A dieta de um fisiculturista é muito diferente da dieta dos atletas de outras modalidades, afinal, a intensidade dos treinos, a hipertrofia e o programa alimentar para definição muscular acabam gerando necessidades especiais.
Para ganhar os corpos volumosos e musculosos que eles ostentam por aí, é preciso muita dedicação aos treinos, porém, isso não é o suficiente para atingir a tão desejada hipertrofia muscular. A musculação não irá surtir nenhum efeito se não for feita uma dieta específica e equilibrada.
A alimentação do fisiculturista deve conter uma quantidade considerável de proteína, gorduras, carboidratos, vitaminas, minerais e água, seguindo boas orientações de um nutricionista e com disciplina no cardápio alimentício.
Mas você já parou para imaginar como é que funciona uma dieta de fisiculturista? Pois bem, é justamente sobre isso que nós vamos falar mais abaixo com detalhes!
Antes de tudo é importante saber que uma dieta de fisiculturista pode ser modificada de acordo com os resultados e a evolução de cada pessoa. Se você pretende ganhar músculos, por exemplo, é preciso comer mais, se a intenção é defini-los, é necessário diminuir a quantidade de alimento ingerido.
Um dos primeiros pontos da dieta de fisiculturista é estabelecer a quantidade de calorias que precisa ser consumida a cada dia. A taxa diária de ingestão calórica varia de acordo com o objetivo e intensidade do treino de cada pessoa, e justamente por isso não temos como definir uma quantidade exata neste tipo de dieta.
Daí a importância do atleta em contar com a ajuda de profissionais como treinadores e nutricionistas que poderão ajudá-lo a definir a quantidade de calorias que deve ingerir diariamente, tendo em vista o seu caso em especial.
Porém, como as calorias não são tudo e a composição alimentar também importa, não basta simplesmente sair comendo qualquer coisa até atingir a taxa calórica diária e esperar que os músculos apareçam.
Uma dieta de fisiculturista também precisa de equilíbrio e deve garantir que o corpo receba os nutrientes adequados. Logo, é necessário saber como dividir os nutrientes entre as refeições. Essa divisão fica basicamente assim:
Para um atleta que precisa consumir 2,9 mil calorias por dia, por exemplo, isso significa que ele deve comer 217,5 g de proteínas, 362,5 g de carboidratos e 64,4 g de gorduras diariamente. As proteínas são importantes porque são fundamentais para a construção dos músculos, já que são responsáveis por formar e reparar as fibras musculares.
Por sua vez, os carboidratos são necessários como fonte de energia. Os carboidratos ingeridos por meio da alimentação são armazenados em forma de glicogênio no fígado e nos músculos. O glicogênio armazenado nos músculos serve como fonte de energia durante a prática de exercícios físicos.
Já as gorduras devem estar presentes na dieta porque também fornecem energia aos músculos, fortalecem o sistema imunológico, regulam a temperatura do corpo, ajudam a manter a elasticidade da pele, oferecem a sensação de saciedade ao organismo e auxiliam na absorção de nutrientes importantes como as vitaminas A, D, E e K.
Entretanto, a proporção entre os nutrientes ainda pode variar de acordo com a intenção do praticante em determinado momento. Por exemplo, após alcançar o ganho de massa muscular, chamado de bulking, o foco passa para a perda de gordura, na chamada dieta de cutting, que tem o objetivo de definir os músculos.
Durante o bulking, também chamado de fase de volume, o foco está no ganho de massa magra. Para isso, é recomendado seguir a seguinte proporção de macronutrientes:
Uma dieta cutting foca na perda da maior quantidade possível de gordura, acompanhada da menor redução possível de massa muscular. Para isso, ela se baseia na restrição do consumo de carboidratos, que são a primeira fonte de energia acionada pelo organismo. Sem eles, a gordura é que se torna o principal combustível.
O cutting pode durar até oito semanas, no entanto, esse período pode variar conforme a porcentagem de gordura que se deseja eliminar e a intensidade dos treinos realizados por cada praticante. Essa dieta prevê que sejam feitas de cinco a sete refeições diariamente como forma de manter o metabolismo acelerado.
Ainda que haja a restrição de carboidratos, recomenda-se a ingestão do nutriente algumas vezes ao dia para ter energia e manter os músculos. Geralmente, indica-se consumir carboidratos antes e depois dos treinos e de 1 a 2 g do nutriente por quilo de peso corporal a cada quatro horas. Caso esse cuidado não seja tomado, o corpo pode passar a “quebrar” os músculos para obter energia, fenômeno conhecido como catabolismo.
O esquema pode funcionar assim: comer 25% da ingestão diária do nutriente de uma a duas horas antes do treino em forma de carboidratos de baixo índice glicêmico, como aveia ou batata-doce; ingerir 35% da quantia total logo após o treinamento em forma de carboidratos simples, como um shake de dextrose, por exemplo, e consumir os 40% restantes em carboidratos de baixo índice glicêmico.
