Uma nova pesquisa sugere que comer mais carboidratos, como os encontrados em grãos integrais, produtos hortifrutigranjeiros e feijões, está associado a uma saúde melhor aos 70 anos.
Geralmente, é indicado cortar os carboidratos da dieta, principalmente para aqueles que querem perder peso ou reduzir o açúcar no sangue. No entanto, essa ação pode ser prejudicial, principalmente quando se trata de longevidade, de acordo com cientistas da Universidade Tufts.
O estudo, publicado no JAMA Network Open, acompanhou mais de 47.000 mulheres e descobriu que apenas 8% delas chegaram aos 70 anos sem problemas de memória, limitações físicas ou doenças graves como câncer e doenças cardíacas.
As mulheres que consumiram carboidratos de alta qualidade a partir dos 40 anos apresentaram maior probabilidade de se manterem saudáveis aos 70 anos.
Escolher os carboidratos de qualidade – como feijões, frutas vermelhas, verduras e aveia -, e abandonar os ultraprocessados, pode melhorar não apenas a saúde a curto prazo, mas também por décadas, sendo fundamenta para a longevidade.
“Todos nós já ouvimos que diferentes carboidratos podem afetar a saúde de maneiras diferentes, seja em relação ao peso, à energia ou aos níveis de açúcar no sangue”, disse Andres Ardisson Korat, principal autor do estudo e pesquisador da Universidade Tufts, em um comunicado à imprensa.
O profissional completa: “Mas, em vez de apenas analisar os efeitos imediatos desses macronutrientes, queríamos entender o que eles poderiam significar para uma boa saúde 30 anos depois”.
Os cientistas analisaram dados de enfermeiras a partir dos 40 e 50 anos, em três décadas de acompanhamento, a fim de comparar os hábitos alimentares e a evolução da saúde das participantes ao longo do tempo.
Eles observaram quem apresentou problemas de memória ou desenvolveu doenças como diabetes tipo 2 aos 70 anos, mas também avaliaram se as participantes permaneceram fisicamente aptas e mentalmente aguçadas. A definição deles de envelhecimento saudável incluía a capacidade de realizar tarefas cotidianas como caminhar, fazer tarefas domésticas e carregar compras, mas também praticar exercícios vigorosos moderados, como correr, levantar pesos ou praticar esportes.
Cerca de um terço das mulheres no estudo conseguiu evitar doenças crônicas aos 70 anos, e cerca de metade manteve boa memória, mas apenas cerca de 15% foram consideradas livres de limitações físicas.
Os pesquisadores descobriram que, na busca pela longevidade, mais proteína não é necessariamente melhor. Consumir 5% mais proteína em vez de carboidratos reduziu as chances de envelhecimento saudável no estudo. Carboidratos extras podem, na verdade, ser mais importantes, observaram os pesquisadores.
Comer 5% a mais de carboidratos, em vez de gordura saturada ou proteína animal, pode aumentar a probabilidade de um envelhecimento saudável, sugeriu o modelo de dados.
No estudo, foram notados diferentes efeitos, dependendo do carboidrato. Mulheres que consumiram mais carboidratos de alimentos ricos em fibras (vegetais, grãos integrais, frutas e feijões) tiveram maior probabilidade de envelhecer de forma saudável.
Como já era de se esperar, carboidratos refinados, como açúcares adicionados, doces e pizza, além de alimentos processados ricos em amido, como batatas fritas e chips de batata, foram associados a menores chances de envelhecimento saudável. Isso se deve, em grande parte, ao excesso de sal, açúcar e gordura em alimentos processados, que podem causar estragos na saúde se consumidos em excesso.
São necessárias mais pesquisas sobre o assunto, portanto, o estudo não pode afirmar com certeza se certos alimentos causam diretamente maior longevidade ou menor risco de doenças. ambém é limitado porque se baseia em pesquisas sobre o que os participantes comeram, o que pode ser pouco confiável, visto que as pessoas raramente têm uma lembrança exata de suas refeições e lanches.
Entretanto, os resultados ajudam a confirmar pesquisas em andamento sobre a melhor maneira de se alimentar para uma vida longa e saudável. Por enquanto, há evidências crescentes de que grãos integrais, feijões e produtos hortifrutigranjeiros são apostas seguras.
“Quanto mais entendermos sobre envelhecimento saudável, mais a ciência poderá ajudar as pessoas a viverem mais saudáveis por mais tempo”, concluiu Ardisson Korat.
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