Não é à toa que o nome trombose assusta muitas pessoas. Afinal, o termo se refere à formação de coágulo dentro de um vaso sanguíneo, o que é perigoso, pois esses coágulos podem bloquear o fluxo de sangue.
Existem dois tipos principais de trombose: a venosa, que é quando o coágulo bloqueia uma veia, e a arterial, que é quando o coágulo bloqueia uma artéria.
As complicações de uma trombose dependem da sua localização, mas os problemas mais sérios incluem acidente vascular cerebral (AVC), ataque cardíaco e problemas de respiração.
Outro perigo é que o coágulo pode conseguir escapar do lugar onde inicialmente se originou e ir parar em uma região crítica do organismo, como os pulmões ou o cérebro, podendo causar uma emergência médica grave.
A trombose e a cirurgia

Um dos motivos que torna uma cirurgia capaz de aumentar as chances de desenvolver uma trombose é o fato do paciente ficar muito tempo parado durante e após o procedimento, o que atrapalha a circulação.
Quando uma pessoa fica parada por muito tempo, o sangue flui mais lentamente nas suas veias profundas, o que pode resultar em um coágulo.
A duração da cirurgia, o modo como o paciente ficou posicionado durante o procedimento e o tipo de anestesia utilizada também podem influenciar o risco de ter trombose após uma cirurgia.
Além disso, uma cirurgia pode fazer com que o corpo tente coagular de maneiras que podem ser perigosas.
Durante uma operação, tecidos, resíduos, gorduras ou colágeno podem ir parar na corrente sanguínea, fazendo com que o sangue ao redor dessas partículas fique mais espesso (grosso). Um coágulo se forma justamente quando o sangue engrossa e se aglomera.
Os coágulos sanguíneos também podem se formar se ocorrer algum dano às veias durante a cirurgia. Adicionalmente, as operações que envolvem a raspagem ou o corte de um osso podem liberar os chamados antígenos, substâncias estranhas ao organismo, que despertam uma resposta do sistema imunológico e podem resultar na formação de coágulo.
Um coágulo pode se formar após a realização de qualquer tipo de procedimento, porém é mais provável que ele se desenvolva em casos de cirurgias grandes, especialmente em regiões como o abdômen, a pelve, os quadris ou as pernas.
Mais especificamente, os procedimentos que trazem um risco maior de trombose incluem: reposição de joelho ou quadril, cirurgia para remoção de câncer, neurocirurgia e ponte de safena.
É mais provável que um coágulo se forme entre dois a 10 dias após uma cirurgia, porém as chances continuam altas por aproximadamente três meses.
Fatores que aumentam o risco de trombose
O risco de ter trombose após uma cirurgia pode ser maior para os pacientes que:
- Fumam.
- Já tiveram trombose venosa profunda no passado.
- Têm sobrepeso ou obesidade.
- Têm familiares próximos com trombose venosa profunda.
- Estão grávidas.
- Possuem alguma condição de saúde que afeta o sangue ou as veias.
- São mais velhos.
- Usam certos medicamentos, como anticoncepcional e terapia hormonal.
- Têm determinados tipos de câncer.
Como diminuir o risco de trombose após uma cirurgia?
Agora que já sabemos por quais motivos uma trombose pode ocorrer depois de um procedimento cirúrgico, podemos conhecer algumas estratégias de como diminuir o risco de trombose após uma cirurgia.
Logo que a cirurgia for agendada, vale a pena conversar com o médico para entender o que já pode ser feito para atenuar as chances de ter uma trombose.
Algo que pode ajudar a reduzir esses riscos mesmo antes do procedimento é trabalhar em cima daqueles fatores que aumentam ainda mais as chances de ter trombose, como vimos no tópico acima.
Por exemplo, o paciente que fuma pode tentar parar de fumar. Já para quem sofre com sobrepeso ou obesidade, perder alguns quilos em excesso certamente será útil.
Após a cirurgia
Além disso, o médico provavelmente elaborará um plano de prevenção da trombose para o paciente seguir após a cirurgia. Esse plano pode incluir:
Anticoagulantes
O médico pode prescrever anticoagulantes, medicamentos que fazem com que seja mais difícil para o sangue se aglomerar e formar coágulos.
