Alimentação adequada e constância são importantes para a construção de massa muscular. No entanto, cientistas descobriram que os resultados podem ficar ainda melhores quando os exercícios são combinados com a estimulação elétrica neuromuscular (EENM).
A meta-análise foi publicada na revista científica European Journal of Applied Physiology e revisou 13 estudos em que participantes realizaram exercícios de resistência tradicionais (aqueles que utilizam pesos ou aparelhos com mais de oito repetições e são feitos intervalos de descanso), como o supino ou o agachamento, enquanto usavam dispositivos de estimulação elétrica neuromuscular. A técnica produz correntes elétricas por meio de eletrodos fixados no corpo que estimulam os nervos e músculos.
Na sequência, foram comparados os resultados daqueles que utilizavam os estimuladores elétricos durante o exercício com as pessoas que fizeram as atividades sem a estimulação. a massa muscular e a força dos participantes foram avaliadas tanto no início quanto no final de cada estudo. Ademais, os períodos de treinamento para os participantes variaram de duas a 16 semanas, com durações apresentando melhores resultados.
Sudip Bajpeyi, professor do Departamento de Cinesiologia da Universidade do Texas em El Paso explica: “Em condições normais, o cérebro ativa os músculos enviando sinais pelo sistema nervoso. EENM imita esse processo ao fornecer correntes elétricas externas aos nervos, fazendo com que os músculos se contraiam, sem entrada do cérebro. Pense nisso como se seus músculos estivessem se contraindo involuntariamente”.
No comunicado, a equipe do laboratório Metabolic Nutrition and Exercise Research (MiNER), da Universidade do Texas, em El Paso, diz que o próximo passo é entender se estimulação elétrica neuromuscular pode ajudar a regular os níveis de glicose no sangue e reduzir o risco de diabetes tipo 2.
“A técnica tem grande potencial para melhorar a saúde metabólica ao construir massa muscular, o que pode ajudar o corpo a processar a glicose sanguínea de forma mais eficaz”, pontua Bajpeyi.
Como a estimulação neuromuscular é utilizada
Geralmente, a estimulação neuromuscular é aplicada na reabilitação motora, especialmente em casos de sequelas após acidente vascular cerebral (AVC). Devido à interrupção de estímulos nervosos, a passagem de corrente elétrica iniciada pelos dispositivos NMES recupera a conexão perdida entre músculos e nervos e, assim, consegue gerar contrações involuntárias nos músculos.
Esse método também é aplicado de forma terapêutica em casos de pessoas acometidas por osteoartrite de joelhos (OJ), ou artrose, doença degenerativa que compromete os ossos da região dos joelhos.
No entanto, vale lembrar que a técnica deve ser aplicada com a ajuda de um profissional especializado, para o ajuste adequado dos eletrodos, da frequência da corrente, duração do impulso e outros fatores de segurança.
Existem algumas academias que utilizam a eletroestimulação muscular como forma de treino no Brasil, que envolvem poucas máquinas de musculação. Na maioria desses locais, os exercícios podem ser feitos em até 20 minutos.
Entretanto, a troca do treinamento de força pela prática exclusiva da eletroestimulação muscular em indivíduos saudáveis ainda causa debates entre estudiosos da área da saúde e da Educação Física. “O choque é estimulação por si só, não tem efeito direto no tecido adiposo, por exemplo, então a pessoa não vai emagrecer (se esse for o objetivo junto ao ganho de massa) apenas utilizando essa técnica)”, aponta Paulo Gentil, especialista em Ciências da Saúde pela Universidade e Brasília (UnB), ao jornal O Globo.