É fato que todos nós sofremos com a constipação intestinal em algum momento, mas para algumas pessoas a condição é recorrente e provoca uma série de sintomas desconfortáveis que impactam a qualidade de vida. Desconforto abdominal, inchaço e dificuldade para evacuar são apenas alguns sinais, e diante desse cenário é comum buscar soluções e um remédio para estimular o funcionamento adequado do intestino.
Se você convive com a situação, ou conhece alguém que sofre constantemente com ela, abordaremos aqui o que é a constipação intestinal, sintomas mais comuns e também os tratamentos comumente realizados.
A constipação pode afetar as pessoas de diferentes formas. Algumas podem sofrer com a passagem infrequente de fezes, e outros com fezes endurecidas, muito esforço para evacuar ou a sensação de esvaziamento incompleto, após uma visita ao banheiro.
É comum que o número de evacuações diminua com a idade. Entre os adultos é considerado normal evacuar entre 3 e 21 vezes por semana, e embora o padrão mais comum seja uma vez ao dia, a maioria das pessoas tem um funcionamento intestinal irregular e não tem evacuações todos os dias ou o mesmo número diariamente.
Um diagnóstico de constipação intestinal é feito quando a pessoa apresenta menos de três evacuações por semana e nos casos mais severos, menos de uma. Ela geralmente é classificada como aguda, quando é uma condição recente, ou crônica, quando é um problema que já está presente por muito tempo. No entanto, é preciso considerar, especialmente nos casos agudos, se existe alguma condição médica subjacente, impedindo o funcionamento correto do intestino.
Os sintomas da constipação intestinal costumam variar de acordo com os padrões intestinais de cada um, dieta e idade. No entanto, existem alguns que são comuns, como:
Em casos de síndrome do intestino irritável (SII):
Em casos de obstrução intestinal:
São várias as causas que podem provocar a constipação intestinal, entre elas:
1. Falta de fibra na dieta
As pessoas que mantêm uma dieta pobre em fibras estão mais predispostas a sofrer com a constipação. Quando consumidas, as fibras desempenham um papel essencial no trato digestivo e contribuem com os movimentos intestinais, estimulando a evacuação. Então, na hora de fazer as refeições, inclua sempre frutas, legumes e grãos integrais.
2. Inatividade
Os adultos mais velhos e aqueles que sofrem com problemas de saúde que os tornam excessivamente inativos costumam sofrer com a constipação. Geralmente as pessoas fisicamente ativas são menos propensas a se tornar constipadas porque a atividade física ajuda a manter o metabolismo alto, fazendo com que os processos no corpo aconteçam mais rapidamente e naturalmente, segundo alguns especialistas.
3. Medicamentos
Alguns medicamentos têm como efeito colateral a constipação. Drogas usadas para dor narcótica, como a codeína (Tylenol), oxicodona (Percocet) e hidromorfona (Dilaudid); antidepressivos como amitriptilina (Elavil) e imipramina (Tofranil), anticonvulsivantes como suplementos de ferro com fenitoína (Dilantin) e carbamazepina (Tegretol) estão na relação.
Além disso, os medicamentos bloqueadores dos canais de cálcio como diltiazem (Cardizem) e nifedipina (Procardia), antiácidos contendo alumínio, incluindo Amphojel e Basaljel e diuréticos incluindo clorotiazida (Diuril) também são responsáveis por provocar a prisão de ventre.
4. Leite
Os alimentos interferem diretamente na constipação intestinal, mas seus efeitos costumam ser diferentes para cada pessoa. Uma das bebidas apontadas como capaz de causar prisão de ventre é o leite e os seus derivados.
5. Síndrome do intestino irritável (SII)
As pessoas que sofrem com a síndrome do intestino irritável são acometidas pela constipação com muito mais frequência que as demais.
