Quem nunca disse ou ouviu alguém falar que estava se matando de trabalhar e que não suportava mais o serviço?
Pois é, quando uma pessoa trabalha em algo que não gosta, todas aquelas horas fazendo o que detesta podem se transformar em um alto estresse. Além de provocar impactos negativos em seu bem-estar, saúde emocional, relacionamento com as pessoas e até saúde física.
No entanto, esse impacto pode ser até maior e durar mais. De acordo com o estudante de PhD em sociologia na Universidade Estadual de Ohio, Jonathan Dirlam, os primeiros empregos são o fator determinante mais importante para a saúde de uma pessoa aos 40 anos.
Dirlam liderou uma pesquisa sobre o tema. Ele afirmou que identificou um efeito cumulativo da satisfação com o trabalho em relação à saúde que aparece já no começo dos 40 anos.
Os cientistas por trás da pesquisa entenderam que, entre quatro grupos de pessoas que relataram diferentes níveis de satisfação com o trabalho ao longo da carreira, o grupo da “baixa satisfação” pontuou pior.
Eles demonstraram níveis altos de depressão, aumento de problemas para dormir e maior ansiedade e preocupação.
Já os participantes com um nível de satisfação alta em relação ao trabalho que começaram, mas que caiu ao longo da vida profissional, eram mais propensos a sofrer com problemas frequentes para dormir e preocupação excessiva.
Além disso, tinham pontuações mais baixas de saúde mental geral, em comparação aos que tinham uma satisfação consistentemente elevada com os seus trabalhos.
Outros problemas
Os efeitos negativos em relação à saúde física também não ficaram de fora. Os profissionais do grupo de “baixa satisfação” em relação ao trabalho tiveram aumento de dor na região lombar e resfriados mais frequentes.
Entretanto, vale registrar que em um cenário mais amplo, não foram constatadas muitas diferenças entre os grupos em termos de saúde física de maneira geral. Principalmente em problemas de saúde de longo prazo como câncer ou diabetes, ponderou a publicação.
O professor de psicologia da Universidade Estadual de Ohio Hui Zheng, que trabalhou ao lado de Dirlam no experimento, advertiu que a pesquisa analisou somente pessoas no início dos 40 anos de idade.
Zheng ainda alertou que níveis mais altos de problemas de saúde para as pessoas com baixa satisfação em relação ao emprego podem ser um precursor para problemas físicos futuramente.
O professor também afirmou que o aumento da ansiedade e da depressão podem resultar em problemas cardiovasculares ou outros tipos de problemas de saúde que não se manifestam até que o profissional já esteja mais velho.
Entretanto, Zheng destacou que não é necessário estar próximo ao estágio final da carreira para perceber os impactos da satisfação com trabalho, especialmente no que se refere à saúde mental.
Mas há uma boa notícia
Embora as pessoas menos contentes com seus empregos expressaram os claros efeitos dos seus trabalhos em relação à saúde mental, passar a ter direção em termos de satisfação ao longo do tempo com seus empregos amenizou os efeitos prejudiciais.
Isso porque a pesquisa também apontou que aqueles que inicialmente tinham sentimentos negativos em relação aos seus trabalhos, mas passaram a ficar bem satisfeitos, não apresentarem os mesmos problemas de saúde que as outras pessoas.
Assim…
O recado que a pesquisa deixa é que para quem não está feliz ou satisfeito com o trabalho ou não suporta o serviço, é melhor procurar uma ocupação que o deixe mais feliz.
No entanto, sabemos que as coisas não são tão simples assim. Afinal, as vagas dos sonhos não estão disponíveis para todo mundo. Além disso, as contas e as responsabilidades não esperam até que a pessoa encontre um trabalho que a faça verdadeiramente feliz.
Portanto, para quem não consegue mudar de serviço no momento, a recomendação é procurar auxílio médico e psicológico para cuidar bem da saúde.
O problema também pode residir na carga horária
Uma pesquisa francesa de 2019 apontou que cargas horárias longas (mais de 10 horas por dia, durante pelo menos 50 dias no ano) podem prejudicar o coração.
O estudo também indicou que quanto maior for o período contínuo pelo qual a pessoa trabalha por longas horas, mais alto é o risco de acidente vascular cerebral.
A pesquisa identificou que participantes que trabalhavam durante muitas horas registraram um risco 29% mais alto de sofrer um acidente vascular cerebral.
Ao mesmo tempo, os profissionais que seguiam essas longas cargas horárias de trabalho durante pelo menos 10 anos viam esse risco aumentar para 45%.
Observou-se a associação entre trabalhar por muitas horas e o risco de sofrer um acidente vascular cerebral de maneira semelhante nas mulheres e homens franceses.
Então…
A mensagem que fica é que mesmo quando uma pessoa ama o serviço, ao trabalhar muitas horas diárias, sua saúde poderá pagar um preço alto.
Portanto, se você possui uma carga horária diária de trabalho longa, vale a pena verificar a possibilidade de diminuir isso.
No entanto, independente disso ser possível, quem trabalha demais precisa ficar alerta quanto à sua saúde. Precisa cuidar-se para cortar os riscos de ter algum problema cardiovascular.
Um primeiro passo importante para fazer isso é marcar uma consulta médica. Além disso, passar a se alimentar de maneira mais saudável, excluindo os alimentos ruins para o coração da dieta também vai ajudar.