Cosméticos com Nanotecnologia – Como Funcionam? Benefícios e Propriedades

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Muito se fala hoje em dia sobre a nanotecnologia. Trata-se de uma tecnologia relativamente recente que promete revolucionar a vida das pessoas na área da medicina e em vários outros setores como as indústrias de eletrônicos, de produtos têxteis e de cosméticos, por exemplo.

Hoje já existem no mercado alguns cosméticos com nanotecnologia que têm o diferencial de serem muito mais eficazes do que os produtos convencionais. Mas como eles funcionam? Quais são as propriedades desses cosméticos com nanotecnologia que os tornam tão especiais?

Ao continuar lendo, você vai entender o que são cosméticos com nanotecnologia e saber mais sobre os benefícios de adotar o uso desses produtos no seu dia a dia. Vamos lá?

Nanotecnologia

Antes de mais nada, é importante entender a ciência por trás disso. A nanotecnologia é uma ciência que permite o desenvolvimento de produtos na escala nanométrica, ou seja, uma escala molecular em que os materiais são capazes de interagir diretamente com as menores células do nosso corpo.

Na indústria de cosméticos, a nanotecnologia vem sendo aplicada para melhorar o desempenho de produtos para a pele e também para os cabelos devido a essa melhor interação que se traduz em maior eficácia dos produtos.

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Além disso, alguns tipos de materiais, quando manipulados em escalas nanométricas, podem apresentar propriedades diferentes do mesmo material em grande escala. Para tentar imaginar o que seria uma escala nanométrica, imagine que a cabeça de um alfinete tem cerca de 1 milhão de nanômetros de largura ou que um fio de cabelo humano tem aproximadamente 80 mil nanômetros de espessura.

Como surgiu?

Apesar de parecer uma coisa nova, os nanomateriais são encontrados naturalmente no nosso organismo e nas plantas. Materiais em escala nanométrica podem ser encontrados em cinzas vulcânicas e na composição de várias plantas. No entanto, a manipulação de materiais já conhecidos em escala nanométrica só foi possível a partir do desenvolvimento de novas tecnologias.

Foi descoberto a partir da década de 1990 que materiais já usados em grandes escalas podem apresentar propriedades diferentes e únicas se tiverem seu tamanho reduzido. Ou seja, o uso de nanotecnologia pode fazer com que os produtos tenham:

  • Melhor interação com as células do nosso corpo por apresentarem praticamente os mesmos tamanhos;
  • Proteção eficaz contra raios ultravioletas;
  • Textura melhor;
  • Estética melhor;
  • Maior vida útil;
  • Possibilidade de entrega de princípios ativos apenas nas células ou partes do corpo específicas.

Cosméticos com nanotecnologia

Por que aplicar nanotecnologia em produtos cosméticos?

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A essa altura, você deve estar se perguntando como funcionam os cosméticos com nanotecnologia. Bom, o uso de nanotecnologia em cosméticos pode tornar os protetores solares mais eficazes devido a propriedades que permitem melhorar a textura, melhorar a absorção dos componentes ativos através da pele e entregar os componentes ativos no local exato e formação de uma barreira protetora mais eficaz.

Esses fatores tornam o produto mais eficaz e no caso específico dos protetores solares, por exemplo, podem reduzir o risco de envelhecimento precoce e de casos de câncer de pele.

Benefícios e propriedades 

Um relatório emitido pelo Nano Observatory, uma instituição europeia que estuda a nanotecnologia aplicada à indústria cosmética, mostra que a nanotecnologia é usada em cosméticos principalmente para filtros solares com proteção ultravioleta e cosméticos contendo medicamentos ou outros princípios ativos em sua composição.

1. Proteção aos raios UV

Compostos químicos como o dióxido de titânio e o óxido de zinco já são utilizados em várias marcas de protetores solares para prevenir danos causados pelos raios ultravioletas do sol. Ao produzir protetores com essa mesma composição, mas na escala nanométrica, o desempenho do produto é muito maior devido ao menor tamanho das partículas.

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As nanopartículas que compõem o protetor solar têm propriedades únicas como melhor reflexão da luz e maior absorção de raios ultravioletas quando comparadas com produtos convencionais, impedindo que esses raios entrem nas camadas mais profundas da pele e causem danos celulares.

As vantagens de protetores solares com nanotecnologia incluem também a transparência e a textura agradável que não deixam a pele esbranquiçada, a menor oleosidade, o aroma mais agradável e a melhor absorção pela pele, conferindo maior proteção.

Outros compostos químicos em escala nanométrica além dos óxidos já estão sendo estudados para aplicação em filtros solares.

