O Alzheimer é considerado uma doença progressiva que destrói a memória e outras funções mentais importantes. Confusão e dificuldade para se lembrar costumam ser percebidos inicialmente, no entanto, o seu avanço pode fazer com que o portador de Alzheimer esqueça pessoas importantes que fazem parte de sua vida e mudar drasticamente a sua personalidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2050, aproximadamente 152 milhões de pessoas receberão o diagnóstico de demência, e que o Alzheimer representará 70% dos casos. A Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) relata que atualmente existem 35,6 milhões de casos da doença no mundo e, no Brasil, o número chega a 1,2 milhão.
Entenda melhor quais são as causas do Alzheimer e os fatores de risco que podem desencadear a doença.
A doença de Alzheimer carrega o sobrenome de seu descobridor, doutor Alois Alzheimer. Ela é considerada a forma mais comum de demência, um termo usado para descrever a perda de memória e de outras capacidades intelectuais. Costuma ser o resultado da morte das células cerebrais, e em estágios mais severos pode causar problemas na vida diária.
Aproximadamente 10% das pessoas com mais de 65 anos e 25% com mais de 85 anos podem apresentar algum sintoma de Alzheimer, e muitos casos evoluem para demência, mas ela também pode acometer pessoas mais jovens. Aproximadamente 5% dos diagnósticos são feitos em pessoas com idade entre 40 e 50 anos.
Inicialmente, uma pessoa com a doença de Alzheimer pode experimentar uma leve confusão e dificuldade para se lembrar de determinados acontecimentos, mas o fato dela ser uma doença que piora progressivamente ao longo do tempo faz com que nos últimos estágios a pessoa não consiga raciocinar ou se comunicar com os que estão ao seu redor.
A expectativa de vida média de alguém com a doença é de 8 anos após o diagnóstico, mas alguns podem chegar aos 20 anos, se as demais condições de saúde estiverem favoráveis. Mundialmente, o Alzheimer é uma das principais causas de morte, e a não há uma cura até o momento, mas existem tratamentos que podem retardar a progressão e melhorar a qualidade de vida daqueles com a doença.
O diagnóstico de Alzheimer costuma ser feito quando é percebido um declínio na função cognitiva ou comportamental e do desempenho, quando comparado à sua forma anterior. Geralmente, esses aspectos interferem na capacidade profissional e também nas suas atividades cotidianas. Por exemplo:
Declínio cognitivo:
Esses são percebidos quando a existe uma capacidade reduzida de absorver e lembrar de novas informações, como:
Deficiências de raciocínio:
Apresentar dificuldades de realizar tarefas mais complexas e julgamento, como por exemplo:
Habilidades visuoespaciais comprometidas, desassociadas a problemas de visão:
Dificuldade de falar, ler e escrever:
Mudanças na personalidade e comportamento:
Se o número de sintomas e sua gravidade confirmarem uma demência, os seguintes aspectos podem ajudar o médico a concluir um diagnóstico da doença de Alzheimer.
A doença de Alzheimer é mais provável quando a perda de memória é um sintoma dominante, principalmente na área da aprendizagem e retenção de novas informações. Porém, as dificuldades de comunicação também podem ser um sintoma inicial importante.
Infelizmente ainda não existe uma causa exata da doença de Alzheimer, mas os cientistas acreditam que ela é o resultado de uma combinação de fatores genéticos, de estilo de vida e ambientais que afetam o cérebro ao longo do tempo. Menos de 5% dos casos são provocados por alterações genéticas específicas, que praticamente garantem que uma pessoa irá desenvolver a doença no futuro.
Ainda que as causas do Alzheimer ainda não estejam totalmente definidas, os seus efeitos sobre o cérebro já são claros. Ela danifica e mata as células cerebrais, e o resultado é menos células e menos conexões entre as células sobreviventes, se comparado a um cérebro saudável. A doença de Alzheimer leva a um encolhimento significativo do cérebro, à medida que as células cerebrais morrem.
