Recentemente, um relato compartilhado nas redes sociais gerou incerteza entre os usuários sobre a denominação correta das doenças transmitidas por relações sexuais. O debate surgiu depois que a modelo Jhulli Fogaça afirmou que seu ex-parceiro, o atleta do Botafogo Victor Sá, a infectou com “ISTs” (infecções sexualmente transmissíveis) após traí-la.
Jhulli Fogaça fez a seguinte declaração em um stories no Instagram: “Não é fácil para uma mulher, que largou as suas raízes, a sua casa, a sua família, para viver um amor, que se dedicou ao seu companheiro em todos os momentos, inclusive nos mais difíceis, ao final receber em troca traição, humilhação, ISTs e julgamentos… É triste que situações como essa aconteçam com mulheres todos os dias”
ISTs
Então, o que significa IST? É o mesmo que DST, que se refere a doenças transmitidas sexualmente? Em resumo, sim. Tanto IST quanto DST se referem ao conjunto de doenças propagadas por relações sexuais desprotegidas. Contudo, há cerca de dez anos, o uso do termo DST começou a ser substituído por IST.
No Brasil, a alteração na terminologia aconteceu em novembro de 2016. Foi nessa época que o departamento pertinente no Ministério da Saúde foi renomeado para “Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais”. Essa mudança foi estabelecida por um decreto assinado pelo presidente Michel Temer naquele momento.
A substituição de DST por IST no Brasil acompanhou uma tendência global. Naquele período, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia adotado oficialmente o termo “infecções” em detrimento de “doenças” para essas situações específicas.
A razão para essa mudança é que, frequentemente, o conceito de “doença” sugere a presença de sintomas e alterações visíveis no corpo da pessoa. Contudo, muitos agentes infecciosos transmitidos sexualmente não apresentam sintomas claros.
O termo “doença”, em “DST”, sugere manifestações visíveis e sintomas no organismo. Por outro lado, as “infecções” podem não ter sintomas por um tempo (como é o caso da sífilis, herpes genital e condiloma acuminado) ou permanecerem sem sintomas por toda a vida do portador (como nas infecções por HPV e pelo vírus do Herpes), sendo detectadas apenas através de testes laboratoriais.
Assim, o termo IST se mostra mais apropriado e já é empregado pela OMS e por outros importantes órgãos internacionais especializados em Infecções Sexualmente Transmissíveis. Essa mudança foi elucidada pela diretora do respectivo departamento do Ministério da Saúde à época, Adele Benzaken, em um comunicado oficial.
HIV e Aids: qual a diferença?
Um caso típico que pode gerar confusão e destaca a relevância de usar os termos corretos é a infecção pelo HIV, que pode ou não levar à Aids. Atualmente, prefere-se dizer “pessoa que vive com o HIV” porque, com o tratamento adequado, o infectado pode não mostrar sintomas, tornando o vírus indetectável e até não transmissível no corpo.
A infecção só se transforma em Aids quando, por não seguir o tratamento corretamente, o vírus começa a se espalhar e a atacar os linfócitos T-CD4+, que são células de defesa do sistema imunológico.
Se essas células estão em baixa quantidade e o vírus em alta, a pessoa começa a mostrar os sinais da Aids e é diagnosticada com a síndrome.