A Gardnerella vaginalis é uma bactéria que habita naturalmente a vagina, ou seja, ela é uma das muitas espécies de bactérias que constituem a flora vaginal. No entanto, quando há um desequilíbrio dessa flora vaginal, a quantidade de Gardnerella pode aumentar e causar uma infecção, chamada de vaginose bacteriana.
Um desequilíbrio na flora vaginal pode causar uma série de complicações, modificando o pH da vagina e alterando a acidez da secreção vaginal. Especialistas sugerem que a diminuição da quantidade de lactobacilos é a principal causa para o aumento da população de Gardnerella.
Portanto, a infecção por essa bactéria não se caracteriza como uma infecção sexualmente transmissível (IST) e mulheres que não são sexualmente ativas também podem apresentar vaginose bacteriana.
O principal sintoma da vaginose bacteriana é o corrimento vaginal com uma cor branco-acinzentado, com um forte odor de peixe. Ela pode ser tratada com o uso de antibióticos, como a clindamicina ou metronidazol, na forma de comprimido oral ou pomada vaginal.
Veja também: Corrimento vaginal – Tipos, causas e tratamento.
O que é uma vaginose bacteriana e quais os sintomas?
“Vaginose bacteriana” é o termo utilizado para descrever qualquer infecção bacteriana causada por um desequilíbrio da flora vaginal. Ela não é apenas causada pela Gardnerella, mas também pelo aumento de outras espécies de bactérias que fazem parte da microbiota da vagina.
Segundo o Ministério da Saúde, essa é a causa mais comum de corrimento vaginal, afetando até 30% das gestantes e 10% de outras mulheres que procuram um serviço de atenção básica.
Geralmente, 80% dos casos são assintomáticos. Contudo, quando há sintomas, o primeiro sinal de vaginose bacteriana é a mudança na secreção vaginal. O corrimento pode apresentar uma cor branca, amarelada ou acinzentada, além de um forte odor semelhante ao cheiro de peixe. O cheiro pode ficar mais forte após uma relação sexual ou durante o período menstrual.
Outros sintomas como coceira e ardência na vulva e canal vaginal também podem ocorrer devido à mudança de pH durante a vaginose.
Conheça as 10 principais causas de dor ao urinar e o que fazer.
Gardnerella é transmissível?
Mudanças na flora vaginal, geradas por inflamações, umidade, diminuição na população de lactobacilos e contato com múltiplos parceiros sexuais são algumas possíveis causas da infecção por Gardnerella.
Ela não é uma doença sexualmente transmissível, no entanto, a troca de parceiro ou o hábito de ter múltiplos parceiros sexuais pode ser um fator de risco para ocorrer a vaginose bacteriana. Isso é um fator de risco devido à maior probabilidade da troca de parceiros afetar a microbiota vaginal e não necessariamente por risco de transmissão.
Os demais fatores de risco incluem a realização de duchas frequentes no canal vaginal, banhos de banheira com muito frequência, tabagismo, má higiene, uso de produtos de higiene ou aromatizantes intravaginais e DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) já existentes na vagina, já que outras infecções (fúngicas, virais ou bacterianas) também são capazes de alterar a flora bacteriana. Nesse último caso, a vaginose bacteriana acaba sendo um problema secundário ou complicação decorrente de outra infecção vaginal.
Como é feito o diagnóstico?
Como a maioria dos casos são assintomáticos, o diagnóstico da vaginose bacteriana deve ocorrer a partir de uma visita regular ao ginecologista, a cada 6 ou 12 meses, dependendo da atividade sexual da pessoa.
O exame ginecológico e a análise de secreção vaginal podem ser úteis para identificar a presença elevada de Gardnerella e diferenciar quando a vaginose bacteriana está sendo causada por essa bactéria ou outra espécie.
Quais são as formas de tratamento?
Alguns estudos relatam que 30% dos casos de vaginose bacteriana conseguem se resolver sem a necessidade de tratamento específicos. Todavia, o Ministério da Saúde recomenda o tratamento para as mulheres sintomáticas, grávidas ou que apresentam um risco maior de complicações.
O seu médico pode prescrever doses de clindamicina ou metronidazol, na forma oral ou vaginal, por 5 a 7 dias.
Procure sempre um aconselhamento médico para saber se precisa ou não realizar o tratamento. Se o acompanhamento e tratamento não for feito de maneira adequada, possíveis complicações da vaginose bacteriana podem ser geradas, incluindo um maior risco de meningite neonatal, endometrite, infecções pós-cirúrgicas, doença inflamatória pélvica e parto prematuro em grávidas com essa condição.
É possível homens apresentarem infecção por Gardnerella?
A Gardnerella vaginalis é uma bactéria que faz parte exclusivamente da flora vaginal. Ela pode ser encontrada em homens devido ao contato sexual com alguém do sexo feminino, mas não é possível que sobreviva ou aumente sua população no órgão genital masculino, visto que não é o ambiente mais adequado para essa bactéria. Consequentemente, não ocorre infecção de Gardnerella em homens.
Fontes e referências adicionais
- Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com infecções Sexualmente Transmissíveis. Ministério da Saúde (MS), 2015.
- Qual o melhor tratamento para Gardnerella vaginalis? Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) – Atenção Primária em Saúde. Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul, 2022.
- Unveiling the role of Gardnerella vaginalis in polymicrobial Bacterial Vaginosis biofilms: the impact of other vaginal pathogens living as neighbors. ISME J. 2019 May; 13(5): 1306-1317.
- The vaginal microbiota: what have we learned after a decade of molecular characterization? PLoS One. 2014 Aug 22; 9(8): e105998.
- Gardnerella. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-.
Fontes e referências adicionais
- Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com infecções Sexualmente Transmissíveis. Ministério da Saúde (MS), 2015.
- Qual o melhor tratamento para Gardnerella vaginalis? Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) – Atenção Primária em Saúde. Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul, 2022.
- Unveiling the role of Gardnerella vaginalis in polymicrobial Bacterial Vaginosis biofilms: the impact of other vaginal pathogens living as neighbors. ISME J. 2019 May; 13(5): 1306-1317.
- The vaginal microbiota: what have we learned after a decade of molecular characterization? PLoS One. 2014 Aug 22; 9(8): e105998.
- Gardnerella. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-.