Apesar dos casos de AVC serem mais frequentes entre pessoas com mais de 60 anos, o problema tem se tornado cada vez mais comum entre os jovens com menos de 45 anos de idade.
O acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame cerebral, segundo dados do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil, voltou a ser a maior causa de morte no Brasil em 2022.
Daí, a necessidade de reconhecer os sinais e sintomas de AVC, visando o rápido acesso à emergência para preservação da vida e diminuição das sequelas.
Veja quais são os principais sintomas de AVC em jovens, como são feitos o diagnóstico e os tratamentos desse problema de saúde, e saiba por que os casos de AVC em jovens aumentaram nos últimos anos.
Sintomas de AVC em jovens
Os sintomas de AVC em jovens aparecem de forma súbita e são praticamente os mesmos daqueles que ocorrem em idade mais avançada, que são:
- Perda ou redução da força muscular do braço ou da perna de um lado do corpo, gerando dificuldade para levantar o braço ou caminhar.
- Boca torta ou rosto assimétrico.
- Sensação de formigamento/dormência no braço ou na perna de um lado do corpo ou em um lado da face.
- Dificuldade para articular as palavras e para sorrir, provocando mudanças de fala e, também, dificuldade para entender a fala de uma outra pessoa.
- Dificuldades para se movimentar.
- Lapsos de memória.
- Perda ou alteração da visão.
- Dor de cabeça intensa e súbita.
- Crises epilépticas.
- Tontura.
Apesar dos sintomas de AVC em jovens serem semelhantes aos presentes nos idosos, o problema em pessoas com menos de 60 anos está mais relacionado com a formação de coágulos sanguíneos em outras partes do corpo, que acabam se desprendendo e obstruindo artérias cerebrais.
O AVC causado pela redução do fluxo sanguíneo que chega ao cérebro por uma obstrução no vaso é chamado de AVC isquêmico. Mas há também o AVC hemorrágico, que é causado pelo rompimento de algum vaso sanguíneo no cérebro, provocando um sangramento no tecido cerebral. Este tipo de AVC é menos comum e tende a ser mais grave.
- Saiba como evitar um AVC hemorrágico, problema que provocou a morte de Tom Veiga.
Os sintomas listados são decorrentes da falta de oxigenação no tecido cerebral causada ou pelo estreitamento dos vasos sanguíneos ou pelo seu rompimento.
Na presença desses sintomas, é fundamental buscar ajuda médica imediata, ligando para o SAMU (192). Quanto mais rápido for o socorro, maiores as chances de não haver sequelas, como dificuldade de locomoção e prejuízos funcionais, que surgem devido à falta de suprimento sanguíneo a partes específicas do cérebro. Veja quais são as principais sequelas de um AVC e como tratá-las.
Quanto mais jovem for a pessoa acometida pelo AVC, maiores as chances de recuperação, pois conta com a neuroplasticidade, que é a capacidade de adaptação do sistema nervoso central e de reaprendizagem das funções perdidas.
Diagnóstico e tratamento de AVC em jovens
Ao chegar ao pronto atendimento, a equipe médica fará exames para confirmar a ocorrência de um AVC, o que pode ser feito com exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
A partir da confirmação do diagnóstico, a pessoa com AVC é prontamente submetida ao tratamento, que pode ser feito com a desobstrução da artéria afetada (angioplastia) ou com a drenagem do sangue para aliviar a pressão intracraniana.
Por que os casos de AVC em jovens aumentou
Segundo dados da Central Nacional de Informações do Registro Civil, os casos de AVC em jovens contribuíram para 17,2% dos óbitos por AVC em 2019, 18,5% em 2020 e 20% em 2021, com tendência de crescimento nos próximos anos.
Uma revisão sistemática com meta-análise de dados de 603.838 indivíduos publicada na revista The Lancet indicou que longas jornadas de trabalho estavam relacionadas com o aumento dos riscos de doenças coronarianas e AVC.
