Alimentos ultraprocessados podem afetar humor e aumentar risco de depressão; entenda

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Uma pesquisa realizada pelo Centro de Rede de Pesquisa Biomédica da Espanha aponta que o consumo de alimentos ultraprocessados pode estar associado a sintomas depressivos e afetar o volume de substância cinzenta nas regiões frontais do cérebro.

O artigo, postado no Journal of Affective Disorders, também explora os efeitos da obesidade e dos níveis de inflamação. O estudo relaciona diretamente alimentos ultraprocessados à depressão, ao volume de substância cinzenta no circuito cerebral mesocorticolímbico e aos parâmetros de inflamação. A pesquisa foi liderada por dois departamentos do CIBER, o CIBERSAM (Saúde Mental) e o CIBEROBN (Fisiopatologia da Obesidade e Nutrição). Pesquisadores da Agência de Saúde Pública de Barcelona e do Instituto de Pesquisa de Sant Pau também colaboraram.

O experimento tem como objetivo lançar luz sobe os potenciais efeitos adversos que o consumo de alimentos ultraprocessados – como salgadinhos, bebidas açucaradas, alimentos de conveniência, doces processados, carnes processadas, biscoitos, laticínios açucarados, cereais refinados, pizzas e nuggets – pode ter na saúde mental e no cérebro.

Grande parte desses alimentos tem baixa densidade nutricional e maior concentração energética do que os alimentos não processados. São ricos em ácidos graxos saturados e trans, açúcares adicionados e sal, além de serem pobres em proteínas, fibras alimentares e micronutrientes.

Ademais, esses produtos geralmente contêm aditivos para melhorar suas qualidades sensoriais e imitar a aparência de alimentos minimamente processados, tornando-os comestíveis, saborosos, altamente atraentes e potencialmente viciantes.

Os pesquisadores principais do estudo, Oren Contreras-Rodríguez e José Manuel Fernández-Real, explicam que o objetivo é determinar a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e os sintomas depressivos, bem como fornecer novos dados sobre a associação entre o consumo desses produtos e os volumes de substancia cinzenta cerebral em 152 adultos.

Eles também tinham como objetivo explorar os efeitos da interação com a obesidade, bem como avaliar se biomarcadores inflamatórios mediam essas associações anteriores. “Como hipótese de trabalho, esperávamos que um maior consumo de alimentos ultraprocessados estivesse associado a um maior risco de sintomas depressivos e menor volume de substância cinzenta na amígdala e nas regiões frontais, especialmente em participantes com obesidade, visto que tendem a ter maior consumo de alimentos ultraprocessados”, afirma Contreras-Rodríguez. E, de fato, “os resultados confirmaram nossa hipótese”, observa Fernández-Real.

Para o estudo, foram recrutados 233 indivíduos, resultando em uma amostra final de 152 participantes. O foco era o consumo de alimentos ultraprocessados, então, informações sobe a dieta dos voluntários do último ano foram coletadas por meio de questionários de frequência alimentar validados.

O sistema de classificação de alimentos NOVA, por sua vez, foi utilizado para identificar alimentos e bebidas com base em seu grau de processamento. Por fim, também foi calculada a porcentagem de consumo de alimentos ultraprocessados na dieta geral.

Sintomas depressivos também foram avaliados e foi realizada ressonância magnética estrutural. Diversos parâmetros metabólicos e biomarcadores inflamatórios foram medidos, como contagem de leucócitos, proteína de ligação a lipopolissacarídeos e proteína C-reativa.

Um dos principais resultados é a associação entre maior consumo de alimentos ultrapocessados maior presença de sintomas depressivos, além de menor volume em regiões cerebrais envolvidas no processamento de recompensa e monitoramento de conflito, aspectos essenciais da tomada de decisões, incluindo as alimentares.

É destacada também a mediação da contagem de glóbulos brancos na associação entre consumo de alimentos ultraprocessados e sintomas depressivos.

A associação entre o consumo desses produtos e sintomas depressivos foi especialmente notável no grupo obeso (58,6% dos participantes), que inicialmente apresentou maior presença de sintomas depressivos em comparação ao grupo não obeso.

Em conclusão, a pesquisa corrobora evidências anteriores e fornece novos dados que relacionam hábitos alimentares a mudanças na estrutura de redes cerebrais específicas. Além disso, demonstra que essas associações podem depender da presença de obesidade e dos níveis de inflamação periférica.

Atualmente, os transtornos depressivos estão entre as condições psiquiátricas mais comuns em todo o mundo, limitando severamente o funcionamento psicossocial e diminuindo significativamente a qualidade de vida de quem os sofre. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 280 milhões de pessoas vivem com depressão.

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