Medicamentos

Morfina: o que é, para que serve e efeitos colaterais

Publicado por
Dr. Lucio Pacheco

Você provavelmente já deve ter ouvido falar da morfina ou se assustado quando ficou sabendo que um familiar, amigo ou conhecido precisou dela. Isso porque ela é um medicamento da classe dos opioides que pode ser prescrito para o tratamento da dor severa. 

Os opioides são drogas fortes, similares a substâncias analgésicas (que atuam contra a dor) naturais produzidas pelo organismo, que recebem o nome de endorfinas. No organismo, os opioides bloqueiam as mensagens relativas à dor, impedindo que elas viajem pelos nervos, chegando até o cérebro.

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Considerada um remédio forte e com um potencial elevado para o abuso, a medicação pode ser utilizada somente sob um rigoroso acompanhamento médico.

Para que serve a morfina?

A morfina deve ser usada para casos severos de dor, somente quando outros medicamentos ou estratégias não são eficientes

A morfina deve ser usada para casos severos de dor, somente quando outros medicamentos ou estratégias para aliviar a dor não são eficientes ou não podem ser usados.

A substância pode ser prescrita para aliviar dores fortes, como aquelas provocadas por um trauma de grande porte, como um acidente, uma cirurgia, a dor relacionada ao câncer ou do parto.

Ela atua diretamente nos receptores de opioide no sistema nervoso central. A morfina diminui a sensação de dor ao interromper a sinalização de dor por parte dos nervos entre o cérebro e o corpo.

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Assim, o seu uso resulta em alívio da dor física, além de outros efeitos como a diminuição da fome e a inibição do reflexo de tosse. A morfina pode ser encontrada em diferentes dosagens e embora o seu uso tradicional fosse por meio de injeção, ela também está disponível para ser administrada pela via oral, por meio de líquido, comprimidos e cápsulas.

É fundamental utilizar a morfina exatamente do modo que foi prescrito pelo médico, o que inclui os cuidados com a dosagem, a frequência de uso, a duração do tratamento e a retirada do medicamento.

Quem já usa a morfina por mais do que um período curto, não deve parar de usar a medicação repentinamente. A recomendação é que a quantidade usada do remédio seja gradualmente reduzida, sempre sob o cuidado e orientação do médico. Isso é necessário para diminuir o risco de que ocorram sintomas de abstinência.

Efeitos colaterais

Todos os opioides, como a morfina, podem ter efeitos colaterais que incluem uma dificuldade respiratória que pode ser fatal. 

O risco desses problemas é maior quando a pessoa toma morfina pela primeira vez, depois que a dosagem aumenta, se o paciente já for mais velho e/ou se ele já tiver um problema no pulmão.

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A lista de efeitos colaterais comuns da morfina inclui a constipação (prisão de ventre) e o mal-estar. Já as chamadas reações ocasionais do medicamento abrangem:

  • Sentir-se confuso
  • Sonolência
  • Dificuldade para dormir
  • Tontura
  • Dores de cabeça
  • Sacudida ou solavanco repentino do corpo, devido a contrações musculares
  • Fraqueza e cansaço extremo
  • Perda de apetite
  • Pele com coceira ou erupção

Há ainda uma lista de efeitos colaterais raros da morfina, que inclui:

  • Sentir-se agitado
  • Ver ou escutar coisas que não existem
  • Alterações de humor, que incluem sentir-se muito feliz ou confiante
  • Convulsões
  • Rigidez ou movimentos repentinos dos músculos
  • Formigamento ou dormência na pele
  • Desmaio
  • Problemas oculares como visão borrada
  • Sensação de que o local está girando (vertigem)
  • Problemas cardíacos, como palpitações e pressão alta ou baixa
  • Vermelhidão na face
  • Acúmulo de fluido nos pulmões
  • Respiração lenta e superficial
  • Mudanças no paladar
  • Indigestão
  • Diminuição na movimentação intestinal que pode provocar dor de barriga
  • Níveis altos de enzimas hepáticas detectados em exames de sangue
  • Incapacidade de esvaziar a bexiga
  • Inchaço devido ao acúmulo de fluido nos braços ou pernas

A morfina afeta cada pessoa de modos diferentes. É muito improvável que alguém tenha todas essas reações, mas é possível ter algumas ao mesmo tempo ou até mesmo nenhuma.

A frequência e a gravidade dos efeitos colaterais da morfina também podem variar de pessoa para pessoa. Além disso, eles também podem depender dos outros tipos de tratamento que o paciente está recebendo.

Se a dor não estiver sendo bem controlada pela morfina ou se a medicação estiver fazendo o paciente se sentir mal ou causando efeitos colaterais (incluindo algum sintoma que não foi listado acima), é fundamental informar o médico de imediato sobre isso, especialmente se as reações forem graves, não melhorarem ou piorarem.

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Isso é fundamental porque um tratamento precoce pode ajudar a controlar melhor os efeitos colaterais.

Confusão, sonolência excessiva e outros sintomas podem ocorrer entre os efeitos colaterais

Outros riscos e cuidados

A morfina representa problemas para a execução de atividades como dirigir ou operar um maquinário pesado. Quem começou a tomar um medicamento opioide, como é o caso da morfina, recentemente ou teve a sua dose alterada, pode apresentar um risco maior de sofrer um acidente.

Além disso, no caso dos pacientes que têm problemas nos rins ou uma função renal prejudicada, o médico precisa ajustar a dose de morfina. É importante ainda não engravidar durante o tratamento com morfina, pois ele pode prejudicar o desenvolvimento do bebê no útero.

Outros aspectos limitam o uso da morfina, como o fato de consumir álcool ou tomar outros medicamentos que possam causar sonolência.

Dependência

Quem usa morfina pode tornar-se dependente da substância, mesmo que a tome exatamente como foi prescrito pelo médico e apenas por um curto espaço de tempo. Entretanto, é provável de ocorrer com pessoas que têm problemas com álcool ou com o uso de drogas.

É por isso que é tão importante que o médico monitore de perto o uso da morfina para reduzir os riscos de que ela faça mal, inclusive por meio do uso indevido, abuso e vício.

Overdose

Ao usar uma quantidade excessiva de morfina, no que se chama de overdose, é fundamental procurar ajuda médica imediatamente, pois a overdose de opioides é conhecida por poder fazer com que uma pessoa pare de respirar.

Os sintomas dessa overdose incluem sentir-se sonolento, dificuldade para respirar e perda de consciência. 

Assim, se uma pessoa não estiver respirando, não estiver respondendo ou se houver a suspeita de uma overdose de morfina ou outro opioide, a emergência médica deve ser acionada na hora.

Tolerância

É possível ainda desenvolver uma tolerância ao usar a morfina. Isso significa que o paciente pode precisar de dosagens maiores do opioide para ter o mesmo efeito. O problema é que com o aumento da dose, o risco de reações adversas também aumenta.

Fontes e referências adicionais
  • Morphine, Cancer Research UK.
  • Morphine, Healthdirect Australia.
  • Morphine, United States Drug Enforcement Administration.

Você já precisou tomar morfina alguma vez? Foi em que situação? Comente abaixo!

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Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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