No estudo, foi observado que pessoas em idade ativa que trabalhavam 55 horas ou mais por semana apresentavam um risco 1,3 vezes (33%) maior de terem um AVC do que pessoas que trabalhavam entre 35 e 40 horas semanais.
O problema é agravado quando esse excesso de trabalho é acompanhado de:
- Sedentarismo: grande parte dos jovens nos dias atuais tem a possibilidade de trabalhar remotamente ou de realizar serviços que exigem pouca movimentação.
- Hipertensão arterial: a pressão arterial elevada danifica a parede dos vasos sanguíneos, deixando-a mais frágil e suscetível a rompimentos e obstruções.
- Diabetes, colesterol alto e obesidade: são problemas que normalmente resultam de maus hábitos alimentares e favorecem o acúmulo de placas de gordura dentro dos vasos sanguíneos.
- Tabagismo e uso de drogas ilícitas: fumantes e usuários de drogas ilícitas têm risco até 2 vezes maior de desenvolver AVC, segundo a Hcor, a Associação Beneficente Síria.
Esses fatores de risco costumam ser mais prevalentes em jovens que têm uma longa jornada de trabalho, pois geralmente têm menos tempo disponível para se exercitar e se alimentar adequadamente. Além disso, o estresse contribui para o aumento da pressão arterial e de doenças crônicas, como o diabetes.
Esses fatores também aumentam os riscos de AVC por ateroma, que é a aterosclerose causada pelo acúmulo de placas de gordura e/ou depósitos de cálcio no interior dos vasos, que levam à sua obstrução.
Além destes fatores, a recente pandemia de COVID-19 está ligada ao aumento dos riscos de formação de coágulos nas artérias, que podem desprender do seu local de origem e obstruir um vaso sanguíneo no cérebro, causando um AVC, ou nos pulmões, onde podem causar uma embolia pulmonar.
Por fim, o crescente número de diagnósticos de AVC em jovens também recebe influência do avanço da medicina, com relação aos exames de imagem. Com as novas tecnologias, é possível identificar pequenos AVCs muito antes deles manifestarem qualquer sintoma, que pode ocorrer somente em uma fase mais avançada da vida.
A prevenção é a melhor estratégia para evitar o AVC enquanto jovem e, também, em idades mais avançadas.
Hábitos como a prática regular de exercícios físicos e alimentação balanceada ajudam a preservar a boa saúde dos vasos sanguíneos, prevenindo problemas como hipertensão arterial e aterosclerose, que são importantes fatores de risco para o AVC.
Fontes e referências adicionais
- Long working hours and risk of coronary heart disease and stroke: a systematic review and meta-analysis of published and unpublished data for 603 838 individuals, The Lancet, 2015; 386(10005): 1739-1746.
- Acidente vascular cerebral em pacientes jovens: análise de 164 casos, Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 2001; 59(3B): 740-745.
- Fatores de risco para o acidente vascular cerebral (AVC), Anuário Pesquisa e Extensão Unoesc Xanxerê, 2020; 5: 1-11.
- Investigação etiológica do acidente vascular cerebral no adulto jovem, Medicina Interna, 2018; 25(3): 213-223.
- Acidente vascular cerebral no adulto jovem: estudo prospectivo de 58 doentes, Medicina Interna, 2008; 15(3): 161-168.
Fontes e referências adicionais
- Long working hours and risk of coronary heart disease and stroke: a systematic review and meta-analysis of published and unpublished data for 603 838 individuals, The Lancet, 2015; 386(10005): 1739-1746.
- Acidente vascular cerebral em pacientes jovens: análise de 164 casos, Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 2001; 59(3B): 740-745.
- Fatores de risco para o acidente vascular cerebral (AVC), Anuário Pesquisa e Extensão Unoesc Xanxerê, 2020; 5: 1-11.
- Investigação etiológica do acidente vascular cerebral no adulto jovem, Medicina Interna, 2018; 25(3): 213-223.
- Acidente vascular cerebral no adulto jovem: estudo prospectivo de 58 doentes, Medicina Interna, 2008; 15(3): 161-168.