Um problema que acomete muitas pessoas ao longo da vida, a pedra na vesícula pode ser perigosa. Então, saiba quais são as principais causas, sintomas, riscos e complicações a longo prazo desta condição.
Pedras ou cálculos na vesícula são depósitos endurecidos de líquido digestivo, mais precisamente os cristais de colesterol, que podem se formar em sua vesícula biliar.
Nesse sentido, a vesícula biliar é um órgão em forma de uma pequena pera localizado no lado direito do abdômen, em sua parte superior e logo abaixo do fígado. Dentro dele há um líquido digestivo amarelo-esverdeado chamado bile, que auxilia na solubilização de gorduras e vitaminas, ajudando, assim, na digestão.
No entanto, quanto mais colesterol essa bile contém, maior a probabilidade de formarem os cálculos biliares, os quais podem prejudicar a motilidade da vesícula biliar em decorrência da presença de muco e cálcio nela.
Ter pedra na vesícula pode ser perigoso a depender da quantidade e do tamanho de cada uma, já que suas dimensões variam desde um grão de areia até uma bola de golfe. Assim, algumas pessoas desenvolvem apenas uma, enquanto outras desenvolvem muitas ao mesmo tempo.
As pessoas que experimentam sintomas de cálculos biliares geralmente precisam passar por uma cirurgia de remoção da vesícula. Mas, se os cálculos não causarem nenhum sinal ou sintoma, normalmente não precisam de tratamento, apenas uma mudança nos hábitos de vida.
De acordo com um estudo publicado na Gut and liver, aproximadamente 85% das pedras na vesícula são formadas de colesterol, enquanto os outros 15% são formadas de sais de cálcio e bilirrubina.
Por isso, ter muito colesterol pode aumentar as chances do desenvolvimento dessas pedras amarelas, que surgem principalmente quando o fígado produz mais colesterol do que a bílis pode dissolver.
Além da formação em decorrência do colesterol, também há outros fatores que estão associados ao seu desenvolvimento:
A bilirrubina é uma substância química produzida quando o fígado destrói as células vermelhas antigas do sangue e o filtra. Por isso, algumas condições, como danos ao fígado e certos problemas no sangue, fazem com que este órgão produza bilirrubina em excesso.
Isso causa a formação de pedras na vesícula biliar. Em decorrência da cor que adquire quando é degradada, geralmente essas pedras são marrom-escuras ou pretas.
O funcionamento adequado da vesícula biliar depende do esvaziamento da sua bílis. Assim, quando não se consegue esvaziar seu conteúdo de bile, ela vai ficando cada vez mais concentrada e causa a formação das pedras.
Os cálculos biliares podem causar dor no abdômen superior direito, e você pode começar a sentir dor na vesícula biliar ao longo do tempo, quando come alimentos que são ricos em gordura, como frituras por exemplo.
Essa dor normalmente não dura mais do que algumas horas. Além dessa dor, você também poderá sintomas como:
O conjunto desses sintomas também é conhecido como cólica biliar.
A maioria dos cálculos são assintomáticos, conforme o estudo publicado no Gut and Liver, e eles correspondem a quase 80%, ou seja, essas pessoas não sentem qualquer sintoma e acabam descobrindo através de raio-x ou durante uma cirurgia de abdômen.
Além disso, vale lembrar que as pedras na vesícula por si só não causam dor. No entanto, quando eles bloqueiam o trânsito da bile na vesícula, a dor aparece como um alerta.
Um estudo publicado no Journal of Gastroenterology, da American Gastroenterological Association, afirma que pessoas portadoras de pedras na vesícula são mais propensas a morrer de doenças cardíacas ou câncer dentro de 20 anos após o diagnóstico, em comparação com aquelas sem a doença.
De acordo com Philip Barie, professor de cirurgia e saúde pública da Weill Cornell Medical College em Nova York, essas descobertas não significam que uma condição causa a outra, mas sim que a doença dos cálculos na vesícula e as doenças cardíacas podem ter a mesma causa.
“As pessoas com cálculos biliares podem ter um equilíbrio anormal de gorduras em seu corpo, incluindo o colesterol, embora não haja uma relação clara entre a doença do cálculo biliar e o colesterol alto”, disse o Dr. Barie.
Portanto, o Dr. Barie sugere que as pessoas com cálculos biliares mantenham uma dieta com baixo teor de gordura para reduzir os riscos de doença cardíaca ou derrame.
A recomendação é que logo nos primeiros sintomas a pessoa procure uma orientação médica, porque a remoção da vesícula biliar em uma situação normal é um procedimento de baixíssimo risco. Já quando envolve alguma situação de emergência, o risco do aparecimento de complicações que podem levar à morte aumenta consideravelmente.
