Fígado

Cirrose hepática: sintomas, causas e tratamento

Publicado por
Dr. Lucio Pacheco

A cirrose hepática é uma doença que afeta o fígado e que possui uma série de causas diferentes, embora comumente esteja associada ao consumo crônico de bebidas alcoólicas.

Além disso, a cirrose pode causar sintomas graves e debilitantes, e deve ser tratada assim que o diagnóstico é feito, para evitar complicações de saúde.

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Então, a seguir vamos conhecer melhor o que é essa doença e os seus sintomas, além de entender o que pode levar à cirrose e quais são os possíveis tratamentos para o problema. 

Veja também: 8 tipos de hepatite – sintomas, causas e tratamentos

O que é a cirrose hepática?

Os estágios de um fígado saudável, passando pelo fígado gorduroso, à cirrose hepática

A cirrose hepática é uma doença grave, causada pela presença de cicatrizes no fígado, que com o tempo passam a substituir as células normais do órgão e a afetar o seu funcionamento.

Assim, com o tempo, o fígado vai perdendo suas funções, que incluem:

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  • Fabricação de algumas proteínas.
  • Armazenamento de nutrientes.
  • Fabricação de fatores de coagulação.
  • Sintetizar a bile, um dos “sucos gástricos” responsáveis pela digestão.
  • Desintoxicação do organismo.
  • Excreção de substâncias tóxicas.
  • Metabolismo de alguns nutrientes.

No entanto, vários fatores podem levar ao desenvolvimento da cirrose, como veremos a seguir:

Principais causas

As causas da cirrose hepática podem variar bastante, mas todas envolvem algum tipo de dano de longo prazo ao fígado.

Desta forma, começam a aparecer pequenas cicatrizes no órgão, que com o tempo passam a atrapalhar o seu funcionamento.

As causas mais comuns são:

  • Consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
  • Uso excessivo e crônico de certos medicamentos.
  • Hepatite autoimune e outras doenças imunológicas.
  • Doenças virais, como as hepatites B e C.
  • Doenças que prejudicam a função normal do fígado como a doença de Wilson e a hemocromatose.
  • Esteatose hepática, que é o acúmulo de gorduras no fígado.
  • Cirrose biliar primária, que é uma doença que atinge os ductos biliares.

Sintomas da cirrose hepática

Há uma série de complicações de saúde decorrentes da condição

Nos estágios iniciais da doença, os sintomas são leves e muitas vezes imperceptíveis. Mas, conforme o tempo vai passando e o tecido cicatricial se acumula, o funcionamento normal do fígado é prejudicado e a partir daí podem surgir os seguintes sintomas:

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  • Acúmulo de líquidos no abdômen, um problema conhecido como ascite.
  • Icterícia, que é a coloração amarelada da pele e dos olhos.
  • Náuseas e vômitos.
  • Fadiga.
  • Insônia.
  • Coceira na pele.
  • Perda de apetite.
  • Dor ou sensibilidade no abdômen.
  • Fraqueza.
  • Perda de peso.

Com a progressão da doença, os sintomas mencionados acima podem ficar mais intensos e novos sinais podem aparecer, como:

  • Batimento cardíaco acelerado.
  • Hematomas e sangramentos, principalmente no nariz e na gengiva.
  • Confusão mental.
  • Alterações de humor e de comportamento.
  • Queda de cabelo.
  • Cãibras musculares.
  • Problemas de memória.
  • Perda de desejo sexual.
  • Inchaço nos tornozelos, nos pés e nas pernas.
  • Febre frequente.
  • Falta de ar.
  • Vômito com sangue.
  • Escurecimento da urina.
  • Mudança na consistência e na cor das fezes, que costumam ficar mais claras do que o normal.

Complicações da doença

Com o  tempo, a cirrose hepática costuma causar algumas complicações de saúde, uma vez que o fígado já não funciona corretamente. São elas:

  • Insuficiência renal, pois a falta de regulação das proteínas do sangue pode causar danos aos rins.
  • Problemas de coagulação, pela menor produção dos fatores responsáveis pelo controle de sangramentos.
  • Maior risco de infecções.
  • Aparecimento de varizes esofágicas.
  • Desnutrição, pois o fígado já não consegue metabolizar corretamente  os  nutrientes.
  • Maior risco de desenvolver câncer de fígado.
  • Hipertensão portal, que é o aumento da pressão nas veias que suprem o fígado.
  • Problemas ósseos, com o aumento do risco de fraturas.
  • Encefalopatia hepática, que ocorre quando o acúmulo de toxinas no sangue começa a afetar o cérebro.

