O número de diagnósticos de diabetes cresceu significativamente nos últimos anos, inclusive entre as crianças. No entanto, o mais alarmante é que muitas delas são portadoras de diabetes tipo 2, que é mais comum entre os adultos e causada principalmente pela obesidade.
Diante desse cenário, conhecer os sintomas iniciais de diabetes infantil, assim como as principais causas, pode ajudar a traçar um diagnóstico precoce e iniciar o tratamento necessário, assim como as mudanças no estilo de vida e alimentação para permitir o gerenciamento da doença e evitar o desenvolvimento de problemas graves para a saúde.
Quando nos alimentamos o corpo converte os carboidratos em glicose (açúcar) e esse processo faz com que o pâncreas libere um hormônio chamado insulina. Ela é uma espécie de condutor, que ajuda a glicose a entrar nas células do sangue para gerar energia para o cérebro, músculos e tecidos.
Quando o organismo não produz insulina suficiente, ou não faz isso de forma eficaz, o corpo pode sofrer com irregularidades na absorção dos níveis de açúcar no sangue e esse distúrbio é conhecido como diabetes. Ela costuma ser classificada como 1 e 2, conforme você verá a seguir:
Os sintomas de diabetes pode variar entre os tipos, mas a maioria apresenta sinais comuns.
Diabetes tipo 1
A diabetes tipo 1 em crianças ou adolescentes costuma apresentar sintomas iniciais em um curto espaço de tempo, e os mais comuns incluem:
Diabetes tipo 2
Os sintomas iniciais de diabetes infantil tipo 2 nem sempre são fáceis de detectar. Na maioria dos casos, a doença se desenvolve gradualmente, e o sinais podem demorar meses ou até anos para serem percebidos. Por esse motivo, é importante conhecer quais são para ajudar a fazer o diagnóstico precoce.
Assim como acontece no tipo 1, a diabetes tipo 2 é marcada principalmente pela presença do aumento da sede e micção frequente, fome excessiva, fadiga e pela presença de infecções fúngicas. No entanto, dois sintomas diferentes podem acontecer:
Diabetes tipo 1
Infelizmente, a causa exata de diabetes tipo 1 é desconhecida. No entanto, o sistema imunológico é apontado como a causa mais provável, pois ele pode destruir erroneamente as células produtoras de insulina localizadas no pâncreas e conhecidas como ilhotas. Quando as células das ilhotas do pâncreas são destruídas, a criança ou o adolescente produz pouca ou nenhuma insulina.
Fatores de risco
Diabetes tipo 2
Na diabetes tipo 2, os fatores que desencadeiam a doença já são mais claros. Veja a seguir:
Diante de uma suspeita de diabetes infantil, o médico pediatra provavelmente recomendará a realização de exames para conseguir definir um diagnóstico. Existem vários exames de sangue para diabetes.
1. Teste de açúcar no sangue em jejum
Para realizar o exame, uma amostra de sangue é coletada depois de um período de jejum de pelo menos oito horas, ou durante a noite. Os valores de açúcar no sangue são expressos em miligramas por decilitro (mg/dL) ou milimoles por litro (mmol/L).
Valor de referência:
2. Teste de hemoglobina glicada (A1C)
Esse exame indica o nível médio de açúcar no sangue nos últimos dois ou três meses. Ele tem a capacidade de medir a porcentagem de açúcar no sangue ligada à proteína transportadora de oxigênio nos glóbulos vermelhos (hemoglobina). Quanto mais altos os níveis de açúcar no sangue, mais hemoglobina ligada ao açúcar terá.
Valor de referência:
3. Teste oral de tolerância à glicose
Uma amostra de sangue é coletada após um jejum mínimo de oito horas ou aquele realizado durante a noite. Para iniciar o exame o paciente bebe uma solução açucarada e a partir daí tem seus níveis de açúcar medidos periodicamente nas próximas horas.
Valor de referência:
4. Teste aleatório de açúcar no sangue
Uma amostra de sangue é coletada independente do horário da última refeição.
