Pedra na vesícula é perigoso? Pode matar?

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Um problema que acomete muitas pessoas ao longo da vida, a pedra na vesícula pode ser perigosa. Então, saiba quais são as principais causas, sintomas, riscos e complicações a longo prazo desta condição.

Pedras ou cálculos na vesícula são depósitos endurecidos de líquido digestivo, mais precisamente os cristais de colesterol, que podem se formar em sua vesícula biliar.

Nesse sentido, a vesícula biliar é um órgão em forma de uma pequena pera localizado no lado direito do abdômen, em sua parte superior e logo abaixo do fígado. Dentro dele há um líquido digestivo amarelo-esverdeado chamado bile, que auxilia na solubilização de gorduras e vitaminas, ajudando, assim, na digestão.

No entanto, quanto mais colesterol essa bile contém, maior a probabilidade de formarem os cálculos biliares, os quais podem prejudicar a motilidade da vesícula biliar em decorrência da presença de muco e cálcio nela.

Ter pedra na vesícula pode ser perigoso a depender da quantidade e do tamanho de cada uma, já que suas dimensões variam desde um grão de areia até uma bola de golfe. Assim, algumas pessoas desenvolvem apenas uma, enquanto outras desenvolvem muitas ao mesmo tempo.

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As pessoas que experimentam sintomas de cálculos biliares geralmente precisam passar por uma cirurgia de remoção da vesícula. Mas, se os cálculos não causarem nenhum sinal ou sintoma, normalmente não precisam de tratamento, apenas uma mudança nos hábitos de vida.

Causas da pedra na vesícula

vesícula com pedras

De acordo com um estudo publicado na Gut and liver, aproximadamente 85% das pedras na vesícula são formadas de colesterol, enquanto os outros 15% são formadas de sais de cálcio e bilirrubina.

Por isso, ter muito colesterol pode aumentar as chances do desenvolvimento dessas pedras amarelas, que surgem principalmente quando o fígado produz mais colesterol do que a bílis pode dissolver.

Além da formação em decorrência do colesterol, também há outros fatores que estão associados ao seu desenvolvimento:

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1. Muita bilirrubina em sua bílis

A bilirrubina é uma substância química produzida quando o fígado destrói as células vermelhas antigas do sangue e o filtra. Por isso, algumas condições, como danos ao fígado e certos problemas no sangue, fazem com que este órgão produza bilirrubina em excesso.

Isso causa a formação de pedras na vesícula biliar. Em decorrência da cor que adquire quando é degradada, geralmente essas pedras são marrom-escuras ou pretas.

2. Bile concentrada devido a uma vesícula biliar cheia

O funcionamento adequado da vesícula biliar depende do esvaziamento da sua bílis. Assim, quando não se consegue esvaziar seu conteúdo de bile, ela vai ficando cada vez mais concentrada e causa a formação das pedras.

Principais sintomas de pedra na vesícula

pedras retiradas da vesícula

Os cálculos biliares podem causar dor no abdômen superior direito, e você pode começar a sentir dor na vesícula biliar ao longo do tempo, quando come alimentos que são ricos em gordura, como frituras por exemplo.

Essa dor normalmente não dura mais do que algumas horas. Além dessa dor, você também poderá sintomas como:

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  • Vômito;
  • Indigestão;
  • Urina escura;
  • Náusea;
  • Fezes com cor de barro;
  • Diarreia;
  • Dores de estômago;
  • Arrotos.

O conjunto desses sintomas também é conhecido como cólica biliar.

Cálculos biliares assintomáticos

A maioria dos cálculos são assintomáticos, conforme o estudo publicado no Gut and Liver, e eles correspondem a quase 80%, ou seja, essas pessoas não sentem qualquer sintoma e acabam descobrindo através de raio-x ou durante uma cirurgia de abdômen.

Além disso, vale lembrar que as pedras na vesícula por si só não causam dor. No entanto, quando eles bloqueiam o trânsito da bile na vesícula, a dor aparece como um alerta.

Pedra na vesícula é perigoso e pode matar?

médico

Um estudo publicado no Journal of Gastroenterology, da American Gastroenterological Association, afirma que pessoas portadoras de pedras na vesícula são mais propensas a morrer de doenças cardíacas ou câncer dentro de 20 anos após o diagnóstico, em comparação com aquelas sem a doença.

