Cianose: o que é, tipos, sintomas, causas e tratamentos

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A cianose é a coloração azulada ou arroxeada da pele, das unhas, dos lábios, da gengiva ou do entorno dos olhos. A cianose não é uma doença, mas pode ser um sintoma de alguma doença cardíaca ou pulmonar. Essa alteração na cor da pele pode não ter relação com nenhuma doença, mas ser um efeito do frio extremo ou do uso de acessórios muito apertados. 

Quando a cianose é um sintoma passageiro, associado com situações identificáveis, como o frio ou uso de um anel apertado, basta resolver o problema desencadeador, se aquecendo ou tirando a joia, que a cianose desaparece naturalmente. 

Mas quando a cianose é um sintoma persistente ou recorrente, é importante investigar qual é a causa que está determinando essa alteração na cor da pele. Em alguns casos, é preciso tomar remédios para melhorar a eficiência do coração ou para tratar problemas pulmonares. 

Veja mais detalhes sobre o que é a cianose, os tipos, os sintomas, as causas e como são feitos o diagnóstico e o tratamento.

Cianose: o que é?

Cianose
A coloração azulada nas extremidades dos dedos é um sintoma comum da cianose

Cianose é quando a pele, as unhas e os lábios adquirem uma coloração azul-arroxeada, decorrente da oxigenação insuficiente do sangue e/ou do transporte ineficaz de sangue oxigenado para os órgãos e tecidos do corpo.  

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Quando o sangue circula pelos vasos sanguíneos sem oxigênio suficiente, ele fica menos vermelho do que o normal, fazendo com que a pele pareça mais azulada ou arroxeada.

A hemoglobina, que é a proteína presente nas células sanguíneas e que é responsável por ligar o oxigênio, confere uma coloração vermelho-vivo ao sangue, quando está saturada de moléculas de oxigênio.   

Quando a hemoglobina passa pelos tecidos, ela deixa parte do oxigênio neles e se torna uma “desoxi-hemoglobina”, que apresenta uma coloração azulada. Dependendo do quão baixo está o nível de oxigênio no sangue, a pele pode demonstrar a coloração azul da hemoglobina pobre em oxigênio. 

Tipos de cianose

A cianose é classificada em tipos diferentes, de acordo com o mecanismo que dá origem ao sintoma:

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  • Cianose de extremidades ou cianose periférica: afeta os membros inferiores e superiores, deixando as pontas dos dedos e unhas das mãos e dos pés azulados. Esse tipo de cianose ocorre por uma baixa velocidade do fluxo sanguíneo, enquanto passa pelos tecidos do corpo. