Você é daqueles que têm o hábito de ir se deitar muito tarde, acordar muito cedo ou faz as duas coisas e por conta disso não consegue descansar mais de cinco horas a cada noite? Cuidado, pois de acordo com o professor Russel Foster, que trabalha como neurocientista na Universidade de Oxford, nos Estados Unidos, dormir menos de cinco horas faz tão mal à saúde quanto o costume de fumar.
“Certamente existe uma cultura do tipo: ‘Bem, eu só tive cinco horas de sono na noite passada, como eu sou fantástico!’ Na verdade, você deveria menosprezar esse tipo de coisa. Da mesma maneira que tocermos o nariz para fumar, eu acho que a gente deveria torcer o nariz para não levar o nosso sono a sério”, afirmou o acadêmico.
A preocupação é que as noites mal dormidas não causem problemas somente para as pessoas que trabalham na área da saúde ou no trânsito, mas para qualquer um que precise tomar algum tipo de decisão importante, algo que acontece basicamente com praticamente todos os seres humanos.
“A gente vê isso muito com pessoas bem mais velhas. A falta de sono afeta uma porção de competências – a empatia, o processamento de informações, a habilidade de lidar com as pessoas -, porém, no topo da cadeia (está o fato de que) você pode ficar excessivamente impulsivo, com o pensamento prejudicado por conta desse problema”, disse.
O professor Foster também chamou a atenção das pessoas que acordam antes de amanhecer e não possuem noção de como esse hábito pode ser prejudicial ao funcionamento de seus cérebros.
“Às 4h da manhã a nossa capacidade de processar informações é similar (à que teríamos se tivéssemos tomado) uma quantidade de álcool que nos deixa bêbados – tão ruim quanto se a gente tivesse ingerido umas porções de uísque ou cerveja”, explicou.
A bronca do professor segue a mesma linha de estudos científicos que já mostraram que trabalhar em turnos noturnos – o que pode fazer com que o ciclo do sono fique desregulado – traz problemas como a aceleração do processo de envelhecimento e o aumento do risco do desenvolvimento de câncer, doenças no coração e diabetes do tipo 2.
“O pressuposto sempre foi que você se adapta a turnos noturnos e que o relógio biológico mapeará as demandas do trabalho a noite. Porém, as descobertas realmente extraordinárias de uma série de diferentes estudos indicam que você não se adapta”, comentou.
Um desses estudos foi realizado na Universidade de Toulouse, na França no ano passado e revelou que o cérebro de profissionais que trabalharam no período da noite nos últimos 10 anos envelheceram seis anos e meio a mais do que o esperado.
Os participantes dessa pesquisa francesa registraram uma habilidade mais baixa em relação à memória, na velocidade dos processamentos cerebrais e no funcionamento do cérebro de uma forma geral, do que as pessoas que trabalham no horário normal.
Outra pesquisa, dessa vez feita por meio de uma parceria entre a Universidade de Warwick, na Inglaterra e a Universidade de Nápoles Federico II, na Itália, em 2010, que analisou 16 trabalhos científicos que envolveram 1,3 mi de pessoas, identificou que aqueles que dormiam menos de seis horas por noite apresentaram uma chance 12% maior de morrer antes dos 65 anos de idade do que as pessoas que afirmaram dormir de seis a oito horas por noite.
Vale lembrar aqui que isso não pode ser levado como justificativa para dormir além da conta, tendo em vista que dormir mais do que o necessário também já foi associado ao risco de morte precoce.
Portanto, o ideal é descobrir a quantidade de horas que o seu corpo necessita para descansar e repor as energias e respeitar essa quantidade de horas, sem ir a mais ou a menos.