Algumas plataformas de mídias sociais, como o TikTok e o Kwai, aumentam o risco de disseminar informações imprecisas ou enganosas sobre condições de saúde mental, como TDAH.
Mesmo que os aplicativos forneçam acesso fácil a informações sobre as condições, devido à falta de mecanismos de verificação de fatos para conteúdo, muitas dessas notícias acabam sendo sensacionalistas e contendo inverdades. Por outro lado, as plataformas permitem que os internautas compartilhem suas próprias experiências, o que tem o potencial de reduzir o estigma e aumentar a conscientização sobre problemas de saúde mental prevalentes.
O TikTok é considerado uma das maiores plataformas de disseminação de conteúdo – com mais de 50 milhões de usuários ativos diários, que gastam mais de uma hora dentro do aplicativo, todos os dias. Isso ocorre porque ele permite ao usuário postar conteúdo em formato de vídeo curto, de maneira rápida e fácil.
Por isso, o TikTok oferece um ambiente onde as pessoas procuram sobre saúde mental, enquanto também compartilham suas experiências e se conectam com outras pessoas com condições semelhantes. Como exemplo, os vídeos sobre TDAH e autismo são as dez hashtags relacionadas à saúde mais visualizadas do TikTok.
Entretanto, além da falta de controle que a plataforma oferece, não há mecanismos de verificação para saber se aquela notícia ou informação é realmente relevante ou verdadeira. Isso faz com que o internauta acredite que tudo o que é postado seja real e oficial.
Uma pesquisa recente mostrou que 41% dos vídeos mais populares do TikTok que fornecem psicoeducação sobre autismo eram imprecisos, com 32% sendo generalizados demais. Importante ressaltar que plataformas de mídia social, tomo o TikTok, não são projetadas para fornecer psicoeducação eficaz aos seus usuários.
A pesquisa investigou a autenticidade das informações disponíveis sobre TDAH no TikTok e avaliou como o conteúdo do TikTok sobre a condição influenciou as percepções dos espectadores sobre o assunto.
Foram avaliados dois estudos, de maneira geral. O primeiro analisou as características do conteúdo popular de TDAH no TikTok e avaliou se essas informações se alinham com os critérios de diagnóstico clínico e recomendações de tratamento por profissionais de saúde mental.
O segundo avaliou como jovens adultos com ou sem TDAH autorrelatado percebem o conteúdo do TiTok relacionado à condição, como psicólogos classificam o conteúdo e o impacto dessas informações nas percepções do usuário sobre o TDAH.
Os voluntários forneceram informações sobre o diagnóstico de TDAH ou se acreditavam que não tinham sido diagnosticados com a condição. Eles também preencheram questionários sobre seus dados demográficos, histórico de diagnóstico e sintomas.
Após a triagem inicial, 224 participantes foram classificados no grupo “sem TDAH”, 198 no grupo “diagnóstico formal de TDAH” e 421 no grupo “autodiagnóstico”.
Eles também tiveram a opção de evitar ou assistir vídeos de psicólogos. Os que assistiram às gravações com informações dos especialistas foram posteriormente solicitados a avaliar o conteúdo do TikTok novamente e relatar se sua percepção sobre o TDAH mudou.
Os participantes autodiagnosticados com TDAH assistiram com mais frequência ao conteúdo do TikTok relacionado ao TDAH do que aqueles sem TDAH. No entanto, os pesquisadores revelaram que isso pode estar ligado ao algoritmo do aplicativo, que aprende com o histórico de exibição dos usuários.
Os psicólogos clínicos relataram que a precisão das informações nos vídeos do TikTok era baixa, o que reflete, de forma semelhante, relatos anteriores de profissionais de saúde que consideraram o conteúdo relacionado ao TDAH no TikTok enganoso.
Já uma proporção significativa de jovens adultos com TDAH estava interessada em ouvir profissionais de saúde mental. Comparados com o grupo diagnosticado, indivíduos autodiagnosticados ficaram mais tranquilos, acreditando que, de fato, não tinham a condição, após assistir aos vídeos dos psicólogos.
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