No entanto, não é sempre que o médico prescreve um anticoagulante após uma cirurgia, já que eles também podem provocar um sangramento excessivo. O médico vai avaliar o caso em particular e determinar se o anticoagulante é uma boa escolha para o paciente em questão.
Diante disso, também é importante que o paciente pergunte ao médico sobre os riscos e benefícios do anticoagulante e tire todas as suas dúvidas.
Movimentar-se
Assim que puder, ou seja, estiver com pouca dor e não haja risco da cicatriz romper, o paciente deve contar com a ajuda dos enfermeiros para se levantar da cama e caminhar. Isso estimula a circulação do sangue e diminui o risco do aparecimento de trombos (coágulos).
Geralmente, o paciente já pode andar depois de dois dias, no entanto, isso vai depender do tipo da cirurgia que foi feita e das orientações médicas.
Além disso, dependendo do tipo da cirurgia, a equipe médica pode recomendar que o paciente faça alguns movimentos leves para ajudar a melhorar o fluxo sanguíneo. Por exemplo:
- Levantar as pernas, mesmo na cama.
- Movimentar os pés em círculos ou para cima e para baixo, cerca de 10 vezes a cada hora, sentado em uma cadeira ou deitado na cama.
- Apertar (contrair) os músculos das panturrilhas e das coxas regularmente.
Usar meias elásticas de compressão
O médico pode indicar o uso de meias elásticas de compressão para ajudar a manter o sangue fluindo e impedir que ele se junte ou acumule nas veias, o que pode causar a formação de coágulos.
Elas devem ser retiradas apenas na hora de fazer a higienização do corpo e precisam ser usadas pelo período determinado pelo médico, que pode ser entre 10 a 20 dias, até que o paciente volte a movimentar o seu corpo normalmente ao longo do dia e que possa realizar atividades físicas.
As meias mais utilizadas são as de média compressão, mas o médico pode indicar as meias de alta compressão em casos de maiores riscos, como nos pacientes com varizes grossas ou avançadas, por exemplo.
Massagem
Para o paciente que não pode fazer movimentos ainda que leves depois de uma cirurgia, a realização de massagem nas pernas com um óleo ou gel de massagem de três em três horas é útil para dificultar o acúmulo de sangue e a formação de coágulos.
Logicamente, a estratégia também pode ser usada como um reforço a mais nos pacientes que já estão se movimentando.
Quando estiver em casa
É fundamental que o paciente continue a seguir todas as orientações da equipe médica para diminuir o risco de trombose após uma cirurgia. É importante se movimentar ao máximo, dentro daquilo que o médico permitiu, para manter o sangue fluindo.
Além disso, se o médico prescreveu fisioterapia e o uso de remédios, o paciente deve continuar com esses tratamentos.
Se o médico orientou a usar as meias elásticas de compressão, o paciente precisa usá-las na frequência e duração de tempo indicadas pelo profissional. Sempre que retirar as meias, é importante que o paciente verifique se as pernas e pés não estão com vermelhidão ou feridas e avisar imediatamente o médico caso perceba mudanças na pele.
Ao mesmo tempo, para quem ainda não pode se movimentar tanto, as massagens e os movimentos leves feitos na cadeira ou cama do hospital podem continuar em casa com a ajuda de um parente ou amigo, sempre com cuidado e conforme as orientações da equipe médica, é claro.
Fontes e referências adicionais
- Tromboembolismo venoso: diagnóstico e tratamento, Sociedade Portuguesa de Cirurgia – Capítulo de Cirurgia Vascular.
- Trombose venosa profunda, BMJ Best Practice.
- Preventing deep vein thrombosis after surgery, Saint Luke’s Health System.
- Prevention and treatment of blood clots after hip and knee replacement surgery, National Blood Clot Alliance.
Fontes e referências adicionais
- Tromboembolismo venoso: diagnóstico e tratamento, Sociedade Portuguesa de Cirurgia – Capítulo de Cirurgia Vascular.
- Trombose venosa profunda, BMJ Best Practice.
- Preventing deep vein thrombosis after surgery, Saint Luke’s Health System.
- Prevention and treatment of blood clots after hip and knee replacement surgery, National Blood Clot Alliance.