Os altos níveis de cetonas no sangue são resultado da produção ineficaz de insulina, que tem o papel de ajudar o açúcar do sangue a entrar nas células. Sem insulina suficiente, o corpo começa a converter a gordura em combustível, e o processo causa um acúmulo de ácidos na corrente sanguínea chamada de cetonas, levando eventualmente à cetoacidose diabética, se não tratada.
Essa acidez, no entanto, é extremamente desfavorável para o organismo, porque a maioria das reações químicas que acontecem a cada segundo em nossas células depende de uma faixa muito estreita de pH.
A cetoacidose diabética é uma complicação aguda bastante grave da diabetes mellitus. No diabetes tipo 1, ela pode ser consequência do aumento da necessidade de insulina por causa de infecções, traumas, infartos e cirurgias. Enquanto que no tipo 2 ela pode ocorrer sob condições graves como a sepse, por exemplo.
Entender o que é cetoacidose diabética, seus principais sintomas e causas pode ajudar a evitar qualquer agravamento e permitir que seja realizado um tratamento correto para eliminar a condição.
Para entender melhor o que é a cetoacidose diabética, é preciso compreender que o corpo recebe diversos nutrientes através da alimentação, incluindo carboidratos, gorduras e proteínas.
Normalmente, os carboidratos são divididos durante a digestão em diferentes compostos, incluindo o açúcar, que fica disponível no sangue. A partir daí, o pâncreas secreta um hormônio chamado insulina, que é responsável por transportar o açúcar para que as células possam usar como fonte de energia.
Geralmente, o corpo usa primeiro os carboidratos para gerar energia, mas se não houver estoque suficiente, o corpo usa a gordura, e esse processo produz as cetonas.
As cetonas são uma classe de compostos orgânicos muito populares por causa da dieta cetogênica, que condiciona as pessoas a manter uma dieta com baixo teor de carboidratos, para estimular o corpo a queimar os estoques de gordura, ao invés de carboidratos.
No entanto, uma pessoa com diabetes não produz insulina suficiente ou o faz de forma ineficaz, e isso compromete o transporte do açúcar no sangue para as células. Consequentemente, a interrupção do processo faz com que o corpo use gordura como fonte energia, estimulando a produção de cetonas.
Três tipos de cetonas estão sempre presentes no sangue: o ácido acetoacético (AcAc), 3-β-hidroxibutirato (3HB) e acetona. Normalmente, os níveis de cada um desses corpos cetônicos variam, mas o corpo se encarrega de regular.
Em pessoas saudáveis essa variação é a resposta padrão à fome, mas para aqueles com diabetes, os níveis de cetona podem se acumular e levar à cetoacidose diabética que pode causar a perda da consciência, e por esse motivo é considerada uma emergência médica.
A cetoacidose diabética geralmente desenvolve sintomas rapidamente, em alguns casos num período de apenas 24 horas. Para algumas pessoas, esses sinais podem ser a primeira indicação de diabetes. Eles incluem:
Além disso, sinais e sintomas mais específicos de cetoacidose diabética, incluem:
A cetoacidose diabética pode ser desencadeada por:
Uma infecção no trato urinário ou uma doença como pneumonia, resfriado ou gripe, pode condicionar o corpo a produzir níveis mais altos de alguns hormônios, como por exemplo a adrenalina e cortisol. O excesso desses hormônios costuma interferir no efeito da insulina, desencadeando automaticamente a ocorrência de cetoacidose.
Os portadores de diabetes mellitus fazem uso de insulina para equilibrar os níveis de glicose no sangue. Quando a dose é inadequada, ou não aplicada nos horários previstos, o corpo recebe pouca insulina e consequentemente começa a gerar energia através da utilização da gordura, desencadeando a cetoacidose diabética.
Existem outros fatores que costumam ser um gatilho para o corpo desenvolver cetoacidose diabética. Os mais comuns incluem:
Os riscos de ter cetoacidose diabética são muito maiores para algumas pessoas. Geralmente os mais predispostos são:
Geralmente o diagnóstico de cetoacidose diabética é feito através de um exame físico realizado por um médico, e ele também poderá solicitar vários outros exames clínicos para confirmar a hipótese. Testes adicionais também podem ser realizados, e seus resultados podem ajudar a determinar o que desencadeou a cetoacidose diabética.
Medir a quantidade de cetonas em uma amostra de urina é um dos primeiros passos para o diagnóstico. Se o teste confirmar a cetose, o médico pode solicitar mais exames. Existem inclusive kits de teste de urina vendidos em farmácias para a pessoa fazer em casa.
Os testes adicionais são realizados com o objetivo de identificar se existem problemas de saúde subjacentes ou fatores precipitantes que possam ter contribuído para a cetoacidose diabética. Entre eles são:
Com os resultados em mãos, o médico será capaz de traçar um diagnóstico e determinar o tratamento mais adequado.
O tratamento de cetoacidose diabética é feito com várias abordagens, visando normalizar níveis irregulares de açúcar no sangue e insulina.
Caso o paciente não tenha sido diagnosticado com diabetes, provavelmente o seu médico definirá um plano de tratamento para impedir novos episódios de cetoacidose. Mas, se a origem for uma infecção ou doença, a abordagem mais provável é a recomendação do uso de antibióticos.
A cetoacidose diabética é considerada um caso grave, que traz potenciais riscos à vida e por esse motivo, ela costuma ser tratada no pronto socorro, ou em alguns casos, exige internação. Durante o tratamento os seguintes procedimentos são adotados:
As complicações do tratamento de cetoacidose diabética incluem:
Cabe ressaltar que a cetoacidose diabética não tratada pode levar à perda de consciência e, eventualmente, à morte.
Cetoacidose diabética é um problema que pode ser evitado, prevenindo outras complicações do diabetes. Mas, para isso, é necessário tomar cuidado e ter e atenção regular com a sua condição.
Pessoas com diabetes precisam adotar novos hábitos de vida e práticas alimentares mais saudáveis. Então, investir em uma alimentação saudável com as quantidades corretas de carboidratos e se exercitar regularmente deve fazer parte da rotina diária.
Além disso, os medicamentos orais ou insulina devem ser tomados conforme a orientação médica e não devem ser esquecidos.
Diabéticos costumam ser orientados a verificar e registrar o nível de açúcar no sangue pelo menos três ou quatro vezes por dia. No entanto, se existir uma doença ou forte estresse, essa frequência pode aumentar. O acompanhamento adequado é a única forma de garantir que ele permaneça dentro da faixa alvo.
A quantidade de insulina pode sofrer alterações por causa das mudanças alimentares, realização de exercícios físicos, doenças e outros fatores. Procure receber orientação médica para ajustar sua dosagem de insulina e se o nível de açúcar no sangue começar a subir, siga o seu plano de tratamento para voltar ao intervalo alvo.
Teste também a urina, especialmente se você estiver doente ou estressado. Isso pode ser feito em casa, com a ajuda de um kit de teste de cetonas de urina. Caso os resultados apontem níveis de cetonas moderados ou altos, você deve buscar ajuda médica imediatamente.
Procure ler e conhecer todos os sintomas, causas, riscos relacionados à condição e providências que devem ser tomadas, se acontecer algum problema decorrente dessa condição de saúde. Divida essas informações com seus familiares, amigos e colegas de trabalho para que todos possam te ajudar, se necessário.
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