Cristais de oxalato de cálcio na urina: causas e como evitar

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Os cristais de oxalato de cálcio detectados na urina são uma das causas mais comuns de pedras nos rins. Esses cristais são formados nos rins pela combinação do oxalato com o cálcio, principalmente quando há pouca água na urina.

Segundo dados do centro médico da Universidade de Rochester, o nível normal de oxalato de cálcio na urina deve ser inferior a 45 mg por dia. Essa informação é obtida por meio do exame de urina de 24 horas.  

Ter o hábito de beber pouca água e consumir alimentos ricos em oxalato, que está presente em abundância em alguns alimentos de origem vegetal, como espinafre e beterraba, são fatores de risco para a formação de oxalato de cálcio na urina.  

Existem maneiras de evitar a formação de oxalato de cálcio na urina e envolvem, basicamente, mudanças na dieta e ingestão adequada de água. 

É muito importante prevenir esse problema, para que não se torne algo mais grave, como pedras nos rins ou infecção urinária. 

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Veja as principais causas relacionadas com a formação dos cristais de oxalato de cálcio na urina e como evitá-las. 

Causas da formação de oxalato de cálcio na urina

Exame de urina
Os cristais de oxalato de cálcio na urina são um sinal de alerta

Nem sempre a presença de cristais de oxalato de cálcio na urina indica que você está com pedras nos rins. 

Mas, é um sinal de alerta para você identificar as possíveis causas desse problema, que podem estar na alimentação, na quantidade de água ingerida, no consumo excessivo de vitamina C ou ter relação com outras condições de saúde, que devem ser tratadas. 

Consumo de alimentos ricos em oxalato

O oxalato está presente, em níveis variados, nos alimentos de origem vegetal, como: 

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AlimentoPorçãoOxalato
Espinafre cozido½ xícara755 mg
Espinafre cru1 xícara656 mg
Ruibarbo½ xícara541 mg
Carambola100 g730 mg
Amêndoas30 g (22 unidades)122 mg
Beterraba½ xícara76 mg
Batata assada com a casca1 unidade média98 mg
Feijão branco½ xícara76 mg
Batata frita½ xícara51 mg
Proteína de soja30 g27 mg

Normalmente, uma pessoa consome entre 200 e 300 mg de oxalato em um dia. A recomendação para pessoas que enfrentam o problema de pedras nos rins é de que o consumo diário não ultrapasse 100 mg de oxalato. Para alguns casos mais graves, o consumo não deve ultrapassar 50 mg de oxalato por dia. 

Ao chegar no trato gastrointestinal, esses alimentos são digeridos, seus nutrientes são absorvidos e o produto final da digestão é eliminado nas fezes. 

Parte do que não é absorvido volta para o sangue e é filtrado pelos rins, para ser eliminado através da urina. Nesse processo, o oxalato é transformado em ácido oxálico, que pode se ligar ao cálcio presente na urina e formar os cristais de oxalato de cálcio. 

Isso significa que é melhor evitar o leite e seus derivados, por causa do cálcio? Não. 

Pelo contrário, a sugestão é que você aumente o consumo de cálcio na sua dieta, porque ele se liga ao oxalato no trato gastrointestinal, promovendo a sua eliminação nas fezes. Isso diminui a absorção da substância pelos rins, onde ele tem potencial de formar os cristais de oxalato de cálcio. 

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Assim, quando for consumir algum alimento rico em oxalato, tente misturá-lo a algum derivado do leite, como queijo ou iogurte. 

Baixa ingestão de água

Além do consumo de alimentos ricos em oxalato, outras causas podem estar envolvidas na formação de oxalato de cálcio na urina. Uma delas é a baixa ingestão de água, que acaba concentrando ainda mais o oxalato nos rins e tornando mais fácil a sua aglomeração em cristais. 

Ter uma dieta muito rica em proteínas e sal também pode facilitar a formação de cristais de oxalato de cálcio na urina. 