6. Gravidez
A constipação intestinal na gravidez é uma condição muito comum e geralmente acontece por causa dos altos níveis de estrogênio e progesterona, mudanças hormonais que podem tornar a mulher mais suscetível. Outra causa frequente é o crescimento do útero, que pode comprimir o intestino, diminuindo a passagem da comida.
7. Envelhecimento
Muitos processos corporais mudam consideravelmente à medida que envelhecemos. Por exemplo, o metabolismo diminui e provoca uma baixa atividade intestinal. Além disso, os músculos do trato digestivo não têm mais o mesmo desempenho e isso pode impactar diretamente nos movimentos intestinais.
8. Mudanças na rotina
Muitas pessoas só conseguem evacuar nos seus próprios banheiros. Isso significa que qualquer evento como uma viagem, por exemplo, pode alterar drasticamente a sua rotina normal. Além disso, as mudanças nos horários das refeições, horários de dormir e acordar condicionam a uma alteração no organismo que aumenta os riscos de constipação.
9. Uso excessivo de laxantes
Muita gente considera que o intestino normal é aquele que funciona no mínimo uma vez ao dia, por esse motivo é comum iniciar por conta própria um tratamento com laxantes, para garantir que isso aconteça.
É claro que os laxantes são eficazes para ajudar nos movimentos intestinais e tratar os casos de constipação, porém o uso regular faz com que o corpo se acostume à sua ação e, gradualmente, a dose precisa ser aumentada para obter os mesmos efeitos. Quando o seu uso é prolongado, o corpo pode ficar viciado, o que significa que no momento em que a interrupção é feita os intestinos podem não conseguir trabalhar sozinhos e isso provocará a constipação.
10. Não ir ao banheiro quando tem vontade
Ignorar a vontade de ir ao banheiro não é uma boa ideia. Ainda que ocasionalmente seja apropriado segurar a vontade, fazer isso com muita frequência pode levar o organismo a diminuir gradativamente os estímulos, até que você não sinta mais a vontade. Essa condição condiciona as fezes a ficarem duras e difíceis de passar.
11. Falta de hidratação
Beber água e manter o corpo hidratado pode ser bastante eficaz para ajudar a diminuir os riscos de constipação, mas se ela já está presente, beber mais líquidos pode não aliviar o quadro. Além disso, consumir refrigerantes, bebidas que contêm cafeína e álcool pode causar desidratação, agravando ainda mais a constipação intestinal. A bebida mais indicada para hidratar o corpo e promover benefícios é a água.
12. Distúrbios hormonais
Geralmente, as pessoas que têm hipotireoidismo (pouco hormônio da tireoide) ou muito hormônio da paratireoide que aumenta os níveis de cálcio no sangue sofrem com a constipação intestinal.
Outra condição comum e que também impacta são as alterações hormonais que acontecem no período menstrual de uma mulher, quando os níveis de estrogênio e progesterona são altos. No entanto, essa condição costuma ser pontual e dificilmente é prolongada.
13. Problemas específicos no cólon ou reto
Alguns problemas podem impactar diretamente o funcionamento intestinal. Por exemplo, a presença de tumores na região que podem comprimir ou restringir as passagem das fezes, o tecido cicatricial, diverticulose e estreitamento anormal do cólon ou reto, conhecido como estenose colorretal. Também é comum em pessoas com doença de Hirschsprung, que é um defeito congênito no qual algumas células nervosas estão ausentes no intestino grosso.
14. Doenças e condições diversas
Além de problemas específicos no cólon ou reto, algumas doenças costumam retardar o movimento das fezes através do cólon, reto ou ânus. As mais comuns são:
O tratamento pode incluir mudanças no estilo de vida, como comer mais fibras, beber mais água e também incluir na rotina a prática de exercícios, mas os laxantes também ajudam a impulsionar os resultados do tratamento. Confira a seguir as abordagens mais comuns:
Tratamento natural
Laxantes
Os laxantes mais comuns são vendidos como comprimidos, cápsulas e líquidos, para usar oralmente, como supositórios ou enemas. Embora o uso de um supositório ou enema não seja a administração mais agradável, pelo fato de serem inseridos manualmente, geralmente eles funcionam muito mais rápido para aliviar os sintomas.
