A esplenectomia é uma cirurgia de retirada parcial ou total do baço, que pode ser realizada por via aberta ou laparoscópica, uma técnica cirúrgica minimamente invasiva.
O baço é um órgão que fica localizado sob a caixa torácica, no lado esquerdo superior do abdômen. Ele participa do sistema de defesa do nosso corpo, ajudando a combater infecções e outras doenças, além de filtrar aquilo que é dispensável para o organismo, como células do sangue que estão velhas ou danificadas.
Geralmente, a esplenectomia é indicada em casos de esplenomegalia, que é o aumento do baço causado por distúrbios e doenças diversas, ou de ruptura deste órgão, devido a algum trauma no abdômen em acidente de trânsito, por exemplo.
A técnica escolhida para a realização da esplenectomia depende do tamanho do baço, sendo que, normalmente, é por via laparoscópica, por ser menos invasiva. O pós-operatório da esplenectomia laparoscópica também é mais tranquilo, pois gera menos dor, cicatrizes menores e uma recuperação mais rápida.
Veja qual é a importância do baço para o nosso corpo, quando a esplenectomia é indicada, como ela é feita, e os cuidados pré- e pós-cirúrgicos.
O baço é o maior órgão linfático do corpo e tem grande importância para o sistema imunológico, pois nele são produzidos e armazenados os anticorpos e as células de defesa.
Quando algum agente externo patogênico ganha acesso ao organismo, o baço libera as células de defesa e os anticorpos na corrente sanguínea, para combatê-lo.
Quando o baço é retirado em uma cirurgia de esplenectomia, o organismo perde parte da sua capacidade de produzir anticorpos. Neste caso, o fígado tenta compensar essa perda, otimizando sua função de combate às infecções e de eliminação de glóbulos vermelhos (células do sangue) velhos ou defeituosos.
De modo geral, uma pessoa sem o baço pode levar uma vida normal, mas precisa seguir rigorosamente as orientações médicas para se manter longe de infecções, tomando as vacinas anuais de gripe e fazendo o tratamento preventivo com antibióticos, se o médico ou médica indicar. Além disso, deve manter os cuidados de higiene pessoal, lavando sempre as mãos ou passando álcool em gel.
A esplenectomia é uma cirurgia usada para tratar diversas doenças e condições, que causam o aumento ou ruptura do baço.
A ruptura do baço é uma lesão grave que, normalmente, ocorre devido a traumas na região abdominal. O baço é um órgão muito frágil, que pode ser facilmente rompido, caso a pessoa sofra uma pancada muito forte no abdômen.
Esse tipo de situação é comum entre atletas que praticam esportes de contato e em acidentes de trânsito, resultando em forte dor abdominal no quadrante superior esquerdo e hemorragia na cavidade abdominal.
Dependendo do grau de hemorragia, a ruptura no baço pode ser fatal, se a cirurgia de esplenectomia não for realizada emergencialmente.
O termo técnico comumente usado para se referir à condição de baço aumentado é esplenomegalia e ela pode resultar de doenças que afetam o fígado, como cirrose hepática e trombose da veia porta no fígado.
Também pode ocorrer como resultado de infecções, como a mononucleose (doença do beijo), malária, HIV ou endocardite bacteriana.
Problemas no coração, como insuficiência cardíaca congestiva, e câncer no sangue, especialmente linfoma de Hodgkin e leucemia linfoide crônica, podem provocar a esplenomegalia. No caso da leucemia, a retirada do baço pode aliviar sintomas decorrentes da pressão exercida sobre outros órgãos, por causa do tamanho aumentado do baço.
Existem vários tipos de distúrbios sanguíneos que podem levar à esplenomegalia, tornando a cirurgia de esplenectomia necessária. Esses distúrbios são problemas de saúde que afetam a quantidade e a função das células do sangue ou as proteínas envolvidas com a coagulação ou com o sistema imunológico.
Um exemplo é a púrpura trombocitopênica idiopática, um distúrbio no qual os anticorpos passam a destruir as próprias plaquetas, numa reação autoimune. Neste caso, a esplenectomia é feita para remover o baço, que é tanto o local onde essa destruição é realizada e, também, onde parte desses anticorpos reativos são produzidos.
A primeira linha de tratamento é feita com corticoides, de modo que a esplenectomia só é indicada na falha do tratamento conservador.
Um tipo de anemia chamado talassemia, de origem genética, resulta na formação de células sanguíneas pequenas e com menor conteúdo de hemoglobina.
A esplenectomia pode ajudar a diminuir a necessidade de transfusões nesse caso, pois o órgão aumentado “sequestra” muitas células sanguíneas. A cirurgia só é indicada quando os tratamentos convencionais não são suficientes para o controle da doença.
O baço pode ser acometido por cistos ou tumores benignos, como linfangioma e hemangioma, ou malignos, como linfomas e metástases. Quando os tumores se tornam muito grandes e impossibilitam apenas a sua retirada na cirurgia, o baço inteiro, ou parte dele, pode ser removido com esplenectomia.
A esplenectomia pode ser realizada por via aberta ou laparoscópica.
Na esplenectomia aberta, o médico ou médica cirurgiã faz uma incisão no meio do abdômen, afasta os músculos, órgãos e tecidos da região, para conseguir acessar o baço. Feito isso, o baço é removido e a incisão é fechada.
Quando a esplenectomia é feita por via aberta, a pessoa pode precisar permanecer internada no hospital por até 6 dias, conforme o caso. A recuperação desta cirurgia é mais lenta e dolorosa, comparada à laparoscópica.
Para realizar a esplenectomia laparoscópica, o médico ou médica cirurgiã faz quatro pequenas incisões no abdômen.
Em uma das incisões, é inserido um tubo que possui uma câmera de vídeo em sua ponta. Nas outras três incisões, são inseridos instrumentos cirúrgicos especiais, por meio dos quais o baço é removido da cavidade abdominal, de forma guiada pelas imagens transmitidas em tempo real pela câmera. Após a retirada do baço, as incisões são fechadas.
Apesar da esplenectomia ser um procedimento seguro, ela pode envolver riscos e complicações, como qualquer cirurgia. Dentre as possíveis complicações estão sangramentos, formação de coágulos sanguíneos, infecções e lesões em órgãos próximos, como estômago, pâncreas e cólon.
Como há um maior risco de contrair infecções que podem evoluir para uma septicemia após a retirada do baço, o médico ou médica responsável pelo caso pode prescrever antibióticos preventivos.
Antes do procedimento cirúrgico, a equipe médica pode solicitar exames de imagens, para auxiliar na cirurgia, e de sangue, para verificar o estado geral de saúde da pessoa que será operada.
Em alguns casos, a pessoa recebe uma transfusão de sangue antes da cirurgia, para garantir que ela terá um volume sanguíneo adequado após a esplenectomia.
Para prevenir infecções bacterianas durante o procedimento e complicações pós-cirúrgicas, a pessoa a ser operada pode ter que tomar vacinas contra pneumococos, meningococos e Haemophilus influenzae.
Antes da pessoa receber alta hospitalar, ela é orientada quanto ao período que deverá ficar em repouso, o que varia de acordo com o procedimento realizado. Se a cirurgia tiver sido por via laparoscópica, esse tempo costuma ser de 2 semanas, já no caso da via aberta, o repouso pode ter duração de até 6 semanas.
Uma pessoa que tem seu baço removido, deve se atentar às vacinas anuais de gripe e tomar cuidado para não ficar doente. Às vezes, é necessário fazer tratamento preventivo com antibióticos.
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