Valor de referência:
5. Testes adicionais
Caso o diagnóstico de diabetes infantil tenha sido confirmado através de um ou mais exames, o médico que acompanha a criança ou jovem recomendará a realização de testes para identificar se o tipo predominante é o 1 ou 2.
É fundamental que o diagnóstico identifique se o tipo da diabetes infantil é o 1 ou 2. Esse ponto é importante para distinguir o tratamento, que é diferente para cada caso. Por exemplo, o tratamento para diabetes tipo 1 é feito permanentemente e inclui monitoramento do nível de açúcar no sangue, terapia com insulina, dieta saudável e exercícios regulares, inclusive para as crianças.
O acompanhamento médico também é constante, especialmente em casos de diabetes na adolescência, pois esse período é marcado por muitas mudanças e requer adaptações nas abordagens de tratamentos. Já a diabetes tipo 2 pode ser controlada apenas com mudanças nos hábitos, especialmente na alimentação, porém em alguns casos é necessário fazer uso de medicamentos.
Muitas pessoas questionam se diabetes infantil tem cura, mas a verdade é que infelizmente ela ainda não foi descoberta. É claro que a ciência está avançando consideravelmente e tudo indica que nas próximas décadas uma cura será descoberta para a doença, mas até o momento não há um posicionamento definitivo.
Porém, algumas pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 2 podem experimentar a remissão da doença quando realizam o tratamento de forma rigorosa e assistida. No entanto, essa condição não é uma regra e não isenta os cuidados com a alimentação e prática de atividades físicas.
A alimentação para diabetes infantil é focada para manter os níveis de açúcar no sangue dentro de uma faixa normal. Nesse cenário, é necessário conhecer os alimentos e a quantidade de carboidratos que eles oferecem, além de controlar a ingestão, os horários e realizar uma contagem para não ultrapassar a quantidade recomendada.
Felizmente, existem muitos alimentos saudáveis que podem ser consumidos por quem tem diabetes infantil ou diabetes na adolescência, permitindo que mesmo diante das restrições, ela seja uma criança normal.
– Laticínios
As crianças precisam de alimentos como leite, iogurte e queijo, por exemplo, para atender as suas necessidades de cálcio, potássio, proteína e outros nutrientes. No entanto, é fundamental ler os rótulos para entender a quantidade de gorduras, considerando que é preciso limitar a ingestão das saturadas.
O Dietary Guidelines for Americans (Diretrizes Dietéticas para Americanos – tradução livre) recomenda laticínios com baixo teor ou sem gordura como parte de uma alimentação saudável para crianças com diabetes infantil.
– Frutas
Todas as frutas podem ser incluídas na dieta para diabetes infantil. Por exemplo, uma fruta pequena, como um pêssego, maçã, laranja ou uma xícara de melancia, melão, framboesa ou outra fruta cortada contém aproximadamente 15 gramas de carboidratos.
Se preferir as versões secas, elas precisam ser isentas de açúcar, e duas colheres de sopa de cranberries secas ou passas, carregam aproximadamente 15 gramas de carboidratos. As frutas enlatadas ou congeladas também podem ser consumidas, desde que não contenham açúcar.
Já o suco, mesmo sendo da fruta, deve ser consumido de forma controlada. Esse cuidado é importante porque ele não carrega as fibras, que são fundamentais para ajudar o corpo a absorver os carboidratos de forma mais lenta.
– Legumes
Os vegetais são boas opções para consumir na diabetes infantil porque a maioria tem uma contagem de carboidratos bastante baixa. Uma xícara de pepino cortado tem menos de 4 gramas de carboidratos, enquanto uma xícara de tomate cereja tem cerca de 6 gramas.
Isso significa que consumir até 2 xícaras de vegetais crus ou uma xícara de cozidos não entra na contagem total de carboidratos, porque a alta quantidade de fibra presente nesses alimentos tem um impacto mínimo nos níveis de açúcar no sangue. Além disso, os pepinos, pimentões, aipo, brócolis e couve-flor podem ser cortados em pedaços pequenos, e usado como opções para lanches e petiscos.