Além disso, a cirrose pode agravar alguns outros problemas de saúde que a pessoa tenha, como as doenças cardiovasculares.

Assim, o tratamento para a cirrose hepática deve ser seguido corretamente, de forma a evitar as complicações e melhorar a qualidade de vida da pessoa. 

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico de cirrose hepática é feito através da análise dos sintomas e de exames adicionais, dependendo do quadro clínico que a pessoa esteja apresentando.

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Mas, em geral, os exames incluem:

  • Exames de sangue de rotina, que avaliam a  função hepática.
  • Exames de imagem, como ressonância magnética, ultrassonografia e tomografia computadorizada.
  • Biópsia hepática.

Além disso, outros exames podem ser solicitados, para avaliar as possíveis causas e complicações da doença. São eles:

  • Testes de coagulação.
  • Sorologias para hepatite B e C.
  • Exames imunológicos.

Veja também: Principais exames para avaliar a saúde do fígado

Cirrose tem cura?

A cirrose hepática é uma doença crônica, e que até o momento não tem cura.

Entretanto, existem tratamentos que podem aliviar os sintomas e diminuir o avanço do problema.

Tratamento

É importante evitar bebidas alcoólicas para o tratamento

O tratamento da cirrose hepática normalmente inclui o controle dos sintomas e tratar as causas do problema. 

Assim, o tratamento pode incluir:

  • Evitar ao máximo o consumo de bebidas alcoólicas, já que o consumo de álcool é a principal causa da cirrose.
  • Evitar a automedicação.
  • Uso de medicamentos para tratar as hepatites, caso elas sejam a causa da cirrose.
  • Dieta para tratar e reverter a esteatose hepática.
  • Tratar outras doenças que possam estar causando danos ao fígado.
  • Transplante de fígado. Entretanto, esse tipo de tratamento é feito apenas em casos mais graves, quando existe algum doador compatível.

Além disso, existem algumas recomendações que podem ajudar a amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da pessoa que sofra com a cirrose, como:

  • Manter uma dieta balanceada, para garantir o suprimento de nutrientes para o organismo.
  • Realizar exercícios físicos, quando o estado de saúde permitir.
  • Adotar alguns hábitos de higiene mais incisivos, para evitar infecções.
  • Manter o calendário vacinal sempre atualizado.

Amenizando as complicações da cirrose hepática

Alguns tratamentos complementares podem ser indicados para aliviar alguns sintomas e tratar as complicações de saúde. Certos cuidados também devem ser tomados para evitar que a situação piore ainda mais.

  • Excesso de fluido no organismo: ingerir pouco sódio e utilizar medicamentos diuréticos pode ajudar a eliminar o fluido acumulado no corpo.
  • Infecções: antibióticos ou outros medicamentos para tratar infecções podem ser prescritos. Além disso, o médico deve solicitar que um paciente com cirrose tome vacinas para prevenir o contágio de doenças como a hepatite, a gripe e a pneumonia.
  • Risco de câncer de fígado: exames de sangue periódicos e ultrassonografias devem ser feitas com frequência para verificar como anda a saúde do órgão e para buscar sinais de câncer de fígado, que tem melhores taxas de cura se descoberto no início da doença.
  • Encefalopatia hepática: medicamentos podem ser prescritos para reduzir o acúmulo de toxinas no sangue.
  • Hipertensão portal: alguns remédios para regular a pressão arterial sanguínea podem ajudar a controlar o aumento de pressão que ocorre nas veias que suprem o fígado, chamada de hipertensão portal. Isso ajuda a evitar sangramentos graves.

​​Quando o transplante é uma opção?

Em casos muito avançados de cirrose, quando a função hepática fica completamente comprometida, o transplante de fígado passa a ser a única opção restante. No entanto, não é fácil encontrar um doador e o procedimento não é simples. 

Fontes e referências adicionais

Você já foi diagnosticado com cirrose hepática ou conhece alguém que já teve? Quais providências foram tomadas? Comente abaixo!

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Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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