De acordo com o dicionário, os agrotóxicos são produtos químicos utilizados no combate e na prevenção de pragas agrícolas, que previnem ou exterminam pragas ou doenças em plantações. Os fungicidas, herbicidas, inseticidas e pesticidas são conhecidos como os tipos de agrotóxicos mais utilizados.
Segundo o portal do Ministério da Saúde, os agrotóxicos são definidos no Brasil por Lei, como “produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos; substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento”.
Quanto mais água e menos fibras o alimento tiver, maior será sua concentração de agrotóxicos e de outras substâncias, o que também pode ser causado por adubos, que penetram não somente na casca mas em todo alimento. Morango, pimentão, pepino, tomate, alface, cenoura, abacaxi, beterraba e mamão são os alimentos que mais possuem agrotóxicos no Brasil. Mas será que há como tirar agrotóxico dos alimentos?
Você provavelmente já deve ser escutado, assistido ou lido alguma notícia negativa em relação aos agrotóxicos. Uma mostra disso é que o portal do Ministério da Saúde informa que o uso contínuo, indiscriminado e inadequado dessas substâncias é considerado um relevante problema ambiental e de saúde pública.
Segundo o portal, “os efeitos à saúde humana decorrentes da exposição direta ou indireta aos agrotóxicos podem variar de acordo (com) a toxicidade, tipo de princípio ativo, dose, tempo de exposição e via de exposição”.
Estudos realizados pelo aluno de doutorado em Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), Cleber Cremonese, indicam que parte dos agrotóxicos pode desregular o sistema endócrino, alterando os níveis de hormônios sexuais e provocando efeitos prejudiciais, especialmente para o sistema reprodutor.
Essas reações podem incluir câncer de mama, câncer de ovário, câncer de testículo, câncer de próstata, desregulação do ciclo menstrual, infertilidade, baixa na qualidade do sêmen e malformação de órgãos reprodutivos.
Em suas pesquisas, Cremonese avaliou moradores de Farroupilha (RS). Em um primeiro estudo, ele trabalhou com homens e mulheres adultos, trabalhadores rurais e seus familiares, que tinham entre 18 a 69 anos; no segundo, ele analisou jovens das zonas rurais e urbanas com idade entre 18 a 23 anos.
Para chegar aos resultados apontados, o doutorando coletou amostras de sangue e sêmen e aplicou questionários.
Ele concluiu que seus estudos sugerem que as exposições crônicas aos agrotóxicos interferem na regulação dos hormônios sexuais nos adultos e na qualidade do sêmen dos jovens nas regiões onde o estudo foi conduzido.
Cleber afirmou ainda que o uso dos agrotóxicos já foi associado a outros problemas de saúde como doenças neurodegenerativas como Parkinson, distúrbios cognitivos, transtornos psiquiátricos, alterações respiratórias e imunilógicas, problemas no fígado e nos rins e complicações na gestação como aborto, malformações congênitas e baixo peso ao nascer.
O doutorando defende intervenções de curto, médio e longo prazo para diminuir ou minimizar os problemas causados pelos agrotóxicos à saúde dos grupos de risco em relação aos efeitos dessas substâncias.
Trabalhadores rurais, de empresas do agronegócio, de fábricas formuladoras e desintetizadoras e de campanhas de saúde pública, além das pessoas que moram próximo a áreas de risco de formulação e uso de agrotóxicos são vulneráveis à exposição aos agrotóxicos.
Crianças, gestantes, mulheres que estejam amamentando, idosos e pessoas com a saúde debilitada fazem parte do grupo de pessoas que são mais suscetíveis aos efeitos dos agrotóxicos.
Com isso, saber como tirar agrotóxico dos alimentos torna-se algo bastante útil, não é mesmo?
Para quem pensa que dá para tirar agrotóxico dos alimentos apenas removendo a sua casca, temos uma má notícia: isso não é possível.
Mesmo que a casca do alimento seja retirada, os químicos que penetraram no alimento não podem ser removidos e acabam se acumulando no corpo humano ao longo dos anos, causando danos à saúde. Também não é muito bom remover a casca porque a maior parte das vitaminas encontra-se nela.
Uma sugestão para tentar tirar agrotóxico dos alimentos é lavar muito bem todas as frutas, legumes, verduras e hortaliças antes de consumi-los.
Recomenda-se lavar os alimentos na água corrente durante, no mínimo, um minuto e usar iodo 2% – 5 ml em 1 litro de água – bicarbonato – 1 colher de sopa para 1 litro de água – ou vinagre – 1 parte para 2 partes de água -, deixando de molho durante 30 minutos e lavando os alimentos após esse tempo. Também é aconselhado ferver os alimentos.
Embora a higienização diminua a quantidade de agrotóxicos, o procedimento não garante a eliminação total dessas substâncias.
Para o diretor médico do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Anthony Wong, quando se trata de um agrotóxico de superfície, em que a aplicação limitou-se à parte externa do alimento, na maioria das vezes, o risco é eliminado quando se lava bem o alimento.
Entretanto, o toxicologista destacou que quando houve a penetração do agrotóxico, fica mais difícil remover a substância. Wong explicou que, nesses casos, a fervura pode inativar a substância, porém, também alertou que existem agrotóxicos à base de zinco ou estanho, à base de metais, que não são inativados pela fervura.
Por isso, a melhor forma mesmo de se proteger e evitar a ingestão de agrotóxicos é optar pelos alimentos de agricultura biológica, que também são conhecidos por alimentos orgânicos, porque estes não contêm nenhum tipo de pesticidas, recomendam especialistas.
Outro conselho é criar a sua própria horta em casa de frutas, legumes, hortaliças e verduras, no terreno ou em vaso de plantas, utilizando somente produtos naturais – nada de agrotóxicos – para combater as pragas.
Também é possível fazer algum tratamento preventivo, inclusive homeopático, para eliminar os metais pesados tóxicos presentes nos agrotóxicos dos alimentos. Converse com o seu médico a respeito disso.
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