2. Liberação local e específica de compostos ativos

Alguns cosméticos contêm princípios ativos que ajudam a tratar problemas de saúde na pele como oleosidade excessiva ou ressecamento excessivo, inflamações, acne, queimaduras, dentre outros. O uso de cosméticos com nanotecnologia permite que esses princípios ativos atuem especificamente na célula danificada, sendo então mais eficazes do que os cosméticos comuns.

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Assim, as vantagens de usar cosméticos com nanotecnologia incluem a melhor hidratação da pele, a melhor biodisponibilidade (o que significa que mesmo uma quantidade pequena de princípio ativo pode ser bem aproveitada pelo organismo devido à entrega no local correto, evitando desperdícios onde a pele está saudável), maior estabilidade e duração do produto.

Empresas que já produzem cosméticos com nanotecnologia

A primeira empresa a lançar um cosmético com nanotecnologia foi a L’Oreal. Em 1998, a empresa francesa lançou o Plenitude Revitalift, um creme antirrugas contendo nanopartículas que permitiam uma maior absorção de ingredientes ativos como o retinol ou a vitamina A pelas camadas mais profundas da pele. Isso foi uma revolução na cosmetologia, já que a maioria dos produtos desenvolvidos até então só eram capazes de atuar nas camadas epiteliais mais externas.

A empresa suíça La Prairie também aposta na nanotecnologia e lançou no mercado um tratamento intensivo com ampolas com caviar que promete reduzir a pigmentação irregular na pele, além de eliminar rugas e marcas na pele em até 6 semanas de uso. Segundo a vice-presidente de marketing e treinamento da empresa Holly Genovese, as nanoemulsões do produto otimizam a entrega dos compostos ativos na pele, permitindo que esses compostos cheguem ao local em que devem agir mais rapidamente e com maior eficácia.

A P&G também aposta na nanotecnologia desde 2005, quando lançou a marca Olay contendo nanoemulsões em seus produtos.

Várias outras empresas também começaram a investir em cosméticos com nanotecnologia nos anos 2000. Algumas delas incluem a Mary Kay, a Clinique da Lauder, a marca Neutrogena da Johnson & Johnson, a Avon e a Estee Lauder.

Em 2003, a empresa francesa Caudalie lançou o produto Vinosun Anti-Aging Suncare, um protetor solar com propriedades antienvelhecimento, que além de contar com filtros ultravioleta, também contém antioxidantes que protegem a pele do estresse oxidativo.

A DDF (Doctor’s Dermatologic Formula) também começou a aplicar nanotecnologia em produtos antienvelhecimento a partir de 2004.

A marca Colorescience também já comercializa um produto chamado de Sunforgettable, que é um pó contendo nanopartículas de dióxido de titânio em sua composição que protegem a pele de danos causados pela exposição solar.

Nos produtos para os cabelos, as nanoemulsões também são muito utilizadas para encapsular compostos ativos e liberá-los nas camadas mais profundas dos fios de cabelo e do couro cabeludo. A empresa americana PureOlogy começou a usar nanoemulsões em 2000 em seus produtos para cabelos coloridos.

Alguns cremes para a pele já usam proteínas derivadas de células-tronco que podem atuar na prevenção do envelhecimento da pele. Tais proteínas são encapsuladas em nanopartículas que são capazes de se fundir com as membranas celulares, o que permite que o princípio ativo tenha contato direto com a célula que precisa ser protegida.

Outra grande vantagem do uso de cosméticos com nanotecnologia é o tamanho das partículas. Por serem muito menores do que as partículas de cremes convencionais, as nanopartículas conseguem penetrar mais profundamente na pele, promovendo uma hidratação muito mais eficiente e fazendo com que os nutrientes alcancem a raiz do problema.

Existem também loções capilares contendo nanopartículas que prometem que os nutrientes conseguem alcançar as camadas mais profundas do couro cabeludo, o que permite que os fios cresçam mais fortes e saudáveis.

Cosméticos com nanotecnologia no Brasil

No Brasil, empresas como o grupo O Boticário já investem em nanotecnologia. A empresa tem uma linha de tratamento completo antienvelhecimento chamada de Active feita a partir de nanotecnologia que inclui produtos como protetor solar e cremes contra os sinais de idade.

Também existe um produto da Boticário chamado Nanopeeling Renovador, que nada mais é que um kit de esfoliação com uma nanoemulsão que tem propriedades contra o envelhecimento precoce.

A Natura também investe em nanotecnologia. O produto Brumas de Leite Hidratante, por exemplo, tem poder hidratante por até 24 horas devido à absorção profunda obtida através da nanotecnologia. Outro produto da Natura que conta com o mesmo princípio é o Spray Corporal Refrescante para homens.

