Exame de Sangue de Rotina – O Que Deve Conter?

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O corpo humano é composto por uma complexa rede, sendo formado por músculos, nervos, órgãos, ossos, pela pele, pelo sangue, entre muitas outras partes. Cada parte do corpo contém diversas células que apresentam formas e funções muito bem definidas, auxiliando na manutenção de toda a estrutura do organismo. O sangue é uma das principais partes e as informações obtidas através de exames de sangue podem auxiliar bastante na verificação da saúde dos pacientes.

Vamos entender melhor o que é o exame de sangue de rotina, o que deve conter este exame e saber mais sobre a importância do check up médico regular. 

O que é o exame de sangue de rotina?

O Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos apresenta os exames de sangue como uma ferramenta que auxilia os médicos a checar determinadas doenças e condições de seus pacientes, a conferir o funcionamento dos órgãos do corpo dos pacientes e a avaliar se tratamentos médicos estão funcionando como o esperado.

De acordo com a organização americana, os exames de sangue são bastante comuns e costumam ser recomendados pelos médicos durante as consultas de rotina.

Os exames de sangue mais comuns, conforme o Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos, são: os hemogramas completos, os de painel metabólico básico, os de enzimas do sangue, os exames de sangue para avaliar os riscos de doença no coração e os de coagulação sanguínea.

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A realização completa do exame de sangue de rotina envolve toda a preparação anterior do paciente e também da forma como o sangue será coletado, exigindo tanto a experiência dos profissionais envolvidos para garantir resultados finais com margem de erros pequenas quanto o uso de equipamentos e técnicas específicas. Antes de ser analisado, o sangue precisa ser preparado de forma adequada, podendo-se realizar a centrifugação do mesmo para separar as células sanguíneas da parte fluida do sangue, chamada de plasma.

Após a separação do mesmo, a amostra de sangue é analisada através de equipamentos que irão contar e identificar as células sanguíneas, verificando sua forma e seu tamanho. Outra análise feita destas amostras de sangue envolve as reações químicas que podem identificar concentrações de algumas moléculas no sangue. Por fim, estes resultados são avaliados pelos profissionais do laboratório que irá montar o relatório final do exame de sangue de rotina do paciente.

Qual a importância do exame de sangue de rotina?

O sangue é uma das partes mais fundamentais do corpo humano, que fornece diversas informações sobre o estado da saúde do paciente. Ele é formado por diferentes partes, incluindo os glóbulos vermelhos (também chamado de eritrócitos), os glóbulos brancos (também chamados de leucócitos) e as plaquetas (também chamadas de trombócitos). Além disso, o sangue contém uma parte fluida chamada de plasma, que representa em torno de 55% do volume total de sangue.

O sangue é produzido na medula óssea e é responsável pelo transporte de substâncias, entre elas os diversos tipos de nutrientes e também o oxigênio que são levados para todo o corpo. O sangue tem papel fundamental na proteção e na manutenção do equilíbrio do nosso corpo. Cada parte do sangue possui um conjunto de funções para a garantia da saúde.

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Um exame de sangue pode auxiliar os médicos a avaliar como órgãos como o coração, os rins, o fígado, a tireoide e o coração estão funcionando; a diagnosticar doenças como diabetes, câncer, HIV/AIDS, anemia e doença arterial coronariana; a descobrir se o paciente possui fatores de risco para doenças no coração, a checar se os medicamentos utilizados estão surtindo efeito e analisar como anda a coagulação sanguínea.

Após a realização do check up médico, o profissional deverá interpretar os resultados de acordo com cada tipo de paciente. Se houver uma comparação entre exames realizados por homens e mulheres, por exemplo, existirão inúmeras diferenças. Os intervalos usados como referência para cada tipo de resultado no exame irá variar de acordo com o sexo, assim como em função da idade e das condições físicas do paciente, como nos casos em que há algum fator de risco para doenças cardiovasculares ou para diabetes.

O exame de sangue de rotina deve ser analisado com o intuito de se identificar possíveis marcadores de algumas doenças, como nos casos de anemia falciforme, teste de HIV, teste de hepatite C, testes para os genes que identificam riscos de alguns tipos de câncer, entre muitos outros. Portanto, o exame final deve sempre ser avaliado pelo médico antes que se tenha qualquer conclusão.

