Trombose na gravidez: sintomas, riscos, tratamentos e como evitar

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A trombose na gravidez é a formação de coágulos em vasos sanguíneos, que bloqueiam a passagem do sangue pelo local acometido. Este problema na circulação sanguínea é responsável por alguns casos de inchaço, vermelhidão, dor e sensação de peso na perna. 

O período da gestação é marcado por mudanças hormonais e físicas importantes, que podem dificultar a circulação sanguínea, especialmente na perna. A compressão do útero na região pélvica é um dos fatores que contribuem para a formação de coágulos capazes de obstruir alguns pontos dos vasos sanguíneos. 

A trombose é um problema potencialmente grave, que deve ser tratado em todas as circunstâncias, principalmente durante a gravidez. 

Veja mais detalhes sobre o que é a trombose na gravidez, os principais sintomas, quais são os riscos, os tratamentos e como evitar o problema. 

Trombose: o que é?

Trombose é a obstrução do fluxo sanguíneo em um vaso, que pode ser uma veia ou artéria, causada por um coágulo ou trombo. 

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A trombose pode ocorrer em veias superficiais, em veias profundas ou em artérias. Na gravidez, é mais comum ocorrer a trombose venosa profunda, também conhecida como TVP. Mas ela também pode afetar vasos e artérias da placenta ou do cordão umbilical. 

Ao comparar mulheres gestantes e não gestantes, as primeiras têm até 6 vezes mais chances de desenvolver trombose venosa profunda. O crescimento do útero e o peso neste órgão alteram a circulação sanguínea, sobretudo nas pernas. 

A trombose na gravidez é um fator determinante para o aumento das taxas de morbidade e mortalidade da mãe e do bebê, por isso é importante conhecê-la e tratá-la adequadamente. 

Sintomas de trombose na gravidez

Trombose
As pernas com trombose ficam doloridas, inchadas e “pesadas”

A trombose na gravidez produz alguns sintomas que podem ajudar a identificá-la: 

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  • Sensação de perna pesada.
  • Perna dolorida, inchada e quente.
  • Dor nas coxas, braços ou abdômen.
  • Endurecimento da pele na perna afetada
  • Mudança na cor da pele, ficando mais avermelhada ou azulada. 
  • Veias dilatadas e visíveis na perna.
  • Dificuldade para movimentar a perna e para andar.
  • Dor e sangramento na região do ânus.
  • Fraqueza em um lado do corpo.
  • Dificuldade para falar.

Uma gestante não costuma apresentar todos esses sintomas de uma só vez, pois eles variam conforme o tipo de trombose que ela apresenta. Em todo o caso, a identificação do problema e o tratamento são fundamentais para prevenir complicações para a gestante e para o bebê. 

Tipos de trombose

Os tipos de trombose que podem afetar as gestantes são:

  • Trombose venosa profunda: os coágulos se formam em veias profundas do corpo, geralmente dos membros inferiores (na panturrilha ou na coxa), mas também pode ocorrer nos membros superiores e na pelve. 
  • Trombose hemorroidária: quando a mulher tem hemorroida interna ou externa, ela fica suscetível a apresentar esse tipo de trombose. Neste caso, o coágulo pode se formar devido ao rompimento ou compressão da hemorroida, que levam ao acúmulo de sangue no local. 
  • Trombose placentária: os coágulos se formam nas veias ou artérias da placenta, reduzindo a passagem de sangue para o feto, que é refletido na diminuição de seus movimentos. Se não tratada, essa trombose pode levar ao aborto. 
  • Trombose no cordão umbilical: os coágulos se formam nas artérias ou na veia do cordão umbilical e também podem levar ao aborto.
  • Trombose cerebral: é quando um coágulo se forma em uma artéria que irriga o cérebro, provocando o acidente vascular cerebral (AVC). Veja quais são os sintomas do AVC. 

Risco de trombose na gravidez

Durante a gravidez, o risco da mulher sofrer com uma trombose é maior, porque a alteração hormonal aumenta a capacidade de coagulação do sangue. Quanto maior é a capacidade de coagulação sanguínea, maiores as chances de haver formação de coágulos, ou trombos, nos vasos sanguíneos. 

Provavelmente, essa maior tendência à coagulação do sangue seja uma resposta evolutiva de proteção da mãe e do bebê, para reduzir os riscos de hemorragia durante o parto. 

