A gastrostomia é um procedimento cirúrgico que consiste em uma abertura através da parede abdominal, que dá acesso ao interior do estômago, para permitir a administração da dieta, ou seja, de alimentos e de líquidos.
Este método é bastante útil para tratar pessoas que têm o sistema digestivo funcional, porém não podem ou não conseguem se alimentar por via oral. Em situações assim, diz-se que a pessoa recebe uma nutrição enteral, por meio da qual a dieta líquida é administrada diretamente ao estômago, através de uma sonda (um pequeno tubo flexível) ligada à gastrostomia.
As refeições líquidas podem ser preparadas com a trituração dos alimentos sólidos ou pela preparação de fórmulas específicas. Em ambos os casos, é importante contar com a orientação de um nutricionista, para fazer o cálculo da necessidade calórica da pessoa em tratamento e, assim, indicar os alimentos e as quantidades ideais.
Veja a seguir quando a gastrostomia é indicada, como ela é feita, como deve ser o pós-cirúrgico, quais são os cuidados que se deve ter com a sonda, as possíveis complicações da gastrostomia, como usar a sonda para alimentar uma pessoa e como deve ser a comida.
A gastrostomia é indicada para a nutrição de pessoas que estão impossibilitadas de se alimentar pela boca ou que não conseguem ingerir as calorias diárias necessárias, para a manutenção de seu metabolismo, correndo o risco de ficarem desnutridas.
Para que a gastrostomia seja indicada, é preciso que o estômago e o intestino estejam funcionando bem e que o problema seja restrito à deglutição dos alimentos.
Dessa forma, o objetivo com a gastrostomia é impedir que a pessoa fique desnutrida, quando estiver passando por condições que afetam sua capacidade de alimentação por via oral, como:
Além disso, crianças pequenas podem precisar de uma gastrostomia, quando não conseguem se alimentar pela boca por um período superior a um mês.
Geralmente, esses são casos de disfagia, que é a dificuldade em engolir alimentos líquidos e sólidos. Quando a criança ou o adulto tem um problema desse tipo, ela engasga e aspira alimentos e saliva para os pulmões.
Quando a condição clínica que causa dificuldade para engolir é passageira e o paciente volta a conseguir a se alimentar pela boca, como numa recuperação pós-cirúrgica, a gastrostomia pode ser um método de nutrição temporário, podendo ser revertida, ao se resolver o problema de saúde.
Em alguns casos, porém, a gastrostomia pode ser uma via de nutrição utilizada por muitos anos, até mesmo durante o resto da vida.
O procedimento cirúrgico realizado para criar a abertura artificial externa do estômago requer uma incisão no epigástrio da pessoa, que é a parte média-superior (acima do umbigo) do abdômen.
Antes da cirurgia, é administrada a anestesia geral, ou um remédio sedativo, para provocar sono no paciente e anestesiar a sua pele, de modo que o tubo possa ser colocado sem causar desconfortos.
Esse procedimento pode ser realizado de duas formas:
Primeiramente, é inserida uma sonda pelo nariz (sonda nasogástrica) ou pela boca (sonda orogástrica), que chega até o estômago. Com isso, se enche o estômago de ar.
Depois disso, a região do abdômen onde será feita a incisão é limpa e isolada. Com o auxílio das imagens geradas pela radiografia ou ultrassonografia, o médico ou médica cirurgião faz uma incisão na pele da pessoa. A partir dessa abertura, se perfura também o estômago.
O orifício aberto na pele é chamado de estoma, que tem aproximadamente o diâmetro de um lápis. No estoma é colocada a sonda que faz a conexão do meio externo com o interior do estômago.
O tempo de internação varia de acordo com a idade e com o estado de saúde da pessoa. A cicatrização do estômago e da pele onde houve a incisão demora, em média, de cinco a sete dias.
Após a cirurgia, a pessoa é observada, quanto à frequência cardíaca e pressão arterial durante um período de aproximadamente quatro horas.
Nas primeiras 24 horas após a cirurgia, a sonda ainda não pode ser utilizada para alimentar o paciente, o que deve ser feito por via intravenosa (pela veia).
Quando o médico constata que há ruídos no sistema gastrointestinal, o que é sinal de que está funcionando, a pessoa pode começar a receber pequenas doses de alimento pela sonda, que vão sendo aumentadas gradativamente.
No hospital, você vai aprender com a equipe de enfermagem a como cuidar da ferida feita na gastrostomia. Esse cuidado é muito importante, para evitar que haja infecções microbianas no local e inflamação.
Para evitar a infecção, é preciso lavar o local cuidadosamente, com água morna, gaze estéril e sabão com pH neutro.
Além disso, o paciente deve usar roupas apertadas que pressionem a abertura da gastrostomia, e nem passar cremes perfumados ou outro tipo de produto químico na pele.
O médico orientará quanto à necessidade de rodar a sonda, ao lavar o local da gastrostomia.
Geralmente, é preciso fazer esse procedimento uma vez ao dia, para evitar que a sonda se fixe na pele e cause ranhuras e aberturas, que facilitam o surgimento de uma infecção.
Embora raras, podem ocorrer complicações, como hemorragia, peritonite, que é uma infecção dentro da cavidade abdominal, e danos ao cólon.
Outras possíveis complicações da gastrostomia são:
Ao notar qualquer uma dessas complicações, é fundamental comunicar imediatamente o médico ou procurar atendimento em um serviço de saúde, para ver se é necessário fazer alguma intervenção.
O médico também deve ser informado rapidamente quando o tubo sair, se houver muita drenagem ao redor do tubo, principalmente se também houver pus, se o paciente tiver febre de 37,8º C ou mais ou se ocorrer dor de intensidade forte com a alimentação.
Caso precise ir ao hospital ou pronto-socorro devido a uma emergência, recomenda-se que o paciente forneça todas as informações úteis que tiver a respeito da sua gastrostomia, como a data em que ela foi feita, o tamanho do tubo, o tipo de tubo, a cópia do laudo da realização do procedimento e o contato da clínica responsável.
Se a sonda da gastrostomia for puxada acidentalmente, a orientação é levá-la junto ao hospital ao pronto-socorro.
As chances de complicações pós-cirúrgicas, como em qualquer outra cirurgia, são maiores nos seguintes grupos de risco:
O uso de alguns medicamentos antes da cirurgia também pode contribuir para complicações pós-cirúrgicas, por isso é fundamental seguir corretamente todas as instruções dadas pelo médico. Normalmente, as classes de medicamentos contraindicados são:
Para alimentar uma pessoa usando a sonda de gastrostomia, são necessários alguns cuidados:
A comida deve ser bem triturada e ter consistência líquida, para não obstruir a sonda. Para evitar os pedaços maiores, coe a mistura antes de inseri-la na seringa.
Os alimentos inseridos nessa dieta líquida através da sonda sempre devem ser orientados por um nutricionista, a fim de evitar carências nutricionais.
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