– Vegetais amiláceos
Vegetais ricos em amido como as batatas, abóbora, milho e ervilhas somam uma contagem maior de carboidratos do que outros vegetais. Aproximadamente 1/2 xícara contém cerca de 15 gramas e por isso devem ser tratados de forma diferente na dieta para diabetes infantil.
Os feijões e lentilhas também contêm cerca de 15 gramas de carboidratos em 1/2 xícara, mas em contrapartida eles fornecem uma fibra solúvel essencial para as crianças. Sem contar que ajuda a retardar a digestão, evitando os picos de açúcar no sangue depois das refeições.
– Proteínas
Se consumidas de forma moderada, dentro de uma refeição balanceada, elas não aumentam o açúcar no sangue. Elas contêm gorduras e por isso é fundamental escolher bem o tipo que entrará no cardápio. Optar por um corte de frango magro, carne bovina, peru, peixe e carne de porco são boas opções.
As proteínas vegetais também podem ser consumidas, mas elas podem conter carboidratos. Por exemplo, as nozes contêm níveis relativamente baixos de carboidratos por porção e fornecem fibras saudáveis. O tofu contém apenas 2 gramas de carboidratos em uma porção de 85 gramas, mas tem menos calorias e gordura saturada do que muitas proteínas animais. Além disso, os queijos com pouca gordura e os ovos são outras fontes de proteína para variar o cardápio.
– Grãos
Os grãos contribuem com carboidratos e fibras, mas a quantidade irá variar de acordo com o alimento. Então, as melhores escolhas são aquelas que contêm grãos integrais, pois eles são embalados com fibras e devem representar pelo menos a metade do consumo diário total de grãos. Boas opções são aveia, pipoca, quinoa, pães integrais, massas e cereais. Uma fatia de pão integral, 2 xícaras de pipoca ou 5 bolachas integrais contêm aproximadamente 15 gramas de carboidratos.
Um estudo publicado pela “Nutrition Journal” em janeiro de 2016 relatou que um maior consumo de grãos integrais eleva a qualidade geral da dieta tanto em adultos quanto em crianças.
– Doces
A criança com diabetes infantil pode sim comer doce, mas esporadicamente e de forma controlada. Quando forem consumidos, eles devem ser incluídos na contagem diária de carboidratos e o açúcar no sangue deve ser monitorado de perto.
Após um diagnóstico de diabetes infantil, é comum receber o apoio de uma equipe de profissionais e possivelmente entre eles estará um nutricionista. Receber uma orientação de um profissional especializado é fundamental porque geralmente a dieta é individualizada.
Por exemplo, o plano alimentar é elaborado conforme o peso, crescimento, idade e nível de atividade da criança. Além disso, as crianças que praticam esportes podem precisar de lanches extras para evitar a hipoglicemia, enquanto aquelas com excesso de peso podem precisar focar a alimentação para controlar.
Planejar as refeições é uma forma de controlar os níveis de açúcar no sangue e garantir um crescimento saudável.
As crianças ou adolescentes podem apresentar dificuldade e até resistência em fazer as mudanças necessárias para prevenir ou controlar a diabetes infantil. Para facilitar o processo, relacionamos algumas dicas para ajudar:
Descobrir que seu filho tem diabetes pode ser assustador, porém o diagnóstico não impede a criança ou o adolescente de participar da maioria das atividades com seus amigos, embora alguns cuidados específicos sejam necessários.
Uma equipe de tratamento poderá ensinar a administrar os medicamentos e também trazer dicas de como se alimentar em diferentes situações, como festas, prática de esportes ou exercícios. E sempre que possível permita que as crianças convivam com outras pessoas que tem diabetes, pois isso possibilitará que eles troquem experiências importantes.
Assista ao vídeo abaixo para continuar a aprender sobre a diabetes!
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