O calcanhar de maracujá, também conhecido popularmente como bicheira, é uma infecção causada por larvas de moscas! Portanto, saiba agora o que é e como tratar esse problema.
Chamada também de miíase, o calcanhar de maracujá tem esse nome porque a infecção ocorre principalmente nos pés.
Um dos remédios que pode servir para o tratamento da bicheira é a ivermectina. Saiba o que é a ivermectina e como usar.
Mas agora, entenda como ocorre a transmissão e como se proteger e tratar essa infecção da pele.
O que é o calcanhar de maracujá
Existem alguns tipos de moscas, como por exemplo a mosca-verde (Phaenicia sericata), a mosca-tumbu (Cordylobia anthropofaga) e a mosca-varejeira (Dermatobia hominis), que depositam ovos quando pousam na nossa pele.
Esses ovos geram larvas e se houver uma ferida ou rachadura na pele, as larvas conseguem se instalar e adentrar nas camadas mais profundas da sua pele.
O problema é que larvas são parasitas que passam a se alimentar dos tecidos da nossa pele, infeccionando o local e causando sintomas como:
- Caroço na pele que começa a crescer ou mudar de lugar
- Mal-estar
- Coceira
- Sensação de movimento no pé
- Dor aguda
- Náusea
Como se pega miíase (calcanhar de maracujá)
O contágio da bicheira, miíase ou calcanhar de maracujá pode acontecer das seguintes formas:
- Ingestão acidental de alimentos contaminados por larvas.
- Contato com moscas ou suas larvas através do solo quando estamos descalços.
- Através de insetos vetores, ou seja, que transportam os ovos da mosca-varejeira (Dermatobia hominis). Os principais insetos vetores são a mosca-dos-chifres, mosca-dos-estábulos e a mosca-doméstica.
Aliás, onde há mosca, também há outros insetos. Por isso, aproveite e confira também quais são os remédios para picadas de mosquitos.
Além disso, quando a transmissão ocorre através da pele, é preciso que exista um ferida no local. O calcanhar de maracujá não passa de uma pessoa para a outra. Ou seja, é obrigatório o contato com moscas ou insetos.
A relação entre as moscas que causam bicheira e os outros insetos, como as moscas-domésticas, é que algumas espécies, especialmente a mosca-varejeira (Dermatobia hominis), podem depositar seus ovos em qualquer parte do corpo desses insetos.
Quando o inseto vetor pousa sobre a pele de uma pessoa, o ovo pode se abrir com o calor de seu corpo e, assim, liberar a larva, que penetra na pele, caso haja uma abertura, mesmo que seja bem pequena.
Sendo assim, apesar de ser mais comum no calcanhar, a infecção também pode afetar outras partes do corpo, como a cabeça e o pescoço, através do pouso de outros insetos numa pele machucada.
Como tirar as larvas no calcanhar
A infestação de larvas no calcanhar precisa ser tratada o quanto antes para evitar que as larvas se movimentem para outro lugar e causem mais problemas.
Para saber se há uma larva no seu pé, é possível fazer um teste caseiro simples:
Coloque o pé dentro de um balde com água. Se a larva estiver viva, você vai observar bolhinhas na água ao redor da lesão.
Mas, de qualquer forma, é importante visitar seu dermatologista ao suspeitar de uma bicheira.
O tratamento pode contar com as seguintes estratégias:
- Cirurgia para remover as larvas, se necessário.
- Uso de remédios antiparasitários como a ivermectina.
- Tratamento com antibiótico para prevenir outras infecções na lesão aberta.
- Uso de substâncias oclusivas na ferida para impedir que as larvas respirem.
Nesse último caso, são usadas substâncias que impedem a entrada do ar no local, como por exemplo óleo mineral, gel de cabelo ou vaselina.
É provável que em até 24 horas as larvas comecem a sair em busca de ar. Neste momento, você pode removê-las com o auxílio de uma pinça esterilizada. No entanto, o ideal é procurar um dermatologista para te ajudar.
Como tirar as larvas na cabeça e pescoço
Para tirar as larvas da cabeça ou do pescoço, são utilizadas substâncias que impedem a entrada de oxigênio no local, e fazem com que a larva saia das camadas mais profundas da pele em direção à superfície. Entretanto, em alguns casos, é necessário fazer a remoção mecânica do tecido, administrar ivermectina ou recorrer à cirurgia.
O aparecimento de larvas em locais da cabeça ou pescoço são casos mais graves, e demandam cuidados médicos imediatos. Dentre os locais mais afetados estão os ouvidos, olhos, a cavidade oral, o nariz, os seios paranasais, os linfonodos, a região mastoidea e em feridas abertas por traqueostomia.
Prevenindo o calcanhar de maracujá
A boa notícia é que a bicheira é pouco comum em humanos e ainda pode ser facilmente prevenida com as seguintes medidas:
- Usando telas nas janelas para evitar a entrada de mosquitos, principalmente quando viajar.
- Aplicando repelentes caseiros ou não quando estiver ao ar livre.
- Cobrindo feridas que possam existir na sua pele.
- Garantindo a limpeza da ferida no seu pé.
- Usando óleos essenciais no ambiente que espantam insetos, como por exemplo o óleo de citronela ou o óleo de limão.
- Evitando andar descalço, especialmente em locais novos ou quando seu pé estiver ferido ou rachado.
Hoje em dia, é muito difícil desenvolver calcanhar de maracujá, mas não é impossível. Por isso, mantenha as medidas básicas de higiene e tome cuidado redobrado em locais que têm muitos insetos.
Fontes e referências adicionais
- Anais Brasileiros de Dermatologia – Concomitância de miíase primária e secundária em lesão de carcinoma basocelular
- Anais Brasileiros de Dermatologia – Wound myiasis: the role of entodermoscopy
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC) – Parasites: myiasis
- Clinical Microbiology Reviews – Myiasis
- DermNet NZ – Cutaneous myiasis
- International Archives of Otorhinolaryngology – Nasal myiasis: case report and literature review
Fontes e referências adicionais
- Anais Brasileiros de Dermatologia – Concomitância de miíase primária e secundária em lesão de carcinoma basocelular
- Anais Brasileiros de Dermatologia – Wound myiasis: the role of entodermoscopy
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC) – Parasites: myiasis
- Clinical Microbiology Reviews – Myiasis
- DermNet NZ – Cutaneous myiasis
- International Archives of Otorhinolaryngology – Nasal myiasis: case report and literature review