Além disso, a TNS Nanotecnologia é uma empresa fundada por estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina que desenvolveram um aditivo para combater bactérias que causam a acne usando nanotecnologia. Esse aditivo pode ser usado em tecidos que, em contato com a pele, penetram nas camadas da pele e combatem os micro-organismos. Assim, o produto pode ser aplicado em almofadas, toalhas, fronhas, dentre outros.

Várias outras empresas brasileiras já investem em estudos para desenvolver produtos nanotecnológicos. Um exemplo disso é a parceria feita entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e empresas como o Grupo Boticário, a Natura, a Theraskin e a Yamá. Juntos, eles pesquisam e desenvolvem novos métodos de encapsulação de princípios ativos em cosméticos com nanotecnologia.

Os materiais usados para criar as nanocápsulas não foram divulgados, mas eles permitem que o ingrediente ativo fique protegido contra a degradação antes da hora e permitem também que esse composto ativo só seja liberado nas camadas mais profundas da pele, evitando que o ingrediente seja “desperdiçado” nas camadas superficiais e seja mais eficaz ao agir mais profundamente e por mais tempo do que os cosméticos convencionais.

A partir de pesquisas como essas, as empresas de cosméticos brasileiras pretendem incorporar cada vez mais produtos com nanotecnologia em suas linhas após a realização de estudos in vitro e ensaios clínicos para verificar a segurança desses novos cosméticos.

É seguro usar cosméticos com nanotecnologia?

Ainda há muitas pesquisas em andamento tanto sobre o desenvolvimento de novos materiais contendo nanopartículas em sua composição quanto sobre a segurança e a toxicidade desses produtos.

Até agora, muitos órgãos internacionais afirmam que os nanomateriais são seguros para uso. A FDA (Food and Drug Administration) atestou em 2012 que protetores solares contendo nanopartículas de óxido de zinco (ZnO) ou dióxido de titânio (TiO2) não apresentam riscos para a saúde pois não são capazes de penetrar outras camadas além da pele, não podendo danificar células ou outros tecidos do corpo humano.

Em 2013, o grupo International Cooperation on Cosmetics Regulation também realizou estudos que atestam a eficácia e ausência de toxicidade de filtros solares contendo nanopartículas.

No entanto, a toxicidade de produtos produzidos a partir de nanotecnologia é um pouco mais difícil de ser determinada devido às propriedades físico-químicas diferentes desse tipo de material. Assim, é preciso ter mais cautela e usar métodos mais avançados para determinar a segurança de cosméticos com nanotecnologia.

Como os nanomateriais ainda não são totalmente estudados quanto à sua segurança e toxicidade, algumas empresas ainda não produzem esse tipo de tecnologia, enquanto outras investem muito em pesquisa antes de lançar os seus produtos.

Além disso, existem estudos controversos sobre o assunto. Alguns resultados sugerem que os protetores solares produzidos com nanopartículas podem acelerar a produção de radicais livres, o que pode ser prejudicial para a saúde. Outros indicam que algumas nanopartículas de óxido metálico podem atravessar as camadas da pele e alcançar a corrente sanguínea. Isso é preocupante, já que os efeitos das nanopartículas na corrente sanguínea ainda não são conhecidos.

Vale ressaltar que a nanotecnologia é uma promessa para a indústria de vários setores para o presente e para o futuro. Os órgãos reguladores do mundo inteiro estão adotando regras e criando métodos cada vez mais precisos para caracterizar esses novos materiais e determinar se eles são totalmente seguros para a saúde humana.

Geralmente, os produtos nanométricos para aplicações cosméticas são produzidos com materiais que não são tóxicos para a saúde. Assim, é importante acompanhar o andamento das pesquisas e adquirir esses cosméticos de empresas sérias, que invistam em pesquisa e se importem com o bem-estar do consumidor.

Além disso, apesar de estudos ainda estarem sendo realizados, os produtos que já estão no mercado geralmente são testados e têm a sua toxicidade a curto prazo bem estabelecida, o que significa que a empresa deve ser responsável e disponibilizar produtos seguros para o consumidor.

Por fim, apesar de serem um tipo de produto relativamente novo, os cosméticos com nanotecnologia prometem revolucionar ainda mais a indústria cosmética nos próximos anos com o avanço da ciência e da tecnologia.

Fontes e Referências Adicionais:

Você já utilizou algum destes cosméticos com nanotecnologia que citamos acima? Já tinha conhecimento do uso e dos benefícios dessa nova tecnologia nesse tipo de produto? Comente abaixo!

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