Para quem está com o peso muito acima do ideal e não consegue emagrecer somente com uma dieta saudável e equilibrada e com a prática regular de atividades físicas, a utilização de medicamentos que induzem a perda peso mostra-se como uma alternativa.
Obviamente, para não oferecer prejuízos à própria saúde e não sofrer com efeitos colaterais graves que o remédio em questão possa trazer é fundamental ter a indicação e orientação do médico a respeito de qual produto utilizar. Até porque antes de perder peso, o essencial é descobrir maneiras de se conseguir emagrecer com saúde.
Além disso, também é importante conhecer o maior número de informações que puder sobre o remédio para emagrecer antes de começar a fazer o seu uso. Pensando nisso, no artigo de hoje veremos dados sobre um desses produtos para perda de peso: o Acomplia, um medicamento produzido pelo laboratório francês Sanofi (anteriormente chamado de Sanofi-Aventis) e indicado para tratar a obesidade em pacientes que possuam fatores de risco como diabetes do tipo 2 e dislipidemia, uma condição em que a taxa de gorduras no sangue fica muito elevada.
Medicamento foi suspenso pela Anvisa no ano de 2008
Antes de tudo, é importante saber que o medicamento que é conhecido ainda pelo nome de Rimonabanto e chamado de pílula anti-barriga, teve sua comercialização, importação, exportação e distribuição proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em novembro no ano de 2008.
A justificativa apresentada para a decisão na época foi que o remédio trouxe o dobro de chances de desenvolvimento de problemas psiquiátricos como ansiedade e depressão aos consumidores em comparação com pessoas que não utilizaram o produto.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) já havia recomendado a retirada do remédio dos países da União Europeia em outubro do mesmo ano. Já a agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos (FDA) proibiu a comercialização do medicamento em junho do ano de 2007.
Acomplia funcionava?
Ao que tudo indica sim. Pelo menos de acordo com uma pesquisa realizada no Hospital da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, e publicada na revista científica The Lancet.
O estudo em questão analisou 1507 voluntários que sofriam com obesidade ou estavam acima do peso e moravam na Europa ou nos Estados Unidos e fizeram uso de Acomplia. Destes, 920 concluíram o tratamento ao longo de um ano, em que também tiveram que excluir 600 calorias da sua taxa de consumo diário.
O resultado observado pelos pesquisadores foi que os participantes perderam, em média, 8,6 kg em um ano, com redução de, em média, 8,5 cm de cintura. 39% das pessoas que tomaram o remédio ainda conseguiram eliminar uma quantia equivalente a 10% de seu peso corporal, além de terem reduzido os seus níveis de colesterol.
Entretanto, isso não veio de graça: o trabalho científico registrou também a ocorrência de efeitos colaterais como náusea, tontura e diarreia.
Mecanismo de ação de Acomplia
A substância atua no sistema endocanabinóide, que abrange um grupo de receptores no cérebro que estão envolvidos em diversos processos como humor, dor, sensações, apetite, memória e aprendizagem motora, por exemplo.
Quando estes receptores, que também podem ser encontrados nos músculos, nas gorduras, no intestino e no fígado, são estimulados, o cérebro recebe a mensagem de que é hora de aumentar o suprimento de energia do corpo, a partir do consumo de alimentos.
Acredita-se que o medicamento impeça a compulsão por comidas ao mexer com a regulação do equilíbrio energético, da ingestão de alimentos e do metabolismo de gorduras e açúcar no organismo.
Além disso, o produto ataca o acúmulo de gordura abdominal, ao diminuir a formação de gorduras e estimular a sua queima. Outros benefícios associados ao remédio são a diminuição das taxas de colesterol e combate a diabetes do tipo 2, já que ele facilita o trabalha do hormônio insulina. Em um quadro de diabetes, o pâncreas fica sobrecarregado e não consegue produzir mais a insulina, que é o hormônio que facilita a entra de açúcar nas células do corpo.
Efeitos colaterais de Acomplia
Além da náusea, da tontura e da diarreia apresentadas na pesquisa feita pela universidade da Bélgica, o medicamento ainda pode trazer infecções respiratórias no trato superior, depressão, perda de interesse pelo sexo, alterações de humor, vertigem, desconforto no estômago, ansiedade, comichão, sudorese excessiva, cãibras ou espasmos musculares, fadiga, surgimento de manchas negras no corpo, dor e inflamação nos tendões, perda de memória, alteração na sensibilidade das mãos e pés, gastrite, tontura, alucinações, dor nas costas, queda, gripe, luxação, fogachos (sensações súbitas de ondas de calor pelo corpo), sonolência, suores noturnos, sintomas de pânico, raiva, inquietação, soluços, perturbações emocionais, comportamento agressivo, além do crescimento de tendências suicidas.
Esta última reação adversa foi o que motivou uma junta médica a recomendar que a FDA dos Estados Unidos determinasse a proibição da comercialização do produto.
Quem não deve utilizar Acomplia?
Como sua comercialização está proibida no Brasil, ninguém deve fazer uso do medicamento. Entretanto, quando sua venda era permitida, as restrições eram para as mulheres grávidas ou que estivessem em processo de amamentação de seus filhos pequenos, pessoas com histórico de problemas renais, histórico de problemas cardiovasculares ou histórico de problemas psiquiátricos sérios como a depressão profunda.
Vídeo
Abaixo, um vídeo falando um pouco sobre o remédio Acomplia e sua suspensão.