O café do jacu é um café brasileiro produzido a partir dos grãos eliminados junto com as fezes do jacuaçu, ou simplesmente jacu.
O jacu, Penelope obscura, é uma ave de grande porte, natural da Mata Atlântica. Ela mede cerca de 68 a 75 cm e pesa em torno de 1kg. Seu nome, em tupi, significa “o que come grãos”.
Veja a história sobre a origem do café do jacu e como ele é produzido.
A origem do café do jacu ocorreu na Fazenda Camocim, localizada em Domingos Martins, região serrana do Espírito Santo.
A relação entre o jacu e essa fazenda de café começou com os prejuízos causados pela ave ao destruir uma parte da colheita para consumir os frutos maduros da lavoura. A ave provocava uma perda de 10 a 15% da produção, se alimentando dos frutos mais vermelhos (maduros) das plantações.
O proprietário da fazenda, o empresário Henrique Sloper, ao pensar em uma solução para acabar com o seu problema, que não fosse o extermínio da ave, lembrou-se de um caso parecido que ocorreu na região das ilhas de Sumatra, na Indonésia.
Ali, existe um café especial chamado Kopi Luwak, que é produzido a partir de grãos de café resgatados das fezes de uma espécie de civeta, um mamífero de pequeno porte parecido com um gambá que, assim como o jacu, se alimenta do fruto.
Além do Kopi Luwak, existe um café chamado Black Ivory que é produzido a partir dos grãos encontrados nas fezes de um elefante, na África.
O proprietário da fazenda Camocim percebeu, então, que o grão de café não era destruído no processo digestivo da ave, assim como acontece com a civeta e o elefante, mas era expelido intacto nas fezes do jacu.
Além de ser eliminado em sua forma íntegra, o grão adquire características especiais que resulta em um café diferenciado, de sabor mais ácido e adocicado. Este café ficou, por isso, conhecido como o café do jacu.
O processo de produção do café do jacu se diferencia do convencional, porque inclui uma etapa que depende da ave.
O jacu chega até o cafezal e se alimenta dos grãos de café, fazendo isso de modo seletivo. A ave escolhe se alimentar daqueles grãos que estão mais maduros e mais saudáveis, ou seja, os melhores grãos de café. A ave sabe quais grãos estão mais maduros pela cor vermelho-vivo do fruto.
O pássaro aproveita apenas a casca e a polpa da fruta, ficando a semente, que é o grão do café, intacto. Isso ocorre porque a ave não tem moela, então o grão não é triturado em seu trato digestivo. A ave, então, elimina seus dejetos na base das árvores, onde são coletados.
A partir disso, dá-se início às etapas de produção do café do jacu:
Por causa desse processo natural de produção e do sabor exótico e adocicado do café do jacu, ele é o café mais caro do Brasil e um dos mais caros do mundo. O quilo deste café pode chegar ao valor de mil reais.
O processo fica ainda mais caro, porque depende que as aves se alimentem dos frutos dos cafezais espontaneamente, pois como é uma espécie ameaçada de extinção, a ave não pode ser criada em cativeiro.
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