O hemograma completo

O hemograma é um dos principais exames realizados pelos médicos para verificação da saúde do paciente e também para o diagnóstico de inúmeras doenças. Os dados de laboratório obtidos através dos diferentes exames de rotina fazem parte de boa parte das informações nos prontuários médicos, auxiliando em mais de 50% da informação necessária para a correta decisão médica.

O Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue explica que o hemograma completo pode auxiliar a identificar diferentes distúrbios e doenças associados ao sangue como anemia, infecções, problemas de coagulação, câncer sanguíneos e distúrbios no sistema imunológico.

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Segundo a organização, o que temos é um exame de sangue que mede diferentes partes do sangue, que incluem: os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos, as plaquetas, a hemoglobina, o hematócrito e o volume corpuscular médio.

O painel metabólico básico

Outro exame de sangue de rotina bastante comum é o chamado de painel metabólico básico, que é um grupo de testes que avalia diferentes substâncias químicas no sangue e costuma ser realizado na parte fluida do sangue (plasma), explica o Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos.

Conforme a instituição, estes exames podem informar a respeito do funcionamento dos músculos, incluindo o coração, de órgãos como o fígado e os rins e dos ossos. Os testes do painel metabólico básico incluem exames que avaliam a glicose sanguínea, os eletrólitos no sangue, o cálcio e a função dos rins.

Os resultados obtidos com este tipo de exame são usados como um ponto de partida para o início de uma investigação médica de diagnóstico, funcionando como um processo de triagem. A partir deste exame, o médico pode solicitar outros que sejam necessários para a realização efetiva de um diagnóstico. Estes exames podem ser realizados de forma rotineira, através de um check up médico, ou mesmo por alguma necessidade de se diagnosticar doenças, como no surgimento de sintomas nos pacientes.

Os exames de enzimas do sangue

As enzimas são definidas como substâncias químicas que auxiliam a controlar reações químicas no organismo. Existem diversos exames de enzimas no sangue, porém, uns que recebem destaque são os exames de enzimas no sangue utilizados para checar em relação ao ataque cardíaco.

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Esses testes incluem os exames de troponina e de creatina quinase (CK). A troponina é uma proteína muscular que auxilia os músculos a contraírem. Ela vaza quando as células musculares ou do coração são lesionadas, fazendo com que os seus níveis sanguíneos sejam elevados.

Como os níveis sanguíneos de troponina aumentam quando um paciente sofre um ataque cardíaco, os médicos costumam pedir exames de troponina quando os seus pacientes têm dor no peito ou apresentam outros sinais e sintomas de ataque no coração.

Já sobre a creatina quinase ou CK, vale a pena saber que um produto do sangue conhecido como CK-MB é liberado quando o músculo cardíaco está danificado. Níveis elevados de CK-MB podem significar que uma pessoa sofreu um ataque cardíaco.

Os exames de sangue para avaliar os riscos de doença no coração

Segundo o Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos, o exame de painel de lipoproteínas é um dos testes que se encaixa neste grupo de exames de sangue. De acordo com a organização, o teste pode auxiliar a mostrar se um paciente está ou não em risco de desenvolver a doença arterial coronariana.

O painel de lipoproteínas serve para visualizar as substâncias do sangue que carregam o colesterol e mede e dá informações a respeito dos níveis totais de colesterol, dos níveis de colesterol LDL – conhecido como o colesterol ruim, que é a maior fonte de acúmulo de colesterol e obstrução das artérias -, dos níveis de colesterol HDL – também chamado de colesterol bom, já que é o que contribui com a diminuição da obstrução das artérias – e dos níveis de triglicerídeos, um tipo de gordura no sangue do paciente, informa a organização de saúde americana.

A instituição alerta que níveis anormais de colesterol e triglicerídeos podem ser sinais de um risco mais elevado de desenvolvimento da doença arterial coronariana para o paciente em questão.

Os exames de coagulação sanguínea 

Estes testes de coagulação sanguínea têm o objetivo de conferir as proteínas sanguíneas que afetam o processo de coagulação do sangue. Resultados anormais nestes exames podem sugerir que o paciente tem risco de sofrer com problemas como sangramento/hemorragia ou o desenvolvimento de coágulos nos vasos sanguíneos.

O médico também pode solicitar a realização desses tipos de exames caso pense que o seu paciente sofre com uma doença associada à coagulação sanguínea. Além disso, os testes de coagulação do sangue também podem ser utilizados para monitorar pacientes que utilizam medicamentos para diminuir os riscos de coágulos de sangue.

