Veja se podemos dizer que água fluoretada faz mal à saúde ou se não há maiores problemas relacionados ao seu consumo.
Em alguns lugares, substâncias que contêm o mineral fluoreto são adicionadas à água – dando assim origem à chamada água fluoretada – com o objetivo de prevenir a cárie dentária.
Isso porque ainda que toda água contenha alguma quantidade de fluoreto e algumas águas subterrâneas e fontes naturais possam ser originalmente ricas no mineral, geralmente o nível encontrado da substância na água não é suficiente para prevenir a cárie nos dentes.
No início do século XX, cientistas associaram altos níveis de fluoreto naturalmente presentes em abastecimentos de água a baixos níveis de cárie dental.
Quando estudos posteriores indicaram uma taxa expressivamente mais baixa de cáries em crianças em idade escolar, outras cidades aderiram à fluoretação da água. Além disso, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos classificou esse processo como uma das grandes conquistas em termos de saúde pública do século XX.
É aí que muita gente pode se perguntar: como uma água com fluoreto pode contribuir com a prevenção da cárie? Bem, acredita-se que o fluoreto auxilie a reconstruir e fortalecer a superfície do dente, também conhecida como esmalte. Mas o que será que isso tem a ver com a cárie?
É que quando uma pessoa consome comidas açucaradas, a bactéria presente na boca produz um ácido, que corríi os minerais que estão presentes justamente na superfície do dente, o que o torna mais fraco e aumenta as chances de desenvolvimento das cáries.
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Não podemos dizer que a água fluoretada para prevenir a cárie dentária seja uma unanimidade. Enquanto alguns se preocupam se a água fluoretada faz mal, outros questionam a sua eficiência em relação a saúde bucal.
Por exemplo, em seu artigo publicado na revista da Escola de Saúde Pública T.H. Chan da Universidade de Harvard, a PhD em genética Nicole Davis contou que muitos especialistas questionam as bases científicas do uso da fluoretação da água para combater as cáries.
Segundo ela, a Cochrane – uma rede independente e global de pesquisadores e profissionais de saúde conhecida pela produção de revisões científicas rigorosas de políticas de saúde pública – analisou 20 estudos principais a respeito da fluoretação da água.
“Eles observaram que enquanto a fluoretação da água é efetiva para reduzir a cárie dentária entre crianças, ‘nenhum estudo destinado a determinar a efetividade da fluoretação da água para prevenir as cáries em adultos atendeu os critérios de inclusão da revisão’”, destacou Davis.
A PhD em genética também apontou que a Cochrane concluiu que as investigações científicas iniciais sobre o tema – que foram conduzidas antes de 1975 – eram cheias de falhas. “Eles se mostraram preocupados com os métodos utilizados ou com a divulgação dos resultados em 97% dos estudos”, completou Davis.
“Um problema: os estudos iniciais não levaram em consideração o subsequente uso generalizado de pastas de dente com fluoreto e outros suplementos dentários com fluoreto. Isso pode explicar porque alguns países que não fluoretizam as suas águas também viram grandes quedas nos índices de cárie”, afirmou a articulista de Harvard.
O professor de saúde ambiental da Escola de Saúde Pública T.H. Chan de Harvard, Philippe Grandjean, comentou o artigo de Davis e afirmou que embora se deva reconhecer os efeitos benéficos do fluoreto no desenvolvimento dentário e na proteção contra as cáries, é preciso perguntar se acrescentar o mineral à água, de modo que ele entre na corrente sanguínea e possivelmente no cérebro, é realmente necessário.
“Para responder isso, nós temos que estabelecer três prioridades de investigação. Primeiro, já que as cáries dentárias diminuíram em países com e sem a fluoretação da água, nós precisamos nos certificar de que estamos dosando a nossa água com a quantidade apropriada de fluoreto para os propósitos da medicina dentária, porém, não mais”, declarou o professor.
“Segundo, nós precisamos ter certeza que a fluoretação não aumenta os ricos de efeitos adversos para a saúde. Será que a água fluoretada faz mal em alguma circunstância? Por que mecanismos o fluoreto pode ser tóxico ao cérebro em desenvolvimento? Terceiro, nós precisamos descobrir se existem populações altamente vulneráveis ao fluoreto na água – bebês que se alimentam na mamadeira com algo feito com água de torneira, por exemplo, ou pacientes que passam pela diálise. Se esses indivíduos estão em risco, a sua água tem que vir de uma fonte que é baixa em fluoreto”, completou Grandjean.
Para a American Dental Association (Associação Odontológica Americana, tradução livre), “mais de 70 anos de pesquisas científicas tem mostrado consistentemente que um nível ideal de fluoreto em águas comunitárias é seguro e efetivo na prevenção da cárie dentária em no mínimo 25% das crianças e adultos”.
Entretanto, em seu artigo publicado na revista da Escola de Saúde Pública T.H. Chan da Universidade de Harvard, a PhD em genética Nicole Davis informou que o fluoreto pode ser perigoso em níveis elevados.
Segundo ela, o excesso do mineral provoca a fluorose: um conjunto de mudanças no esmalte do dente que vai desde pintinhas brancas não muitos perceptíveis a manchas e furos.
O fluoreto também pode ficar concentrado nos ossos e estimular o crescimento de células ósseas, alterar a estrutura tecidual e enfraquecer o esqueleto.
“Talvez o mais preocupante seja a pesquisa preliminar feita em animais de laboratório que sugere que níveis elevados de fluoreto podem ser tóxicos ao cérebro e às células nervosas. Estudos epidemiológicos em humanos identificaram possíveis links com déficits de aprendizado, memória e cognição”, alertou Davis.
Ela assinalou que a maioria desses estudos focou-se em populações em que a exposição ao fluoreto é maior do que aquela que geralmente acontece com os abastecimentos de água dos Estados Unidos.
De acordo com uma matéria do Jornal da Universidade de São Paulo (USP), desde o ano de 1974 a legislação do Brasil obriga a fluoretação da água em todas as Estações de Tratamento de Água (ETAs).
No entanto, como não tivemos acesso aos estudos epidemiológicos citados pela PhD em genética, não sabemos se a exposição ao fluoreto que acontece no Brasil é similar à que ocorre nos locais onde as pesquisas foram conduzidas.
Quando investigamos se a água fluoretada faz mal à saúde, não podemos deixar de abordar a questão do câncer, um tipo de doença temida (e com razão) por muita gente.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, uma possível relação entre a água fluoretada e o risco do desenvolvimento de câncer tem sido debatida há anos. Na lista a seguir, separada por períodos, você vai conferir como esse debate caminhou ao longo dos anos, conforme dados fornecidos pela organização americana:
As informações são do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos.
Referências Adicionais:
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