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Tipos de pedra nos rins e como prevenir

Publicado por
Dr. Lucio Pacheco

Há quatro tipos principais de pedras nos rins, que diferem quanto às suas composições: pedras de oxalato de cálcio, de ácido úrico, de estruvita e de cistina. Você pode descobrir o tipo de pedra, ao levá-la para ser analisada em laboratório, caso consiga coletar da urina.  

Todas elas resultam em cristais sólidos que provocam cólicas dolorosas quando se movimentam no sistema urinário, do rim para a bexiga. 

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Esses sais ácidos e minerais podem se juntar quando estão concentrados em pouco volume de urina, o que ocorre quando uma pessoa combina uma dieta rica nesses sais e não bebe água adequadamente.  

Em termos práticos, os sintomas produzidos pelos diferentes tipos de pedras nos rins são os mesmos, com destaque para as cólicas intensas na lateral do abdômen e nas costas, geralmente acompanhadas de náuseas. 

Os tratamentos também não são diferentes, envolvem o uso de analgésicos e anti-inflamatórios para controlar a dor, e procedimentos médicos para fragmentar as pedras, facilitando a sua eliminação na urina. 

Apesar dos sintomas e tratamentos serem semelhantes para todos os tipos de pedras nos rins, a forma de prevenção, especificamente a dieta, difere um pouco. O ponto comum de todas elas é a necessidade de se ingerir quantidades adequadas de água.

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Veja qual é a alimentação mais apropriada para prevenir a formação de cada tipo de pedra nos rins.  

Pedra de oxalato de cálcio

Pedra de cálcio é o tipo mais comum de pedra nos rins, contabilizando cerca de 80 a 90% dos casos. As pedras de oxalato de cálcio são as mais comuns nesta categoria, mas também podem ocorrer pedras de fosfato de cálcio. 

Elas tendem a se formar em pessoas que possuem alta concentração de cálcio na urina, que pode acontecer por algum distúrbio que aumenta a eliminação desse mineral na urina, ou pelo uso contínuo de corticoides, diuréticos ou antiácidos. 

Pessoas que apresentam esse tipo de pedra eliminam urina com cor turva e cheiro forte, acompanhada de sensação de dor e ardência. 

Como prevenir

O consumo excessivo de alimentos ricos em oxalato, como alguns de origem vegetal que são ricos nessa substância, dentre eles o espinafre, as amêndoas e a beterraba, é um fator de risco para a formação desse tipo de pedra nos rins. 

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O oxalato excedente, que não é totalmente absorvido no intestino, vai para a corrente sanguínea. Quando ele chega aos rins, pode encontrar o cálcio e se juntar a ele, formando um cálculo renal.

Pode parecer, então, que o ideal seria diminuir o consumo de oxalato e de cálcio. Mas, o recomendado é reduzir a ingestão de oxalato e aumentar a de cálcio, quando for consumir algum alimento que contenha oxalato. 

Isso porque o cálcio se liga ao oxalato no intestino, facilitando a sua eliminação nas fezes, logo, menos oxalato é reabsorvido na corrente sanguínea, por meio da qual poderia alcançar os rins e causar problemas.

Sabendo disso, quando for consumir algum alimento rico em oxalato, misture-o a algum derivado do leite, como queijo ou iogurte. 

Confira quais são os alimentos mais ricos em oxalato e como diminuir a sua absorção.  

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Também é importante diminuir a ingestão de sal, reduzindo a quantidade adicionada no preparo dos alimentos, e o consumo de alimentos ricos em sódio, como os embutidos. 

Pedra de ácido úrico

O ácido úrico em excesso pode criar cristais na urina e pedras nos rins

O ácido úrico se forma e acumula no corpo, em resposta a alterações químicas no organismo, que deixam a urina mais ácida

O ácido úrico tem origem no excesso de proteínas, que formam cristais que não conseguem se dissolver bem na urina ácida e, por isso, se aglomeram formando pedras.

O problema ocorre com mais frequência em pessoas com sobrepeso, portadoras de diabetes do tipo 2, que têm gota, que consomem muita proteína, ou que sofrem com diarreia crônica. 

