Um caso curioso ocorrido em 2019, mas que só foi divulgado agora, viralizou nas redes sociais recentemente. Uma mulher limpava o aquário de sua casa, quando contraiu uma bactéria rara que causa uma doença chamada melioidose.
Segundo o relato publicado na revista científica Emerging Infectious Diseases, a paciente de 56 anos residia no estado estadunidense de Maryland e foi internada com os sintomas de febre, tosse e dor no peito, que estava sentindo nos dois dias que antecederam sua procura pelo pronto-socorro.
Exames de imagem foram realizados no tórax da mulher e revelaram sinais de pneumonia enquanto os resultados laboratoriais sugeriram que ela tinha um número de células imunes no sangue muito maior do que o normal.
Com a suspeita de infecção, foi sugerida uma nova coleta de sangue em busca de microrganismos. Nessa etapa, foi identificada a presença da bactéria Burkholdria pseudomallei, responsável pelo desenvolvimento da melioidose, que pode prejudicar o funcionamento de diferentes sistemas do corpo.
A paciente tomou antibióticos durante diversos meses para diminuir a intensidade dos sintomas, além de ajudar a estimular o organismo a eliminar por completo a infecção.
Foi descartada a possibilidade de contágio na Oceania ou no sudeste asiático, onde esse agente patológico é mais recorrente no solo e na água, uma vez que a mulher nunca viajou para fora do território americano. Portanto, iniciou-se uma busca na casa da paciente.
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Foram coletadas amostras de água, cascalho, filtros e plantas artificiais de dois aquários no processo de investigação da fonte da bactéria. A análise de um desses viveiros, então, indicou positivo para a B. pseudomallei.
Em conversa com os cientistas, a paciente afirmou que a água desse segundo aquário costumava ficar mais turva do que o outro, além de haver um histórico de peixes mortos com frequência no recipiente. Para fazer a limpeza, ela colocava as mãos e braços sem proteção.
O caso foi concluído como a primeira vez que alguém contrai melioidose em um aquário. A possível razão do problema é a importação de suprimentos ou de peixes contaminados. A suspeita é que a vítima poderia estar com feridas abertas quando entrou em contato com a água contaminada ou que possa ter ocorrido a inalação de gotículas.
Após o episódio, mais amostras foram registradas no solo e na água na região da Costa do Golfo do Mississippi. Os dados apontam que estados próximos, como o Texas, também podem abrigar a bactéria. Outros eventos recentes foram veiculados a produtos importados contaminados, incluindo um spray de aromaterapia.
Sintomas
Além dos sintomas apresentados pela paciente, a melioidose pode causar dores de cabeça ou nos músculos, dificuldade de respirar, confusão mental e episódios de convulsão, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
Já nos casos mais graves, a doença pode provocar problemas no fígado, baço, próstata, articulações, ossos, linfonodos, pele e cérebro. Ainda há risco de que o indivíduo contaminado tenha sepse, uma infecção perigosa e letal na corrente sanguínea.
Algumas condições e situações podem deixar uma pessoa mais vulnerável a contrair a bactéria, como:
- Diabetes
- Consumo excessivo de álcool
- Doença hepática
- Doença renal
- Talassemia (distúrbio sanguíneo)
- Câncer ou outra condição que enfraqueça o sistema imunológico
- Doença pulmonar crônica (fibrose cística, doença pulmonar obstrutiva crônica e bronquiectasia)
- Viajar para áreas onde a doença é comum
- Inalar gotículas de água contaminada ou poeira do solo que ficam no ar após condições climáticas severas, como furacões ou chuvas fortes
- Manter trabalhos ou hobbies que podem colocar a pessoa em contato com solo ou água contaminados
- Beber água potável sem cloro ou não tratada
As estimativas sugerem que a melioidose leva a cerca de 89 mil mortes em todo o mundo por ano. No Brasil, existem registros da condição no Ceará, Mato Grosso, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Paraíba.