Mente

‘Empresas já leem nossas mentes e vão saber ainda mais com neurotecnlogia’; diz pesquisadora

Publicado por
Valdir Campos

Em uma época em que a delimitação entre ficção científica e realidade se torna cada vez mais tênue, Nita Farahany, renomada professora da Universidade Duke nos EUA, lança luz sobre o impactante tema da “ameaça à privacidade do pensamento” em seu novo livro “The Battle for Your Brain: Defending the Right to Think Freely in the Age of Neurotechnology” (que em tradução livre seria “A Batalha pelo Seu Cérebro: Defendendo o Direito de Pensar Livremente na Era da Neurotecnologia”).

Ela nos convida a refletir sobre o nível de controle que as tecnologias modernas podem ter sobre nossas mentes e nossas decisões diárias.

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Compartilhamento de informações pessoais e manipulação emocional

Para Farahany, não necessitamos de máquinas futurísticas para invadir nossos pensamentos, pois já estamos, aos poucos, cedendo nossa privacidade mental por meio do compartilhamento volumoso de informações pessoais nas redes sociais e aplicativos variados. 

Estes dados, meticulosamente analisados por algoritmos, não apenas traçam um perfil detalhado de nossos hábitos e preferências, mas também têm o potencial de manipular nossas emoções e decisões.

Algoritmos que analisam nossos dados podem conhecer e influenciar nossas emoções e decisões

Neurotecnologia: A ponta do Iceberg

O avanço da neurotecnologia e a popularização dos smartwatches, que monitoram variáveis como batimentos cardíacos e qualidade do sono, representam apenas a ponta do iceberg. 

O crescimento da neurotecnologia e a disseminação dos smartwatches, que rastreiam coisas como ritmo cardíaco e sono

Farahany alerta que a introdução de dispositivos que podem analisar a atividade elétrica do nosso cérebro leva a invasão da privacidade a um novo nível, sendo capazes de decodificar reações emocionais a diferentes estímulos, desencadeando uma série de implicações éticas e filosóficas profundas.

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Estratégias de manipulação e questionamentos filosóficos

Se há programas criados para te prender quando você deseja se desligar, se há alerta quando você passa um bom tempo longe do celular, se você planeja assistir a apenas um episódio da série e o próximo é iniciado de forma automática, será que você exerceu seu livre arbítrio? Estas são estratégias e métodos desenvolvidos para sabotar aquilo a que você decidiu se dedicar.

Estas circunstâncias fazem com que a própria filosofia questione a noção de livre arbítrio, isto é, a capacidade de uma pessoa escolher suas próprias ações.

O lado positivo da neurotecnologia

No entanto, é imperativo destacar que, na visão de Farahany, a neurotecnologia não é inerentemente maléfica. 

Ela entusiasticamente discorre sobre seu potencial de revolucionar a medicina e aumentar a longevidade, destacando que o desafio reside em encontrar um equilíbrio que permita aproveitar seus benefícios, enquanto nos protegemos de usos indevidos e invasivos.

A necessidade de normativas internacionais

Neste cenário, onde os limites da privacidade mental são continuamente testados, Farahany defende a criação de normativas internacionais que salvaguardem a “liberdade cognitiva”. 

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Ela sugere uma ação proativa da ONU na atualização e ampliação das leis de privacidade existentes, de modo a proteger os indivíduos contra manipulações e interferências em seu processo de pensamento.

Vigilância governamental e a luta pela liberdade cognitiva

A professora iraniana-americana Nita Farahany expressa profunda preocupação com a crescente invasão da privacidade individual pelos governos, que agora têm acesso a uma vasta gama de dados pessoais, incluindo informações biométricas detalhadas. 

Ela destaca projetos financiados pelo Departamento de Defesa dos EUA e práticas na China, onde tecnologias que monitoram estados cognitivos e emocionais são utilizadas tanto para aumentar a eficiência empresarial quanto para manter a estabilidade social. 

Farahany defende a criação de um direito universal à “liberdade cognitiva”, que proteja a privacidade mental das pessoas contra interferências, indo além das atuais concepções de “liberdade de pensamento”, que está majoritariamente ligada à liberdade de religião e crença.

Projetos inovadores e a esperança de avanços médicos

Dentre os projetos que prometem agitar o cenário da neurotecnologia, destaca-se a iniciativa liderada por Elon Musk através da Neuralink, que propõe a implementação de chips cerebrais com o potencial de curar doenças como Alzheimer e facilitar o controle de dispositivos eletrônicos através da mente. 

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Farahany vê essa inovação com otimismo, especialmente pelos avanços propostos em procedimentos cirúrgicos e pela promessa de proporcionar uma qualidade de vida melhor para indivíduos com severas incapacidades.

O que você pensa a respeito dessa observação feita pela pesquisadora? Concorda com a perspectiva dela? Acredita que as empresas já são capazes de ler nossas mentes? Comente abaixo!

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Valdir Campos

Valdir de Campos Júnior é estudante de jornalismo, e combina sua paixão pela escrita com um forte interesse pelo universo da saúde e boa forma. Valdir é motivado pela curiosidade e pelo desejo de adquirir conhecimento, visando inspirar e informar as pessoas sobre um estilo de vida saudável.

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