Se formos pensar nos riscos e complicações a longo prazo, pode ser possível afirmar que ter pedra na vesícula é perigoso se não for tratado corretamente. Existe uma série de problemas que devemos nos atentar, dentre eles:
Quando um cálculo biliar bloqueia o canal por onde a bile se move desde a vesícula biliar, pode causar inflamação e infecção na vesícula, o que é conhecido como colecistite aguda. Neste caso, a pedra na vesícula é perigosa e se trata de uma emergência médica.
O risco de desenvolver colecistite aguda a partir de cálculos biliares sintomáticos é de 1% a 3%, e os sintomas associados à colecistite aguda incluem:
Por isso, lembre-se: consulte um médico imediatamente se esses sintomas durarem mais de 1 a 2 horas ou se apresentar febre.
Quando as pedras na vesícula não são tratadas, elas podem causar as seguintes complicações:
Os fatores que podem aumentar o risco de pedra na vesícula incluem:
Embora alguns medicamentos possam aumentar o risco de cálculos biliares, o ideal é não parar de tomar por conta própria. Converse com o seu médico sobre alternativas e o melhor caminho para o seu caso.
Para fazer um diagnóstico, o seu médico irá realizar um exame físico detalhado, que inclui a verificação dos seus olhos e pele para saber se há mudanças visíveis na cor.
Um tom amarelado pode ser um sinal de icterícia, que é o resultado de muita bilirrubina em seu corpo a qual, em quantidades excessivas, é perigosa por poder levar à formação de pedras na vesícula.
Além disso, o exame abdominal também pode apresentar alterações, principalmente se a pessoa estiver sentindo muita dor. Dentre os principais exames para auxiliar nesse diagnóstico, é comum que o médico solicite:
Na maioria das vezes, você não precisará de tratamento para tratar os cálculos biliares, a menos que eles causem dor. Às vezes, você pode tê-los e nem perceber, mas se estiver com dor, o seu médico provavelmente irá recomendar uma cirurgia, e em alguns casos raros, pode ser usado uma medicação.
Se você tem cálculos biliares e não sente nenhum sintoma, pode fazer algumas mudanças em seu estilo de vida.
Tente seguir as dicas abaixo para manter a saúde da vesícula biliar:
Alguns suplementos nutricionais que você pode tomar são vitamina C, lecitina e ferro. Sabe-se que a falta de vitamina C no organismo está associada com uma maior chance de desenvolver cálculos biliares. Então, converse com o seu médico sobre a dosagem adequada desses suplementos.
Pode ser necessário fazer uma cirurgia de remoção da vesícula biliar por laparoscopia. Essa cirurgia requer anestesia geral, e o cirurgião geralmente fará de 3 ou 4 incisões no seu abdômen, com o objetivo de remover cuidadosamente a sua vesícula biliar.
Se não tiver complicações, o paciente poderá ir para casa no dia seguinte ao procedimento, pois a cirurgia é relativamente simples. Após a retirada, as suas fezes podem ficar moles ou aquosas, já que a sua remoção envolve o reencaminhamento da bile do fígado para o intestino delgado.
Nesse sentido, a bile não irá mais passar pela vesícula biliar e se tornará menos concentrada, resultando em um efeito laxante que pode causar diarreia. Para tratar isso, o ideal é seguir uma dieta pobre em gorduras para liberar menos bile e ajudar a regular o trânsito intestinal.
Os medicamentos não são mais utilizados com muita frequência porque as técnicas laparoscópicas e robóticas tornam a cirurgia muito menos arriscada do que costumava ser.
No entanto, se você não puder passar por uma cirurgia, poderá tomar o ursodiol para dissolver cálculos biliares causados pelo colesterol. Entretanto, os medicamentos podem levar vários anos para eliminar os cálculos biliares, que podem se formar novamente caso o tratamento seja interrompido.
Outra opção de tratamento é a litotripsia por ondas de choque. Com ela, um litotritor (que é uma máquina que gera ondas de choque) é ativado e há produção dessas ondas que passam pela pessoa, podendo quebrar os cálculos biliares em pedaços menores facilitando, assim, a expulsão delas do corpo.
Diminua a ingestão de alimentos gordurosos e frituras, e escolha alimentos com baixo teor de gordura sempre que possível.
Além disso, você pode adicionar mais fibras à sua dieta, para favorecer os movimentos intestinais. No entanto, não exagere no consumo de fibras e aumente o consumo de líquidos ao adicionar mais fibras na sua alimentação.
Além disso, prefira fazer pequenas refeições várias vezes por dia, pois as refeições menores são mais fáceis para o corpo digerir, e evite alimentos e bebidas conhecidos por causar diarreia, como bebidas com cafeína, produtos lácteos com alto teor de gordura e alimentos muito doces.
Em resumo, se você tem cálculo biliar, sente os sintomas e não trata, ter pedra na vesícula é perigoso. Entretanto, o risco de morte é baixo, aumentando apenas quando associado com outras complicações.
Se você sentir qualquer sintoma, consulte o seu médico para que ele possa fazer o diagnóstico correto.
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