Para preservar os músculos durante o cutting, a tática consiste em ingerir de 2 a 3 g de proteínas por cada quilo de peso corporal, de modo que elas estejam presentes em todas as refeições, inclusive antes e depois dos treinos.
A gordura não deve ser banida da dieta no cutting, mas sim controlada. Até porque sua ausência pode prejudicar o sistema imunológico e a produção de hormônios como a testosterona, que contribui com a manutenção dos músculos. Por outro lado, não dá para exagerar nas gorduras, fazendo com que as refeições fiquem muito calóricas.
De uma forma mais resumida, na fase de cutting, ou fase de “corte” (ou definição), é recomendado manter a seguinte proporção de macronutrientes diariamente:
Assim, a recomendação é que no máximo 20% das calorias diárias correspondam a gorduras (saudáveis, obviamente) e que no mínimo 15% da quantidade de calorias consumidas no dia sejam referentes ao nutriente.
A dieta de cutting também pode contar com um dia ou refeição do lixo, em que a pessoa pode comer sem obedecer a dieta.
Isso é importante devido ao fato de que a restrição por muito tempo pode causar desaceleração no metabolismo, fadiga, estresse muscular e queda no desempenho físico.
No dia ou na refeição do lixo, a taxa de carboidratos consumidos aumenta, a proteína é reduzida e a de gorduras é minimizada ao máximo.
Tanto no bulking quanto no cutting, o ideal é contar com o acompanhamento e supervisão de um nutricionista, que ajudará a montar o cardápio ideal de acordo com as características e objetivos de cada pessoa.
Na lista a seguir você confere alguns alimentos recomendados para fazer parte das combinações do cardápio da dieta de fisiculturista:
Alimento | Porção (g) | Calorias (kcal) | Proteínas (g) | Carboidratos (g) | Gorduras (g) |
---|---|---|---|---|---|
Carne de lombo de vaca grelhada | 28 | 64 | 9,3 | 0 | 2,8 |
Peito de frango | 28 | 49,7 | 9,6 | 0 | 1,2 |
Bacalhau | 28 | 32,6 | 7,1 | 0 | 0,3 |
Camarão | 28 | 30,8 | 6,5 | 0 | 0 |
Peito de Peru | 28 | 42,9 | 9,3 | 0 | 0,6 |
Ovo inteiro | 1 unid. | 74 | 6,29 | 0,38 | 4,97 |
Clara de ovo | 1 unid. | 17 | 3,6 | 0,24 | 0,06 |
Ricota fresca | 30 | 41 | 3,4 | 1,5 | 2,4 |
Iogurte natural sem gordura | 230 | 127 | 13,01 | 17,43 | 0,41 |
Queijo Cottage | 30 | 35 | 4,8 | 1 | 1,3 |
Amêndoa | 1 unid. | 7 | 0,26 | 0,24 | 0,6 |
Sementes de linhaça moída | 1 colher sopa | 37 | 1,28 | 2,02 | 2,95 |
Nozes | 28 | 183 | 4,26 | 3,84 | 18,26 |
Arroz integral | 1 xícara | 215 | 4,99 | 44,42 | 1,74 |
Aveia | 100 | 389 | 16,89 | 66,27 | 6,9 |
Batata-doce | 100 | 86 | 1,57 | 20,12 | 0,05 |
Maçã | média | 72 | 0,36 | 19,06 | 0,23 |
Abacate | 100 | 160 | 2 | 8,53 | 14,66 |
Banana | média | 105 | 1,29 | 26,95 | 0,39 |
Uvas sem sementes | 50 | 27 | 0,6 | 13 | 0 |
Laranja | 1 unid. | 62 | 1,23 | 15,39 | 0,16 |
Melão | 1 xícara | 53 | 1,3 | 12,73 | 0,3 |
Melancia | 100 | 30 | 0,61 | 7,55 | 0,15 |
Mamão | pequeno | 59 | 0,93 | 14,91 | 0,21 |
Lentilha cozida | 100 | 165 | 8,39 | 18,73 | 6,76 |
Aspargos | 1 xícara | 27 | 2,95 | 5,2 | 0,16 |
Brócolis | 1 xícara | 31 | 2,57 | 6,04 | 0,34 |
Cenoura | 100 | 41 | 0,93 | 9,58 | 0,24 |
Couve-flor | 1 xícara | 25 | 1,98 | 5,3 | 0,1 |
Pepino com casca | 100 | 15 | 0,65 | 3,63 | 0,11 |
Espinafre | 100 | 23 | 2,86 | 3,63 | 0,063 |
Tomate | médio | 22 | 1,08 | 4,82 | 0,25 |
Antes do treino, o atleta precisa certificar-se de que tem a quantidade suficiente de energia para se dedicar aos exercícios. Depois do treino, ele precisa nutrir o seu corpo adequadamente para que haja a recuperação e reparação devida, propiciando assim o crescimento dos músculos.
A recomendação para antes do treinamento é incluir carboidratos complexos como aveia ou batata doce na alimentação. Eles são compostos por uma estrutura maior de moléculas de açúcar e são absorvidos lentamente.