As principais partes avaliadas no exame de sangue de rotina

– Glóbulos vermelhos ou hemácias

As hemácias são células circulares que vivem no corpo humano por apenas 120 dias. Estas células são formadas pela hemoglobulina e pela globulina. A hemoglobulina é uma proteína vermelha que contém ferro e que tem como função realizar o transporte de oxigênio no sangue. A globulina, por sua vez, é uma das proteínas presentes no plasma sanguíneo e que, junto com a albumina e o fibrinogênio, auxilia no transporte e na coagulação do sangue.

A parte do exame de sangue de rotina que examina as hemácias é chamada de eritrograma. Nesta parte do exame são analisados os valores totais de hemácias no sangue, seu tamanho e também seu formato, sendo possível avaliar diferentes doenças como a anemia normocítica, a policitemia, entre outras.

– Glóbulos brancos ou leucócitos

Os leucócitos são células arredondadas e nucleadas produzidas pela medula óssea e que possuem tamanhos maiores do que as hemácias, geralmente. Estas células são responsáveis pela defesa do organismo, participam do sistema imunológico e ajudam no combate a micro-organismos patógenos e a qualquer substância estranha que possa entrar no corpo humano.

Elas estão preparadas para defender o organismo de vírus, bactérias, parasitas ou qualquer proteína que seja diferente daquelas presentes no corpo.

Os glóbulos brancos também são responsáveis pela limpeza do organismo, destruindo as células mortas e os restos de tecidos. A parte do exame de sangue de rotina que examina os leucócitos é chamada de leucograma. Nesta parte do exame são analisados os valores totais de leucócitos no sangue, seu tamanho e também seu formato, sendo possível avaliar diferentes doenças como as infecções virais, reações tóxicas e até mesmo alguns tipos de câncer como a leucemia.

– Plaquetas ou trombócitos

As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos anucleados que estão presentes no sangue. Elas têm como principal função auxiliar na coagulação sanguínea. As plaquetas possuem a forma de discos achatados e seu tempo de vida é de 8 a 10 dias. Depois deste período elas são destruídas e são retiradas de circulação pelo baço. As plaquetas também são analisadas no exame de sangue de rotina, podendo-se avaliar, por exemplo, um quadro de trombocitopenia que pode até ser fatal.

– Plasma

O plasma sanguíneo desempenha muitas funções importantes no corpo, auxiliando na manutenção da pressão osmótica do sangue, no sistema de defesa do corpo e também na formação de coágulos sanguíneos. Além disso, o plasma é uma das principais reservas de água do corpo humano, sendo de grande importância para a hidratação.

– Testes químicos no sangue

Os testes químicos no sangue ajudam a verificar o estado metabólico do paciente. Nestes testes estão inclusas as seguintes avaliações: ureia e eletrólitos (sódio, potássio e creatinina) e testes da função hepática (fosfatase alcalina, albumina, aspartato aminotransferase, bilirrubina). Dentro do grupo destes testes químicos também são verificadas as taxas de glicose, as taxas de colesterol e de lipídios (lipoproteínas de muito baixa densidade, de baixa densidade e de alta densidade) e análise da função da tireoide (soro total e tiroxina sérica livre, triiodotironina sérica total, hormônio estimulante da tireoide).

Desta forma, é possível que o médico verifique a produção de energia do metabolismo, verifique os níveis de colesterol que podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares, analise as taxas de glicose que podem aumentar o risco de desenvolver diabetes, assim como identificar possíveis problemas hormonais no paciente.

Conclusão

O exame de sangue de rotina é um dos principais exames realizados pelos médicos para verificação da saúde do paciente e também para o diagnóstico de inúmeras doenças. Os resultados obtidos com este tipo de exame são usados como um ponto de partida para o início de uma investigação médica de diagnóstico, funcionando como um processo de triagem.

A partir deste exame, o médico pode solicitar outros que sejam necessários para a realização efetiva de um diagnóstico. Estes exames podem ser realizados de forma rotineira, através de um check up médico, ou mesmo por alguma necessidade de se diagnosticar doenças, como no surgimento de sintomas nos pacientes.

Fontes e Referências Adicionais:

Seu médico já costuma fazer pedidos de exame de sangue de rotina para você frequentemente? Já foi possível observar alguma condição através desse check up médico? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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