– Agentes de volume (fibra)
A fibra está naturalmente disponível em frutas, vegetais e grãos integrais, porém quando a alimentação não traz a quantidade necessária, é possível comprar um laxante para compensar. As marcas mais comuns são: Benefiber, Citrucel, Equilactin, Fibercon, Fiber-Lax e Metamucil, e quando ingeridas, trabalham para aumentar o teor de água e volume das fezes, estimulando a movimentação mais rápida através do cólon.
Ao tomar suplementos de fibra, é essencial beber bastante água para minimizar a possibilidade de flatulência e uma possível obstrução. Também considere que o aumento ou alteração repentina na ingestão de fibras alimentares pode provocar cólicas abdominais, inchaço ou gases.
– Laxantes lubrificantes
Sua principal função é aumentar a lubrificação para que as fezes se tornem “escorregadias” e mais fáceis de passar. Isso é possível porque a sua composição carrega óleo mineral, que adiciona uma camada lisa às paredes do intestino e impede que as fezes sequem.
O seu uso deve ser de curto prazo, pois o prolongado pode permitir que o óleo mineral absorva vitaminas lipossolúveis do intestino e também interfira no efeito de alguns medicamentos prescritos. Outro ponto importante é que ele não deve ser combinado com outros medicamentos ou suplementos.
– Laxantes emolientes
Laxantes emolientes como o Colace contêm docusato, um surfactante que ajuda a umedecer e amaciar as fezes. Popularmente conhecidos como “amaciador de fezes”, eles são frequentemente usados por aqueles que estão se recuperando de cirurgia, por mulheres que passaram por um parto recentemente ou por pessoas que sofrem com hemorroidas. Se comparados a outras opções, sua ação pode ser mais demorada – geralmente é preciso uma semana ou mais para começar a fazer efeito.
– Laxantes osmóticos e hiperosmolares
O foco desse tipo de laxante é promover a umidade excessiva. Quando ingerido, ele trabalha para extrair fluidos no intestino dos tecidos circundantes, e o resultado são fezes mais macias e mais fáceis de passar.
Para obter os resultados esperados é fundamental beber muita água. A hidratação adequada potencializará os efeitos do laxante e ajudará a diminuir a incidência de gases e cãibras musculares.
– Laxantes estimulantes
Esse tipo de laxante tem ação rápida e trabalha para estimular o revestimento do intestino e aumentar a hidratação das fezes, o que acelera a passagem das mesmas através do cólon. Porém, ele não deve ser usado diariamente ou regularmente, pois pode enfraquecer a capacidade natural do corpo de defecar e causar dependência laxativa. Eles também não estão isentos de outros efeitos colaterais, e os mais comuns são cólicas e diarreia.
Qualquer laxante precisa ser usado com segurança e moderação, então alguns cuidados são extremamente necessários.
Um tratamento para a constipação intestinal deve ser recomendado por um profissional, então é importante procurar um médico. Ele será capaz de investigar primeiro se a constipação é aguda ou crônica, porque se for aguda ou estiver piorando, é necessário avaliar a causa precocemente para não negligenciar uma doença grave que deve ser tratada com urgência.
O segundo passo é iniciar o tratamento rapidamente e usar abordagens que apresentam menores impactos, pois isso impedirá que o problema se agrave e vai minimizar possíveis danos ao cólon, que podem ser causados pelo uso frequente de produtos estimulantes. Já o terceiro passo é acompanhar a resposta ao tratamento receitado e fazer interferências, quando necessário.
Embora seja considerado por muitos um problema simples e de fácil solução, obter ajuda de um especialista permitirá realizar um tratamento eficaz e assertivo.
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