De acordo com uma nova pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o jejum intermitente pode levar a episódios de compulsão alimentar ou desejo intenso por comida. O método é polêmico: um dos motivos para isso é a falta de evidências robustas que atestem a sua eficácia na perda de peso.
Em termos estatísticos, o estudo identificou uma relação diretamente proporcional entre as horas de jejum desperto, que é quando a pessoa faz um esforço ativo e consciente para não comer, e episódios de compulsão alimentar.
Os voluntários que tiveram episódios considerados moderados de compulsão alimentar ficaram, em média, 29% mais tempo sem comer entre uma refeição e outra, comparados com os que não estavam praticando o jejum intermitente.
Já os que apresentaram episódios severos de compulsão alimentar tiveram um tempo em jejum que chegou a ser 140% maior em relação aos não compulsivos.
O estudo também apontou que houve um aumento na escala de “desejo por comida” (ou food cravings) nesses períodos de jejum. Portanto, deduziu-se que quanto mais tempo em jejum, maior a propensão a enfrentar cravings e um episódio compulsivo.
Os pesquisadores destacaram uma negligência relacionada ao jejum intermitente: geralmente, o método é adotado por pessoas que já tentaram outras técnicas para perda de peso e acabaram frustradas.
A restrição imposta, portanto, reforçaria ciclos pouco saudáveis até a refeição seguinte, podendo piorar a compulsão, elevando a chance de desenvolver transtornos alimentares. Veja também: Jejum intermitente faz mal?
Como o estudo foi feito?
Na pesquisa, 458 estudantes da USP foram divididos em dois grupos: um que fazia o jejum intermitente (89 voluntários) e outro com os que não faziam (369).
Em seguida, eles foram comparados em pontos como compulsão alimentar, food cravings e a procura por alimentos “proibidos” na dieta (itens com muito açúcar, excessivamente gordurosos ou sem muito valor nutricional).
O artigo, que tem como nome “Tente não pensar em comida: uma associação entre jejum, compulsão alimentar e desejos por comida”, foi publicado no Journal of the National Medical Association. As informações são da Veja Saúde.