Embora muitos nunca tenham ouvido falar do músculo piriforme, ele é indispensável para que você ande, corra e até mesmo seja capaz de virar o corpo ou trocar o lado de apoio do peso do corpo quando está em pé. Assim, qualquer tipo de dano que afeta esse músculo acaba afetando negativamente o nosso dia a dia.
A síndrome do piriforme é uma condição neuromuscular que causa muita dor principalmente na região do quadril, podendo afetar também o nervo ciático. Difícil de ser diagnosticada devido à semelhança com outras doenças, é preciso que um médico seja capaz de identificar os sintomas característicos da condição e realizar um diagnóstico preciso.
Além de mostrar quais são esses sintomas, vamos trazer informações gerais sobre a síndrome e também as formas de tratamento disponíveis atualmente.
De acordo com pesquisa publicada em 2018 na revista científica The Journal of the American Osteopathic Association, a síndrome do piriforme é uma doença que não é reconhecida facilmente e que algumas vezes pode ser diagnosticada de forma errada. É estimado que ao menos 6% dos pacientes diagnosticados com lombalgia na verdade sofrem da síndrome.
A dificuldade de diagnosticar a condição precocemente acaba gerando complicações no nervo ciático e causando fraqueza muscular e muita dor.
Conhecida também como pseudociática devido à dor que pode ser sentida no nervo ciático, a síndrome do piriforme é constantemente relacionada à execução de movimentos repetitivos. Assim, é muito comum em jogadores de tênis e maratonistas profissionais, por exemplo.
O diagnóstico é muito importante para identificar a gravidade do problema, já que a síndrome do piriforme pode ser uma condição crônica, uma lesão ou uma fonte recorrente de dor.
Localizado na região dos glúteos, o músculo piriforme fica logo atrás do glúteo máximo e se estende da base da coluna até o topo do fêmur, osso da parte superior da perna. É por isso que pessoas com síndrome do piriforme sentem dores nas nádegas, nos quadris ou na parte inferior das costas. Sua função é atuar na estabilização da articulação do quadril e auxiliar na execução dos movimentos de rotação do quadril e de girar as pernas e os pés para longe do centro do corpo.
Como esse músculo começa na parte inferior da coluna e se conecta na parte superior do fêmur, é possível que o músculo piriforme inflamado também irrite o nervo ciático devido à grande proximidade entre eles, podendo causar dor, formigamento e dormência nos membros inferiores, assim como ocorre na dor ciática.
A síndrome do piriforme geralmente ocorre por causa de uma compressão ou contração do músculo piriforme, que pode ser desencadeada pelos seguintes motivos:
Todas as possíveis causas mencionadas acima são muito difíceis de identificar e têm relação com a localização do músculo. Por ficar muito próximo do nervo ciático, qualquer tipo de espasmo, inchaço ou inflamação no músculo piriforme pode pressionar o nervo ciático e causar muita dor.
Alguns fatores de risco para o desenvolvimento da condição incluem:
Os primeiros sintomas da síndrome do piriforme costumam ser:
Os seguintes sinais também podem ser observados:
Esses sintomas podem ocorrer sem interrupção, podem ir e voltar ou serem sentidos apenas ao realizar movimentos específicos como correr, sentar, subir escadas ou qualquer tipo de movimento que pressione o músculo piriforme de alguma maneira.
Em casos mais graves, a dor é tão grande que a pessoa pode não conseguir se locomover ou realizar tarefas consideradas simples. É preciso buscar ajuda médica o mais rápido possível para aliviar a dor e diagnosticar o problema.
O diagnóstico da síndrome do piriforme é muito complicado porque os sintomas se assemelham muito aos de outras condições de saúde como a dor no ciático, a lombalgia e a hérnia de disco.
Além da análise crítica dos sintomas e do histórico médico, também é importante relatar à equipe médica qualquer tipo de queda ou trauma que você possa ter sofrido nos últimos meses. O médico também fará um breve exame físico que consiste em pedir para que você execute alguns movimentos e informe onde dói e qual é a intensidade da dor.
Depois dessa análise inicial, alguns testes podem ser requisitados para excluir outras possibilidades de doenças. Como ainda não existe um exame específico e confiável para detectar a condição, o diagnóstico é feito através da eliminação de outras possíveis causas dos sintomas. Alguns dos testes que podem ser solicitados incluem:
Embora o teste FAIR seja, até hoje, o mais próximo de obter um diagnóstico preciso, ele é executado pelo médico e precisa da colaboração do paciente para informar com exatidão onde a dor está sendo sentida. Além disso, nem todos os médicos têm o treinamento adequado para executar o exame.
O tratamento da síndrome do piriforme pode ser feito através do uso de medicamentos como anti-inflamatórios não-esteroides, relaxantes musculares, compressas de gelo, descanso e de terapias não farmacológicas como é o caso do tratamento manipulativo osteopático.
