Aos 51 anos, Flavia Alessandra decidiu enfrentar com naturalidade todas as mudanças que a menopausa causou. A atriz compartilha todos os detalhes desde que notou os primeiros sinais – insônia, dores e algumas transformações sutis no dia a dia.

Durante o processo, a artista sofreu da síndrome do ombro congelado. “Ano passado, quando eu estava chegando aos 50, eu comecei a ter insônia. Eu nunca tive, começou a me abater, e depois eu descobri que era um sintoma da menopausa. Curiosamente, uma dor esse ano que eu sentia no ombro e achava que era por conta do costeiro que usei no desfile de Carnaval como musa do Salgueiro também era um sintoma da menopausa, algo chamado de síndrome do ombro congelado”, detalha, em bate-papo com a revista ELA.
“Esse episódio me despertou para o quanto ainda existe desinformação sobre o assunto. Achamos que menopausa é só ‘calor’, mas o corpo muda de tantas formas… Desde então, passei a estudar, ler muito, conversar com médicas e outras mulheres. E percebi que falar sobre isso é quase um ato político. A gente precisa tirar o peso e o silêncio dessa fase”, reflete.
Flavia Alessandra considera falar abertamente sobre as transformações do corpo também um ato de generosidade com outras mulheres. “Para mim, a feminilidade nunca esteve ligada à idade ou a um padrão físico. Ela vem de dentro, da forma como a gente se enxerga, se cuida e se reconhece. É um momento de adaptação em que a gente entende melhor nossos limites e nossos desejos. Eu me sinto, hoje, mais dona de mim do que nunca. E acho que é isso que tento mostrar quando falo sobre o tema: que é possível atravessar essa fase com informação e autoestima”, declara.

Desde então, a musa aprendeu a cultivar uma relação mais generosa com o espelho – ainda que exista uma imposição de padrões de beleza na indústria, mídia e redes sociais. “Eu aprendi a ter generosidade comigo mesma. Já vivi fases em que a cobrança era enorme, do mercado, da TV, da sociedade, mas hoje eu olho no espelho e vejo uma mulher inteira, que se cuida e que se orgulha da história que carrega”, pontua.
“A beleza madura tem a ver com autenticidade, com a liberdade de ser quem você é. O tempo deixa marcas, e elas contam nossa trajetória. Eu continuo vaidosa, claro, mas sem me aprisionar em ideais inalcançáveis. Vale destacar que um dos motivos da beleza madura estar tendo mais visibilidade é porque também nós, mulheres, estamos vivendo mais. Então vamos ocupar por mais tempo espaços na sociedade, no mercado de trabalho, no mercado publicitário e por aí vai”, diz.
Ademais, ao entrar na menopausa, Flavia Alessandra começou a escutar o próprio corpo com mais atenção. Tudo o que antes era ignorado em meio aos afazeres diários, agora se torna parte da rotina: identificar sintomas, reconhecer limites e priorizar a saúde física e emocional.
“Antes, eu empurrava tudo com a agenda cheia, o ritmo intenso, e achava que era normal viver cansada. Quando os sintomas começam, e de formas tão inusitadas, como a dor no ombro, percebi que meu corpo estava pedindo atenção. Hoje, respeito meus limites e ajusto meu ritmo”, explica.
Mudanças no ponto de vista
O susto envolvendo o marido, Otaviano Costa, que precisou passar por uma cirurgia de emergência no coração, também fez com que Flavia Alessandra mudasse a forma de viver. “Se tem algo que está gravado na minha mente é que a nossa saúde é tudo, prioridade máxima. Importante destacar que eu ainda não encontrei o caminho. Eu estou nessa jornada ainda. A única diferença é que agora eu consigo ler e detectar com mais facilidade os sintomas que meu corpo sente”, relata.
“Envelhecer é um privilégio e fazer isso com saúde e liberdade é o verdadeiro luxo. Eu acredito que o poder feminino está na autenticidade em não se esconder, não tentar caber em moldes antigos. Tento mostrar isso nas minhas redes, nos meus projetos, e também nas conversas que tenho com outras mulheres. Quando mais a gente fala sobre esses temas, mais libertador fica o processo de envelhecer”, observa.
Por fim, Flavia Alessandra deixa um recado para quem está começando essa jornada, com dúvidas e inseguranças. “Eu diria: não tenham medo de se informar. A menopausa é o começo de uma nova versão de você mesma. Busquem orientação médica, leiam, conversem, troquem experiências, levem os assuntos para a casa, dividam esse assunto com os parceiros e os filhos. E, principalmente, não se culpem por sentir. Cada corpo reage de um jeito, e tudo bem. Essa é uma fase que pode ser de muito autoconhecimento e potência, se a gente permitir”, conclui.