Durante um exame para realizar o diagnóstico, alguns tipos de anormalidades são comumente percebidas:
1. Placas de proteína que destroem células cerebrais
São aglomerados de uma proteína chamada beta-amilóide que costuma danificar e destruir as células cerebrais de várias maneiras, além de impactar na comunicação das células. Ainda que o motivo exato da morte de células cerebrais na doença de Alzheimer não seja conhecido, a concentração de beta-amilóide do lado de fora das células cerebrais é um dos principais suspeitos e é comum em pacientes com a doença.
2. Emaranhados nas células cerebrais
As células cerebrais são suportadas por um sistema interno para transportar nutrientes e outros materiais essenciais para o organismo. Para realizar essa atividade de forma correta e eficaz, ele precisa de uma estrutura normal e do funcionamento de uma proteína chamada Tau.
Quando a doença de Alzheimer está presente, os “fios” da proteína Tau se transformam em emaranhados anormais dentro das células cerebrais, e isso causa uma falha no transporte dos nutrientes. Esta falha também está fortemente associada ao declínio e morte das células cerebrais.
Existem também alguns fatores de risco que predispõem uma pessoa a desenvolver Alzheimer ao longo da vida.
3. Idade
O aumento da idade pode ser uma das principais causas do desenvolvimento do Alzheimer, por isso ele é considerado o principal fator de risco. A doença de Alzheimer não faz parte do envelhecimento normal, mas ao atingir 65 anos de idade, as pessoas estão bem mais propensas a desenvolver, e os riscos dobram a cada década após os 60 anos.
Já as pessoas que apresentam alterações genéticas relacionadas ao início precoce da doença de Alzheimer começam a experimentar os sintomas já na faixa dos 30 anos.
4. Histórico familiar e genética
Existe um fator de risco associado ao desenvolvimento de muitas doenças quando existe um histórico familiar ou uma predisposição genética, e com o Alzheimer não é diferente. Estima-se que o risco de desenvolver seja maior quando um parente de primeiro grau, como pai, mãe e irmãos, tem a doença.
Algumas mutações, especialmente em três genes, garantem que uma pessoa que os herda desenvolverá a doença de Alzheimer, segundo cientistas. Embora a ligação genética familiar seja inexplicada, pesquisadores descobriram que o gene de maior risco é a apolipoproteína e4 (APoE4), mas vale considerar que sua existência não traz a certeza de que o seu portador irá desenvolver Alzheimer.
Felizmente, os impactos dessas mutações atingem menos de 5% de pessoas com a doença, um número relativamente baixo se comparado com outras causas.
5. Síndrome de Down
É fato que as pessoas com síndrome de Down são mais predispostas a desenvolver a doença de Alzheimer e isso pode acontecer porque um gene contido no cromossomo extra que causa a síndrome de Down aumenta significativamente o risco de doença de Alzheimer. Além disso, a doença costuma aparecer precocemente – geralmente é possível notar que pessoas com síndrome de Down experimentam os primeiros sinais e sintomas 10 e 20 anos antes, se comparado a população em geral.
6. Gênero
Acredita-se que o fato das mulheres viverem mais anos do que os homens as deixam mais propensas a desenvolver uma doença como o Alzheimer.
7. Comprometimento cognitivo leve
Comumente as pessoas com comprometimento cognitivo leve (CCL) apresentam problemas de memória ou outros sintomas de declínio cognitivo que são aumentados, se comparados a pessoas da mesma idade, mas não significa que essas pessoas serão diagnosticadas como demência. No entanto, aqueles com CCL demonstram um risco aumentado de desenvolver uma demência posteriormente, mas não é uma certeza.
Diante dos fatos, aplicar medidas para garantir um estilo de vida saudável e estratégias para compensar a perda de memória nesta fase pode ajudar a retardar ou até impedir uma possível progressão para demência.
8. Traumatismo craniano
As pessoas que já passaram por um traumatismo craniano grave apresentam um risco maior de desenvolver a doença de Alzheimer. Talvez pelos danos que foram provocados pela condição.
9. Hábitos e saúde do coração
Embora não exista um fator definitivo associado a uma redução dos riscos de desenvolver Alzheimer com o estilo de vida, algumas evidências indicam que as mesmas condições que impulsionam as chances de sofrer com a doença cardíaca, viabilizam o desenvolvimento do mal de Alzheimer. Esses fatores também estão ligados à demência vascular, causada principalmente por vasos sanguíneos danificados no cérebro.
