames periódicos de controle a cada três meses e, mensalmente, exames de sangue para monitorar os marcadores tumorais”, concluiu Felipe.
Grande parte dos casos de câncer de tireoide são diagnosticados acidentalmente, já que a doença pode ser silenciosa em seus estágios iniciais. Alguns dos sinais que podem servis de alerta são: nódulo ou inchaço no pescoço; rouquidão persistente; dificuldade para engolir; e sensação de aperto na garganta.
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