Uma pesquisa realizada por cientistas norte-americanos e brasileiros descobriu que é possível medir o consumo de alimentos ultraprocessados de uma pessoa de forma mais objetiva, por meio da análise de moléculas encontradas no sangue e na urina.
A nova técnica pode ajudar a entender melhor a relação entre a dieta e a ocorrência de doenças crônicas, como diabetes e câncer. Os alimentos ultraprocessados são produzidos industrialmente com aditivos químicos, emulsificantes, aromatizantes e conservantes. Alguns exemplos de alimentos ultraprocessados são os iogurtes adoçados, fast foods, salgadinhos e pães de forma. O consumo excessivo é relacionado a um risco maior de desenvolvimento de doenças.
Nessa nova pesquisa, publicada na revista Plos Medicine, os cientistas destacaram que os estudos anteriores sobre o consumo de ultraprocessados são baseados no autorrelato dos voluntários, podendo ser um tanto imprecisos.
Devido ao potencial dos exames de sangue e de urina para analisar produtos excretados, os pesquisadores aperfeiçoaram a técnica acrescentando mais de mil metabólitos que são produzidos quando o corpo converte alimento em energia.
Foram coletadas amostras de sangue e urina de 718 pessoas saudáveis, com idades entre 50 e 74 anos, coletadas de 2012 a 2013. Durante um ano, os voluntários registraram tudo o que haviam consumido no dia anterior. Em seguida, os pesquisadores rotulavam cada alimento ingerido pelos voluntários como ultraprocessado ou natural.
O grupo de pesquisadores utilizou uma técnica de aprendizado de máquina para atribuir a cada participante uma pontuação para a quantidade de ingestão diária de energia derivada de alimentos ultraprocessados.
Ao menos 50% da energia diária dos participantes tinham como fonte os ultraprocessados, variando de 12% a 82% entre os indivíduos. Os que consumiram mais alimentos ultraprocessados também ingeria mais carboidratos simples, açúcares adicionados e gorduras saturadas, e menos proteínas e fibras.
Outro dado preocupante foi que metabólitos associados ao risco de diabetes tipo 2 apareceram em maior quantidade nas amostras de quem comia mais ultraprocessados. Durante as análises também foram encontradas moléculas derivadas de alguns tipos de embalagens de alimentos.
O próximo passo da equipe do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos é testar a nova ferramenta em populações mais jovens e com dietas mais variadas, aprimorando a técnica e buscando, por exemplo, compreender melhor a relação entre alimentos ultraprocessados e câncer.
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