Além disso, alguns exercícios físicos podem e devem ser executados pelo paciente para fortalecer a musculatura orientados por um profissional da educação física ou por um fisioterapeuta.
Se nenhum tratamento funcionar, é possível realizar uma intervenção cirúrgica.
Profissionais especialistas que podem ser peças-chaves para um tratamento adequado incluem ortopedistas, fisioterapeutas, quiropráticos, osteopatas, terapeutas ocupacionais e cirurgiões. Assim, é possível prevenir traumas permanentes na região do piriforme e evitar a recorrência da condição.
O tratamento geralmente é baseado em 3 fases: fase aguda, fase de recuperação e fase de manutenção.
1. Fase aguda
Essa é a fase crítica em que o paciente acabou de ser diagnosticado e sente muita dor. Nessa fase, é recomendado repouso e sessões leves de fisioterapia para alongar o músculo por meio de movimentos simples de flexão e rotação.
Nessa etapa, também são recomendadas terapias para promover alívio da dor como massagens terapêuticas, uso de compressas frias e estímulos elétricos em alguns casos.
Dependendo da intensidade da dor, o paciente pode tomar analgésicos, anti-inflamatórios não-esteroides, relaxantes musculares, corticosteroides, opiáceos ou injeções de anestésicos como a lidocaína, desde que prescritos por um médico.
2. Fase de recuperação
Nesta fase, o paciente já sente menos dores e consegue realizar todos os movimentos com mais facilidade. A fisioterapia se torna mais intensa nesse momento para fortalecer os músculos piriformes e corrigir qualquer tipo de uso excessivo ou estresse na região.
Os medicamentos da fase aguda continuam sendo válidos, mas em doses menores e com menor frequência estabelecida pelo médico.
3. Fase de manutenção
Na fase de manutenção, não existe mais dor e é preciso seguir um plano de exercícios preventivo para aumentar a estabilidade dos músculos e articulações pélvicas.
Nesta fase, os medicamentos podem ser dispensados e a progressão dos exercícios deve ser feita aos poucos e sob orientação de um profissional.
Algumas pessoas podem obter benefícios ao optar por tratamentos alternativos ou complementares como acupuntura ou manipulação quiroprática para a síndrome do piriforme.
Injeções de botox também parecem ser úteis para reduzir os espasmos musculares e aliviar as dores na fase aguda.
A intervenção cirúrgica é a última opção e deve ser muito bem avaliada pelo médico. A cirurgia consiste em cortar o tendão do músculo piriforme onde ele se conecta ao quadril ou cortar um pedaço do músculo piriforme para aliviar a pressão sobre o nervo ciático. Raramente esse procedimento é necessário.
Se identificada no início, o tratamento é bastante eficaz e dentro de alguns meses não há mais sintomas. No entanto, se a condição não for tratada, o problema pode se tornar crônico e exigir tratamento para o resto da vida.
Para evitar que você desenvolva síndrome do piriforme, é indicado tomar cuidado com a execução de movimentos repetitivos e evitar traumas na região. Já para evitar a reincidência do problema, é indispensável seguir as orientações médicas e realizar exercícios de alongamento, fortalecimento muscular e flexibilidade.
Outras dicas para prevenir o uso excessivo do músculo piriforme incluem:
As dicas de alongamentos e exercícios a seguir podem servir tanto para ajudar no tratamento como na prevenção da síndrome do piriforme. No entanto, durante o tratamento, qualquer tipo de exercício ou alongamento deve ser acompanhado ou orientado por um profissional, e ao sentir muita dor, interrompa a atividade.
Os movimentos são os seguintes:
Esses exercícios são seguros pois você fica deitado com a coluna bem estabilizada. Se estiver se recuperando, peça orientações de um profissional sobre outros alongamentos que você pode fazer sem colocar pressão desnecessária sobre o músculo piriforme.
Aplicar compressas quentes e frias alternadamente pode ajudar a melhorar o fluxo sanguíneo e acelerar o processo de cicatrização. Assim, tente aplicar uma compressa quente sobre o músculo dolorido durante 20 minutos, fazer uma pausa e trocar por uma compressa fria por mais 20 minutos. Porém, é importante perguntar ao seu médico se isso pode ser feito, já que se houver uma grande inflamação em curso, a compressa quente pode piorar a dor.
Apesar de o repouso ser recomendado, também é importante se movimentar de vez em quando. Mesmo que ainda seja desconfortável, tente se manter em movimento quando possível.
Executar exercícios de fortalecimento do músculo piriforme como extensão e abdução do quadril ajuda a evitar a reincidência da condição e a aliviar a dor, desde que executados de acordo com seus limites físicos.
É importante que você colabore com os profissionais da saúde para realizar o diagnóstico corretamente e para que o tratamento seja o mais eficaz possível. Uma vez diagnosticada, a síndrome do piriforme pode ser revertida, basta seguir as orientações médicas e buscar meios de se manter ativo.
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