Biópsia do fígado: para que serve e como é feita

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A biópsia do fígado é um exame feito para retirar uma pequena amostra do tecido do fígado, para ser analisada com um microscópio em laboratório. 

O exame serve para auxiliar no diagnóstico de anomalias no tecido, por exemplo, nódulos, e de doenças que podem ser a causa do mau funcionamento do fígado. O exame também é útil para monitorar a resposta a tratamentos direcionados a doenças que afetam o fígado e alteram a sua estrutura. 

A biópsia do fígado pode ser realizada por meio de duas técnicas principais, que é escolhida de acordo com as condições clínicas de cada paciente, de modo que a opção escolhida seja a mais segura. 

Veja para que serve a biópsia do fígado, como é feito o exame e quais são as possíveis complicações. 

Para que serve a biópsia do fígado?

Biópsia
A biópsia do fígado não serve apenas para o diagnóstico de câncer

Normalmente, a biópsia é associada ao diagnóstico de câncer, por permitir a identificação de células cancerígenas, e o exame realmente tem essa utilidade. Mas, ele também pode ser aplicado na investigação de outras doenças:

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  • Diagnóstico de hepatite crônica: uma inflamação no fígado que dura mais do que 6 meses e é geralmente causada pelos vírus da hepatite B e C, ou pelo uso de alguns medicamentos. 
  • Avaliação da extensão de danos: a inflamação no fígado causa danos ao tecido que compõem o órgão. Quando o médico ou médica deseja avaliar a extensão desse dano, para planejar um tratamento, a biópsia pode ser realizada. 
  • Diagnóstico de doenças hereditárias raras: doenças que levam ao acúmulo de ferro e cobre no organismo, podendo causar desordens em diversos órgãos, incluindo o fígado. 
  • Identificação de anomalias na estrutura e distúrbios funcionais: a biópsia do fígado pode ajudar o médico ou médica a descobrir a causa do aparecimento de anomalias no órgão, por exemplo, um nódulo, e a levantar hipóteses acerca do mau funcionamento do fígado. 
  • Monitoramento da eficácia do tratamento: uma forma de avaliar a eficácia de alguns tratamentos desenvolvidos para o fígado é pelo monitoramento das mudanças no tecido do órgão, feito através da biópsia.
  • Identificação das causas de colestase: colestase é qualquer alteração ou disfunção que interfira no fluxo da bile do fígado para o intestino. Ela pode ser causada pela presença de um tumor, infecção ou alguma obstrução nos ductos das vias biliares. 
  • Diagnóstico de doenças sistêmicas: doenças que atingem vários sistemas do corpo humano, por exemplo, alterações na circulação sanguínea no fígado, no sistema endócrino, anemia e alterações renais.
  • Avaliar compatibilidade e resposta ao transplante: a biópsia do fígado pode ajudar o médico ou médica a descobrir se um determinado doador é compatível com o receptor. Também é útil para avaliar a resposta ao transplante, analisando se houve rejeição ou alguma outra complicação. 

Antes da biópsia ser escolhida como exame para investigar as causas do mau funcionamento do fígado ou de lesões em sua estrutura, são feitos exames de sangue e, também, de imagem. Veja quais são os principais exames usados para avaliar a saúde do fígado

Quando as informações obtidas por esses exames menos invasivos não são suficientes para o diagnóstico do problema, o médico ou médica responsável pelo caso indica a biópsia.   

Como é feita a biópsia do fígado?

Fígado
Existem dois tipos de biópsia no fígado

Há duas formas principais de se fazer uma biópsia no fígado. A primeira é a biópsia percutânea do fígado e a segunda, por via transjugular. 

A biópsia percutânea do fígado é feita com o paciente anestesiado ou sedado, para a inserção de uma agulha especialmente desenvolvida para esse fim. Essa agulha é inserida através da pele, do lado direito do abdômen, que é onde o fígado está localizado. 

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Esse método de biópsia conta com o auxílio de técnicas de imagem, como a ultrassonografia ou tomografia computadorizada, para guiar o médico ou médica até o fígado, sem gerar lesão no próprio órgão e em seu entorno. 

Para se ter maior rigor científico no diagnóstico, são coletadas três amostras, para que o resultado saia em triplicata e diminua as chances de erro na interpretação. A partir disso, o patologista é responsável por analisar as amostras com um microscópio e emitir o laudo. 

A biópsia do fígado por via transjugular é feita pela inserção de um cano na veia jugular interna direita, que fica no pescoço. O cateter é inserido até chegar em uma veia que dá acesso ao fígado, com anestesia local. O grau de sedação é proporcional à ansiedade do paciente, em pacientes pediátricos, geralmente, se faz com anestesia geral.

A biópsia por via transjugular oferece menos riscos de lesão ao fígado do que a percutânea e é indicada para aquelas pessoas com problemas de coagulação do sangue. 

Antes do exame

Antes de uma biópsia, deve-se informar ao médico ou médica responsável se você tem alergia a algum medicamento, se está tratando alguma outra doença além do problema no fígado e citar os medicamentos em uso. 

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Em muitos casos, é necessário suspender ou alterar as medicações cerca de uma semana antes da biópsia, principalmente se forem anti-inflamatórios e anticoagulantes. 

Também é necessário estar em jejum de oito horas, antes da biópsia. 

Após o exame

Após uma biópsia percutânea, a pessoa permanece em observação no ambulatório durante 3 a 4 horas, para monitorar os sinais vitais, pressão arterial e frequência cardíaca, e verificar se ocorre algum sangramento no fígado. 

Depois, a pessoa recebe alta hospitalar, devendo estar acompanhada. O curativo pode ser retirado após 2 dias e, até lá, é importante observar se há presença de pus, sangramento e febre. Nesse caso, deve-se retornar ao hospital para uma avaliação. 

Após uma biópsia do fígado por via transjugular, a pessoa deve ficar em posição semi sentada durante algumas horas, de 2 a 6, para descomprimir a veia jugular interna. O tempo de observação pode durar até 12 horas, para controle dos sinais vitais e verificação de sangramento ou formação de hematoma na região do pescoço. 

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Se houver dor após o exame, o médico ou médica pode prescrever o uso de algum analgésico. 

Possíveis complicações de uma biópsia do fígado

A biópsia do fígado é um procedimento seguro, principalmente porque a técnica escolhida leva em consideração as características e as condições clínicas da pessoa. 

As complicações mais comuns incluem dor no local da biópsia e dor referida (reflexa) no ombro direito. 

Algumas pessoas também podem ter uma diminuição na pressão arterial. 

Outras complicações menos comuns incluem sangramentos, lesão no fígado ou em outros órgãos, como pulmão e vesícula, e infecção. 

Fontes e referências adicionais

Você já fez ou conhece alguém que fez uma biópsia do fígado? Qual técnica foi utilizada? Como foi a recuperação? Comente abaixo.

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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