10. Baixa aprendizagem ao longo da vida e falta de envolvimento social
A baixa escolaridade parece ser um fator de risco para a doença de Alzheimer. Muitos estudos têm associado o envolvimento com atividades mentais e sociais estimulantes ao longo da vida com menores chances de desenvolver a doença com o passar dos anos.
O fato das causas do desenvolvimento do Alzheimer não serem totalmente claras dificultam um diagnóstico definitivo da doença. Então, o médico usará as informações relatadas e alguns exames para definir se os sintomas resultam da doença de Alzheimer. Alguns recursos que poderão ser usados são:
É possível que algumas ou todas as abordagens citadas acima sejam repetidas posteriormente para medir se a memória e as funções cerebrais mudaram com o tempo. Vale lembrar que embora até o presente momento não exista um método especifico para diagnosticar, muitas pesquisas estão em andamento, então novos métodos de diagnóstico da doença podem estar disponíveis em breve.
A doença de Alzheimer geralmente inicia de forma leve e vai progredindo com o passar do tempo. Para definir a sua gravidade, é preciso identificar em qual estágio os sintomas estão encaixados.
Além disso, existem sete etapas ao longo de um contínuo declínio cognitivo, e elas estão baseadas na gravidade dos sintomas. A escala costuma variar entre um estado com poucos impactos, declínio leve e moderado, e um declínio extremamente severo.
Geralmente o diagnóstico fica claro a partir do estágio quatro, considerado leve ou em estágio inicial.
O tratamento do Alzheimer tem o objetivo de retardar a progressão da doença. Para isso, são usadas algumas abordagens:
– Medicação
Dois tipos de medicamentos são usados para tratar a função mental. Seu princípio ativo trabalha para inibir a colinesterase e memantina (Namenda).
Os inibidores da colinesterase ajudam as células a se comunicar de forma mais efetiva, e também diminuem a agitação e depressão, comuns nessa condição.
A Memantina (Namenda) interfere também na comunicação célula a célula, ajudando a retardar a progressão dos sintomas. Ela é um recurso usado quando a pessoa já apresenta sinais moderados ou graves e pode ser combinado com um inibidor de colinesterase.
– Mudanças de estilo de vida
Muitas abordagens podem ser adotadas em seu estilo de vida para ajudar a gerenciar alguns dos sintomas da doença de Alzheimer.
Vale lembrar que a ajuda de um familiar ou amigo é fundamental para garantir esse processo, pois as pessoas que sofrem com Alzheimer fatalmente esquecerão de tomar seus remédios ou comer, ou podem fazer isso mais do que é necessário.
A perda de memória, dificuldade de comunicação verbal, julgamento prejudicado e outras alterações cognitivas podem complicar o tratamento. Uma pessoa que sofre com a doença de Alzheimer pode não ser capaz de:
Conforme a doença avança para estágios mais severos, as alterações cerebrais começam a afetar as funções físicas, então é normal que as pessoas nessa condição enfrentem dificuldades para engolir, se equilibrar e até manter os controle sobre as funções da bexiga e intestinais. Além disso, essas dificuldades podem permitir o desenvolvimento de problemas subjacentes, como por exemplo:
Um paciente com Alzheimer precisa muito do apoio da família e das pessoas que estão ao seu redor, e isso pode representar um desafio físico, emocional e financeiro. Cuidar de alguém que sofre com a doença, principalmente em estágios mais debilitantes, pode irritar e comprometer as emoções, porque muitos cuidadores lidam com a culpa, a frustração e a tristeza pela perda do relacionamento.
Então, é importante que os envolvidos busquem um suporte para gerenciar e dividir essas responsabilidades e sentimentos.
Aprender sobre as causas do Alzheimer e tudo o que puder sobre a doença pode ser muito útil e pedir ajuda para amigos ou familiares para ter uma folga de vez em quando são boas opções, sem contar que ajudará a lidar melhor com tamanha responsabilidade que é cuidar de uma pessoa com Alzheimer.
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Li diversos tópicos relativos à saúde e alimentação,todos eles muito bem explicados e abordados,incluindo o tema sobre Alzheimer.Meus PARABÉNS.