Isso quer dizer que não causam um aumento instantâneo nos níveis de glicose e fornecem energia de maneira constante e estável ao organismo. Vegetais, grãos e alimentos com baixo índice glicêmico também são exemplos de fontes de carboidratos complexos.
Incluir proteínas na refeição que antecede a malhação é importante porque esse grupo de nutrientes é necessário aos músculos e às células sanguíneas, que são as responsáveis pelo transporte de nutrientes até os músculos.
Comer um pouco de gorduras saudáveis antes de ir malhar também é benéfico para a dieta do fisiculturista. Elas servem como fonte de energia na ausência de carboidratos, ajudam a manter a temperatura adequada do corpo e funcionam como proteção a órgãos como o cérebro e coração, aos ossos, nervos e tecidos em caso de quedas, traumas ou impactos.
As gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas são consideradas gorduras boas e podem ser encontradas em alimentos como abacate, amêndoas, nozes, pistache, peixes como salmão, sardinha, atum, arenque e cavalinha, sementes de linhaça e sementes de chia, por exemplo. Conheça as diferenças entre gordura saturada e insaturada.
Os suplementos também fazem parte da dieta de fisiculturista. Uma boa opção é consumir suplementos de proteínas de rápida absorção antes da sessão de treino.
Após o treino, é fundamental consumir proteínas para os processos de reparação, recuperação e crescimento dos músculos. O consumo de carboidratos simples, aqueles que são rapidamente absorvidos e fornecem energia de forma veloz ao organismo, também é recomendado após o treino.
Isso porque depois de uma sessão intensa de exercícios, as reservas de glicogênio e glicose no sangue certamente estarão baixas.
Após um treinamento como esse, a prioridade do corpo será equilibrar seus níveis de açúcar no sangue, bem como reabastecer os reservatórios de glicogênio e não trabalhar no crescimento muscular.
Dessa forma, consumir carboidratos simples é uma boa forma de solucionar a questão e evitar que as proteínas sejam usadas como fonte de energia, além de acelerar o processo de recuperação.
A recomendação é consumir de 50 a 75 g de carboidratos simples depois do treino.
A quantidade baixa de glicose no sangue e glicogênio para servir de energia para as atividades que podem ocorrer após um período longo e intenso de exercícios também pode causar a degradação (catabolismo) do tecido muscular.
Uma forma de combater o problema é incluir aminoácidos como os de cadeia ramificada (BCAAs, sigla em inglês) na refeição após o treino.
Confira abaixo alguns exemplos de cardápios para uma dieta de fisiculturista:
A fase mais difícil da dieta de fisiculturista é a fase de cutting. Isso porque na fase de “corte”, o atleta obriga o corpo a quebrar gordura e acumular músculos ao mesmo tempo, o que não é um processo natural para o organismo.
É por isso que a alimentação regrada e o treinamento com pesos são essenciais para evitar a perda muscular enquanto o corpo queima gordura.
Algumas dicas práticas que podem ajudar a ter um corpo de fisiculturista ou bem próximo disso são:
Além disso, nada substitui uma alimentação de boa qualidade que inclua refeições com baixo teor de gordura saturada e de colesterol e com alimentos saudáveis como frutas, vegetais, leguminosas, grãos integrais, nozes, sementes e gorduras insaturadas.
O mais importante de tudo é ter um plano alimentar que seja específico para o seu estilo de vida e que seja focado nos seus objetivos individuais.
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O acompanhamento de um nutricionista não e tão caro como dizem .Tem para todos os bolso .Os caras gastam 1.000,00 de suplemento que o youtuber indica mas não paga 300 em um nutri .Ótima matéria
Gostaria de um acompanhamento e um cardápio para fisiculturismo
Bom dia,o que eu devo comer no café da manhã, no dia do campeonato de fisicuturismo, pêso 70 kg
Ótima publicação, um conteúdo bastante explicativo tanto para novos, como para indivíduos ou competidores mais experientes.
Sim conheço, eu mesma! Bora tonificar esse shape secar com saúde e perder gordura e ganhar músculos!!!
Vou seguir uma destas dietas.
Não sei nada sobre dieta. Comecei a fazer musculação com cinquenta anos. Gosto de malhar mas não dou muita bola para alimentação. Porém, de um tempo pra cá comecei a me importar e meu físico melhorou muito. Vou seguir alguma destas sugeridas.
Simplificado gostei, só não sei interpretar ainda essas siglas dos suplementos.
Mas gostei, estou iniciando na academia e gostaria de trincar os musculos.
Sigo uma dieta por conta própria. Iniciei o curso de nutrição a dois anos atras, mas não tive condições financeiras de concluir. Amo o mundo da dieta e vida saudável. Queria muito um dia poder subir aos palcos.
Essa matéria ajuda e muito, já que um acompanhamento é tão caro.
Obrigada!
Gostaria de seguir uma dieta e treino de definição, gostei do cardápio e dicas. Sou Educadora Física, 45 anos e uma genética privilegiada para ganho de massa muscular. Pretendo secar uns 8kg.