De acordo com Philip Barie, professor de cirurgia e saúde pública da Weill Cornell Medical College em Nova York, essas descobertas não significam que uma condição causa a outra, mas sim que a doença dos cálculos na vesícula e as doenças cardíacas podem ter a mesma causa.

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“As pessoas com cálculos biliares podem ter um equilíbrio anormal de gorduras em seu corpo, incluindo o colesterol, embora não haja uma relação clara entre a doença do cálculo biliar e o colesterol alto”, disse o Dr. Barie.

Portanto, o Dr. Barie sugere que as pessoas com cálculos biliares mantenham uma dieta com baixo teor de gordura para reduzir os riscos de doença cardíaca ou derrame.

A recomendação é que logo nos primeiros sintomas a pessoa procure uma orientação médica, porque a remoção da vesícula biliar em uma situação normal é um procedimento de baixíssimo risco. Já quando envolve alguma situação de emergência, o risco do aparecimento de complicações que podem levar à morte aumenta consideravelmente.

Riscos e complicações a longo prazo

Pedra da vesicula na gaze

Se formos pensar nos riscos e complicações a longo prazo, pode ser possível afirmar que ter pedra na vesícula é perigoso se não for tratado corretamente. Existe uma série de problemas que devemos nos atentar, dentre eles:

Colecistite aguda

Quando um cálculo biliar bloqueia o canal por onde a bile se move desde a vesícula biliar, pode causar inflamação e infecção na vesícula, o que é conhecido como colecistite aguda. Neste caso, a pedra na vesícula é perigosa e se trata de uma emergência médica.

O risco de desenvolver colecistite aguda a partir de cálculos biliares sintomáticos é de 1% a 3%, e os sintomas associados à colecistite aguda incluem:

  • Febre;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Dor intensa na parte superior do estômago ou no meio das costas;
  • Perda de apetite.

Por isso, lembre-se: consulte um médico imediatamente se esses sintomas durarem mais de 1 a 2 horas ou se apresentar febre.

Outras complicações

Quando as pedras na vesícula não são tratadas, elas podem causar as seguintes complicações:

  • Câncer de vesícula biliar;
  • Inflamação do pâncreas;
  • Icterícia – tom amarelado na pele ou nos olhos;
  • Colangite – infecção do ducto biliar;
  • Sepse – infecção generalizada.

Fatores de risco

Gravída e pedra na vesícula

Os fatores que podem aumentar o risco de pedra na vesícula incluem:

  • Ser mulher;
  • Fazer uso de medicamentos para baixar o colesterol;
  • Ter cirrose;
  • Perder peso muito rapidamente;
  • Manter uma dieta rica em gorduras, incluindo o colesterol;
  • Ter histórico familiar de cálculos biliares;
  • Ser sedentário;
  • Tomar medicamentos que contenham estrogênio, como por exemplo os contraceptivos orais ou medicamentos para terapia hormonal;
  • Manter uma dieta pobre em fibras;
  • Excesso de peso ou obesidade;
  • Gravidez;
  • Diabetes;
  • Ter 40 anos ou mais;
  • Ter doença hepática.

Embora alguns medicamentos possam aumentar o risco de cálculos biliares, o ideal é não parar de tomar por conta própria. Converse com o seu médico sobre alternativas e o melhor caminho para o seu caso.

Quais os métodos de diagnóstico dos cálculos biliares?

Para fazer um diagnóstico, o seu médico irá realizar um exame físico detalhado, que inclui a verificação dos seus olhos e pele para saber se há mudanças visíveis na cor.

Um tom amarelado pode ser um sinal de icterícia, que é o resultado de muita bilirrubina em seu corpo a qual, em quantidades excessivas, é perigosa por poder levar à formação de pedras na vesícula.

Além disso, o exame abdominal também pode apresentar alterações, principalmente se a pessoa estiver sentindo muita dor. Dentre os principais exames para auxiliar nesse diagnóstico, é comum que o médico solicite:

  • Tomografia computadorizada abdominal: Este exame de imagem tira fotos do fígado e da região abdominal.
  • Análises do sangue: Análises que medem a quantidade de bilirrubina em seu sangue. Esses exames também ajudam a determinar o quão bem o seu fígado está funcionando.
  • Ultrassom: O ultrassom é o método que produz imagens do seu abdômen e o preferido da maioria dos médicos para confirmar se você tem ou não o cálculo biliar. Esse método também irá mostrar anormalidades associadas à colecistite aguda.
  • Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE): a CPRE é um procedimento que utiliza uma câmera e raios X para investigar os ductos biliares e pancreáticos e saber se tem cálculos biliares presos no seu ducto biliar.
  • Varredura de radionuclídeo da vesícula biliar: É uma varredura importante que leva cerca de uma hora para ser concluída. Um especialista injeta uma substância radioativa em suas veias que viaja através do sangue para ao fígado e vesícula biliar. Assim, ela pode revelar evidências que possam sugerir infecção ou bloqueio dos ductos biliares das pedras.