Esse é o segundo tipo mais comum, responsável por 5 a 10% dos casos de pedras nos rins.

Como prevenir

Deve-se reduzir o consumo de proteínas em geral, principalmente de origem animal, como:

  • Carnes vermelhas: boi, porco, vísceras.
  • Carnes processadas: salsicha, linguiça, presunto, mortadela, peito de peru e salame.
  • Frutos do mar: caranguejo, camarão, mexilhão, ovas e caviar.

Também deve-se evitar bebidas alcoólicas, especialmente a cerveja, e os molhos industrializados, como os caldos de carne. 

Grãos como feijão, soja, ervilha e grão-de-bico devem ser consumidos com moderação. 

Veja o que comer em uma dieta para quem tem ácido úrico elevado no sangue.  

Pedra de estruvita

Esse tipo de pedra não é comum (1% dos casos), e resulta de uma infecção no trato urinário por algumas espécies de bactérias, especialmente a Proteus mirabilis.  

Esses microrganismos modificam o pH da urina, deixando-o menos ácido. Esse ambiente propicia a formação de cálculos de fosfato de amônio e magnésio, que constituem a estruvita. 

O crescimento desse tipo de pedra se destaca por ser rápido, podendo, inclusive, obstruir todo o rim, ao formar cálculos coraliformes (em forma de corais). Esse tipo de situação exige tratamento imediato, para que a função renal não seja perdida.   

Pessoas que apresentam infecções crônicas no trato urinário apresentam maiores riscos de desenvolver pedras de estruvita nos rins. 

Como prevenir

Para evitar a formação das pedras de estruvita, é importante aumentar o consumo de alimentos que fortalecem o sistema imunológico. Aqui você encontra uma lista de alimentos e outras dicas que ajudam a fortalecer o sistema imunológico.

Outra recomendação válida é consumir cranberry (oxicoco ou arando), uma fruta vermelha e pequena produzida nos Estados Unidos, Canadá e Chile. No Brasil, ela só é encontrada na forma de polpa e de sucos. 

Mas, você pode encontrá-la facilmente na forma de cápsulas, muito usadas no tratamento preventivo de candidíase e de infecção urinária

Pedra de cistina

As pedras de cistina são muito raras, constituem menos de 1% dos casos, pois estão associadas a uma doença metabólica hereditária rara, a cistinúria.

Essa doença faz com que a cistina, um aminoácido, não seja reabsorvida pelos rins, ficando acumulada na urina, onde forma as pedras. Geralmente, esse tipo de pedra começa a se formar logo na infância.

Como prevenir

Esse tipo de pedra é difícil de se prevenir, por estar associada a uma doença hereditária. Mas, as recomendações gerais de reduzir o sal da dieta e aumentar a ingestão de água são válidas também neste caso.  

Quanto beber de água por dia

Beber bastante água é essencial para evitar pedras nos rins

A desidratação é um dos fatores mais influentes na formação de pedras nos rins, não importa o tipo. 

Por isso, atentar-se à quantidade de água ingerida no dia é a medida mais importante para se prevenir outro episódio doloroso de pedras nos rins

A quantidade diária ideal de água varia com o peso e, também, com o nível de atividade física e temperatura externa. 

Para dias não muito quentes e com pouca atividade física, você pode utilizar o fator de 35 mL para cada quilo de peso corporal, para calcular a quantidade ideal de água. Então, se você pesa 60 kg, deve ingerir 2,1 litros de água por dia. 

Agora, se você vai à academia ou pratica alguma atividade ao ar livre, num dia de sol, você pode utilizar o fator de 50 mL para cada quilograma de peso corporal, considerando que você perde mais água pela transpiração em situações como essas. Então, nesse dia quente e de muita atividade física, você deve beber 3 litros de água. 

Fontes e referências adicionais

Você já teve pedras nos rins? Quais foram as orientações que seu médico ou médica te passou para evitar outras pedras? Quais alimentos você passou a evitar? Comente abaixo!

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Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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