A Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa – emitiu um alerta sobre o risco de botulismo após casos de injeção de toxina botulínica, popularmente conhecida como botox.

A autarquia recebeu recentemente duas notificações da doença relacionadas ao tratamento e que os sintomas podem surgir horas ou semanas após a sua aplicação. Dentre eles, estão: visão borrada, pálpebras caídas, fala arrastada e dificuldade para engolir e respirar.
Em casos graves, o botulismo evolui para uma paralisia muscular generalizada e pode provocar até mesmo a morte. A aplicação imediata de antitoxina botulínica é importante para neutralizar a toxina no sangue e prevenir a progressão do quadro.
Em nota, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) garantiu que, quando feito por um profissional habilitado, como cirurgiões plásticos ou dermatologistas, e com a dose segura, a toxina botulínica “é comprovadamente segura, conforme evidenciado por inúmeros estudos científicos publicados ao longo dos últimos 25 anos”.
“A falsificação de toxinas botulínicas representa um risco expressivo à saúde dos pacientes, podendo acarretar complicações graves, como fraqueza muscular severa e, em casos extremos, quadros de botulismo, conforme alertado pela Anvisa”, completou a SBD.
O que é botulismo
O botulismo é uma doença neuroparalítica grave e rara causada pela toxina botulínica, proteína produzida pela bactéria Clostridium botulinum. A toxina é a mesma usada no botox para impedir e contração dos músculos, evitando, por exemplo, a formação de rugas e linhas de expressão.
“A diferença entre os dois está na dose e na forma de aplicação da toxina. O medicamento contendo toxina botulínica utilizado para fins terapêuticos e estéticos contém uma forma diluída e purificada”, pontua a Anvisa em nota.
A agência também diz que “após a revisão de dados de notificações e textos de bula disponíveis em outros países” solicitou que as empresas de botox incluam em bula o “risco de que a toxina pode afetar áreas distantes do local da injeção, com a possibilidade de causar sintomas graves de botulismo”.
A Anvisa orienta que, em caso de sintomas de botulismo, como dificuldade para engolir, falar ou respirar, após o botox, o paciente consulte seu médico ou vá imediatamente ao pronto-socorro mais próximo. No atendimento, é importante informar que passou pelo tratamento estético e, se houver disponível, os dados do medicamento.
“Qualquer suspeita de evento adverso deve ser notificada à Anvisa por meio do sistema VigiMed, acessível a todos, mesmo que não tenha certeza da relação com o medicamento. A Anvisa reforça que a notificação de eventos adversos é essencial para identificar novos riscos, atualizar o perfil de segurança dos medicamentos e desenvolver medidas corretivas quando necessário”, diz a nota.
A agência ressalta que alguns cuidados importantes podem evitar o risco, como que sejam utilizadas somente formulações devidamente registradas e dentro do prazo de validade.
“A consulta da regularidade de uma toxina botulínica pode ser feita pelo sistema de consultas, usando dados como nome do produto ou CNPJ do fabricante, disponível na embalagem”, explica.
No momento do procedimento, o paciente tem o direito ser integralmente informado e deve checar informações como marca do produto, lote e validade, diz o órgão. A Anvisa também ressalta que o procedimento deve ser feito apenas por profissionais habilitados e em estabelecimentos autorizados pela vigilância sanitária local.
Por fim, a agência enfatiza aos profissionais que sejam seguidas as orientações da bula, principalmente em relação ao intervalo necessário entre as aplicações, que varia de acordo com o produto. “A Anvisa destaca que é importante perguntar aos pacientes sobre o histórico de injeções de toxina botulínica, incluindo a data, indicação e a dose de aplicações prévias, de forma a garantir que as aplicações ocorram em intervalos adequados”, conclui.