O risco de trombose é o mesmo durante todo o período de gestação, inclusive nos três meses após o parto. Mas o pico de incidência de trombose na gravidez ocorre no segundo trimestre da gestação. 

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Além disso, a perna esquerda é afetada com mais frequência do que a direita, devido à compressão da veia ilíaca esquerda pela artéria ilíaca direita, ao atravessá-la.

Apesar da gravidez ser um fator de risco, por si só, existem outros fatores que podem deixar a gestante mais suscetível ao problema: 

  • Já ter tido um quadro clínico de trombose em uma gravidez anterior.
  • Ter mais do que 35 anos de idade.
  • Já ter tido mais de 3 gestações. 
  • Estar grávida de gêmeos.
  • Estar acima do peso.
  • Ser cadeirante.
  • Ser tabagista.
  • Ter um quadro grave de varizes.
  • Ter doenças cardíacas, pulmonar ou artrite.
  • Ter síndrome do anticorpo antifosfolípide: uma doença autoimune rara em que o sistema imunológico ataca proteínas do sangue, aumentando o risco de formação de coágulos. Esta doença é responsável por alguns casos de abortos de repetição.
  • Ter trombofilia: uma predisposição à formação de trombos no sangue, devido a alterações nos fatores de coagulação sanguínea. 

O que fazer em caso de trombose na gravidez

Ao sentir uma dor repentina na perna, que piora com o passar do tempo e é acompanhada de inchaço, vermelhidão, aumento da temperatura local, endurecimento da pele e aparecimento de veias saltadas, a mulher deve buscar atendimento médico imediatamente. 

Isso porque a trombose é um problema de saúde bastante grave, que pode evoluir para uma embolia pulmonar, caso o trombo se desloque em direção aos pulmões, pelo fluxo sanguíneo. Nesse caso, a gestante desenvolve falta de ar, dor no peito e elimina sangue na tosse. 

Quando o coágulo se forma na placenta ou no cordão umbilical, a mulher não apresenta sintomas. Mas a percepção de diminuição dos movimentos do bebê pode ajudar a identificar um problema na circulação sanguínea nessas estruturas. Por isso, ao notar qualquer anormalidade, vale procurar atendimento médico. 

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Tratamento da trombose na gravidez

O tratamento da trombose na gravidez é feito com injeções de heparina, um anticoagulante que serve para dissolver os coágulos existentes e prevenir a formação de novos. 

Normalmente, após a identificação do problema, o tratamento é mantido até o final da gravidez e algumas semanas após o parto, geralmente 6. Isso porque no parto, muitas veias são rompidas na região abdominal e pélvica, podendo levar ao acúmulo de sangue e formação de coágulos. 

Ter um sangramento superior a 1 litro durante o parto e necessitar de transfusão são sinais de risco aumentado (de até 30 vezes) de trombose pós-parto. Essas mulheres são tratadas com anticoagulantes, meias de compressão e incentivo à movimentação o mais rápido possível após o parto. 

Como evitar a trombose na gravidez

Meia de compressão
O uso de meias de compressão pode ajudar a evitar a trombose

Existem alguns cuidados durante a gravidez que podem diminuir os riscos de ocorrer a formação de coágulos nos vasos sanguíneos. Discuta esses cuidados com seu médico ou médica, para saber quais são os mais indicados ao seu caso: 

  • Usar meias de compressão, para facilitar o retorno venoso do sangue, evitando inchaços. 
  • Fazer atividade física regular, apropriada para gestantes e, de preferência, com acompanhamento de um/uma profissional da educação física. Por exemplo, podem ser feitas caminhadas, pilates ou natação/hidroginástica
  • Evitar ficar na mesma posição durante muito tempo, seja sentada, deitada ou em pé. É importante se movimentar periodicamente, para estimular a circulação sanguínea. 
  • Evite ficar com as pernas cruzadas, pois isso dificulta a circulação nas pernas. 
  • Cultive uma alimentação saudável, rica em frutas, legumes, vegetais, proteínas e gorduras boas, e pobre em industrializados, que são ricos em açúcar, gordura, sódio e conservantes. Veja algumas dicas de alimentação para gestantes.
  • Não fume e evite ficar em locais onde há fumantes, pois isso aumenta o risco de trombose.
Fontes e referências adicionais

Você já teve trombose durante uma gestação? Qual tipo de trombose você desenvolveu? Como você descobriu que estava com trombose na gravidez? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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