Como tratar a pedra na vesícula

Na maioria das vezes, você não precisará de tratamento para tratar os cálculos biliares, a menos que eles causem dor. Às vezes, você pode tê-los e nem perceber, mas se estiver com dor, o seu médico provavelmente irá recomendar uma cirurgia, e em alguns casos raros, pode ser usado uma medicação.

1. Tratamento natural e remédios caseiros

Hábitos saudáveis pedra na vesícula

Se você tem cálculos biliares e não sente nenhum sintoma, pode fazer algumas mudanças em seu estilo de vida.

Tente seguir as dicas abaixo para manter a saúde da vesícula biliar:

  1. Evite a perda de peso rápida e mantenha um peso saudável;
  2. Faça exercícios físicos regularmente;
  3. Tome medicamente e suplementos conforme aprovado pelo seu médico;
  4. Mantenha uma dieta anti-inflamatória, evitando alimentos com alto índice glicêmico

Alguns suplementos nutricionais que você pode tomar são vitamina C, lecitina e ferro. Sabe-se que a falta de vitamina C no organismo está associada com uma maior chance de desenvolver cálculos biliares. Então, converse com o seu médico sobre a dosagem adequada desses suplementos.

2. Cirurgia

Pode ser necessário fazer uma cirurgia de remoção da vesícula biliar por laparoscopia. Essa cirurgia requer anestesia geral, e o cirurgião geralmente fará de 3 ou 4 incisões no seu abdômen, com o objetivo de remover cuidadosamente a sua vesícula biliar.

Se não tiver complicações, o paciente poderá ir para casa no dia seguinte ao procedimento, pois a cirurgia é relativamente simples. Após a retirada, as suas fezes podem ficar moles ou aquosas, já que a sua remoção envolve o reencaminhamento da bile do fígado para o intestino delgado.

Nesse sentido, a bile não irá mais passar pela vesícula biliar e se tornará menos concentrada, resultando em um efeito laxante que pode causar diarreia. Para tratar isso, o ideal é seguir uma dieta pobre em gorduras para liberar menos bile e ajudar a regular o trânsito intestinal.

3. Tratamentos não cirúrgicos

Os medicamentos não são mais utilizados com muita frequência porque as técnicas laparoscópicas e robóticas tornam a cirurgia muito menos arriscada do que costumava ser.

No entanto, se você não puder passar por uma cirurgia, poderá tomar o ursodiol para dissolver cálculos biliares causados pelo colesterol. Entretanto, os medicamentos podem levar vários anos para eliminar os cálculos biliares, que podem se formar novamente caso o tratamento seja interrompido.

Outra opção de tratamento é a litotripsia por ondas de choque. Com ela, um litotritor (que é uma máquina que gera ondas de choque) é ativado e há produção dessas ondas que passam pela pessoa, podendo quebrar os cálculos biliares em pedaços menores facilitando, assim, a expulsão delas do corpo.

Alimentos que você deve evitar

Alimentos gordurosos

Diminua a ingestão de alimentos gordurosos e frituras, e escolha alimentos com baixo teor de gordura sempre que possível.

Além disso, você pode adicionar mais fibras à sua dieta, para favorecer os movimentos intestinais. No entanto, não exagere no consumo de fibras e aumente o consumo de líquidos ao adicionar mais fibras na sua alimentação.

Além disso, prefira fazer pequenas refeições várias vezes por dia, pois as refeições menores são mais fáceis para o corpo digerir, e evite alimentos e bebidas conhecidos por causar diarreia, como bebidas com cafeína, produtos lácteos com alto teor de gordura e alimentos muito doces.

Em resumo, se você tem cálculo biliar, sente os sintomas e não trata, ter pedra na vesícula é perigoso. Entretanto, o risco de morte é baixo, aumentando apenas quando associado com outras complicações.

Se você sentir qualquer sintoma, consulte o seu médico para que ele possa fazer o diagnóstico correto.

Fontes e referências adicionais

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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