Giovanna Rossetti, 31 anos, convive com a dermatite atópica desde a infância. O problema persistiu na adolescência e na fase adulta. As pomadas com corticoide pareciam ser a solução para as lesões cutâneas, até que ela, que mora na Irlanda do Norte, desenvolveu a síndrome da pele vermelha.
A condição também é conhecida como síndrome da retirada de esteroides tópicos. “Ela ocorre quando para o uso prolongado de corticoides, especialmente os de alta potência, que são frequentemente usados para tratar condições dermatológicas, como dermatite atópica ou psoríase”, esclareceu a dermatologista Giuliana Miranda à Marie Claire.
Desde a infância, quando descobriu a dermatite atópica, Rossetti possui prescrição de dexametasona para tratar as crises na pele. No entanto, ela nunca tinha ouvido falar sobre os efeitos colaterais do medicamento.
“Até que, em agosto de 2023, meus olhos amanheceram inchados e com a pele ao redor ressecada”, contou ela à revista Marie Claire. Giovanna procurou atendimento médico, foi medicada com um colírio em creme e uma pomada de corticoide para a região seca.
Com a piora do quadro, um novo remédio foi prescrito por mais oito dias e as lesões cutâneas começaram a surgir. Rossetti foi encaminhada para um dermatologista, enquanto recebia a prescrição de novos fármacos à base de corticoides tópicos, para controlar as feridas.
“Começou a saga atrás de especialistas de pele. Eu dizia a eles que o que estava acontecendo era efeito colateral dos corticoides. Mas ninguém me ouvia. O que me deixa ainda pior mentalmente é que estou assim por uma prescrição médica errada, por um descaso”, desabafou.
Rossetti ficou sabendo sobre a síndrome da pele vermelha ao conhecer um grupo de pessoas com a doença. Ela achou um tratamento na Tailândia: se consultou com um médico do país por meio de telemedicina e recebeu o diagnóstico da condição. Em seguida, abriu uma vaquinha para custear o tratamento.
“Na clínica tailandesa, existe uma máquina chamada Cold Plasma Atmospheric, que atua curando as feridas de pele e reduzindo a inflamação. São realizadas sessões todas as semanas de quatro a 12 meses. O valor total do tratamento fica em torno de R$ 188 mil, incluindo passagem aérea, acomodação, sessões no aparelho, alimentação, produto utilizado depois da intervenção e transporte”, explicou.
Entretanto, a dermatologista Melissa Yoshimi, que conversou com a Marie Claire, disse que não conhece a indicação do Cold Plasma Atmospheric para a síndrome da pele vermelha.
De acordo com a especialista, o problema é irreversível e não há um tratamento ouro para ele, ou seja, um método que conte com evidências científicas que comprovem a sua eficácia.
Os desafios da condição
Os principais sintomas da síndrome da pele vermelha são: queimação ou ardor, coceira acompanhada de descamação, sensibilidade e vermelhidão, como já indica o nome. “É uma síndrome que tira a motivação de existir. Já falei para o meu marido que pedi a Deus, muitas vezes, que me levasse. Eu não aguento mais viver desse jeito”, lamentou a esteticista.
Ela passou a tentar disfarçar as feridas com roupas longas e lenços no pescoço, mas não conseguia esconder as marcas do rosto. Por isso, Giovanna decidiu parar de trabalhar.
“As feridas roubaram a minha vida. Tomar banho é uma tortura. A pele queima quanto sente o toque da água. Todo dia tenho que trocar os lençóis e aspirar a casa. Eu não consigo cozinhar porque o calor do fogão me queima mesmo com luva ou blusa de manga. Eu não posso nem pegar a minha filha no colo ou brincar com ela no quintal por causa do sol”, listou.
Além dos sintomas físicos, a esteticista também apontou os desafios psicológicos da condição. “Eu não me reconheço mais no espelho e não posso ter mais vaidade. Estou em crise há meses e não saio de casa. Mesmo fazendo terapia, é muito desafiador mentalmente. Não desejo isso para ninguém”, concluiu. As informações são da Marie Claire.