A baixa ingestão de água é uma das principais responsáveis pela alteração na urina, quanto à presença de oxalato de cálcio. Às vezes, a presença desse composto indica apenas que você deve beber mais água, principalmente quando não há outro sinal ou sintoma de pedras no rim associados. 

Excesso de vitamina C

O excesso de vitamina C também pode provocar a formação de cristais de oxalato de cálcio. 

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O fígado é o órgão responsável por metabolizar a vitamina C, transformando-a em ácido oxálico e, ao liberar a substância em excesso, acaba aumentando as chances dela se combinar com o cálcio e formar os cristais na urina. 

Doenças associadas

Algumas doenças podem deixar uma pessoa mais suscetível à formação de cristais de oxalato de cálcio na urina, são elas: 

  • Hiperparatireoidismo: uma doença que provoca o aumento da produção do hormônio paratormônio, que causa o aumento dos níveis de cálcio no sangue e diminuição desse mineral nos ossos. Veja para que serve o exame PTH
  • Doenças inflamatórias intestinais: as mais associadas são a retocolite ulcerativa, bem como a doença de Crohn
  • Doença de Dent: uma doença rara e hereditária, que afeta os rins. Além da doença de Dent, qualquer alteração nas funções dos rins, seja por inflamação, infecção ou insuficiência, podem provocar a formação dos cristais na urina. 
  • Diabetes: a desregulação do diabetes devido à falta ou não eficácia do tratamento pode alterar a função renal e favorecer a formação de oxalato de cálcio na urina. Além disso, pacientes com diabetes tendem a apresentar infecção urinária de repetição, outro fator de risco para a formação dos cristais de oxalato de cálcio. 
  • Bypass gástrico: esse procedimento desvia o trânsito dos alimentos, fazendo com que a gordura chegue mais rápido no intestino para ser liberada nas fezes, assim ela é menos absorvida pelo corpo. Porém, a gordura livre pode se ligar ao oxalato e ao cálcio, dando origem aos cristais. 

Como evitar a formação dos cristais de oxalato de cálcio

Dor nos rins
Algumas mudanças no cotidiano ajudam a evitar a formação dos cristais

Na maioria das vezes, um simples ajuste da quantidade ou do modo de preparo dos alimentos que você consome no dia, juntamente com o aumento na ingestão de água, podem resolver o problema de cristais de oxalato de cálcio na urina. Confira algumas dicas: 

  • Beba mais água: a quantidade de água ideal varia conforme o peso e as atividades que você desempenha. Veja o quanto de água você deve beber por dia e confira algumas dicas que vão te ajudar a colocar esse hábito em prática. 
  • Reduza o sal da sua dieta: o sal ou sódio levam ao aumento da excreção urinária de cálcio. Um ambiente com pouca água, muito sódio, cálcio e oxalato promove a formação dos cristais. Veja qual a quantidade recomendada por dia
  • Evite o excesso de proteínas: as proteínas são um ótimo macronutriente para a manutenção dos nossos músculos, mas deve-se ter cuidado para não exagerar. O recomendado é que a quantidade de calorias ingeridas em proteínas não exceda 30% das suas calorias totais diárias. 
  • Aumente a ingestão de cálcio: não tenha medo de consumir cálcio, pois ele ajuda a diminuir a absorção de oxalato nos rins, além de manter a boa saúde dos seus ossos. Confira alguns alimentos ricos em cálcio
  • Reduza a ingestão dos alimentos ricos em oxalato e evite consumi-los cru: um exemplo importante de ser lembrado é a beterraba, muito usada em sucos detox. Lembre-se de consumir esse legume sempre cozido, evitando colocá-la em sucos e saladas cruas.  
  • Faça o remolho dos grãos: antes de cozinhar os grãos, deixe-os de molho por 10 a 12 horas, trocando a água pelo menos uma vez. 
Fontes e referências adicionais

Você sabia dos riscos de apresentar níveis elevados de oxalato de cálcio na urina? Qual dos alimentos citados mais te impressionou, quanto aos níveis de oxalato? Você achava que consumir cálcio poderia causar pedras nos rins? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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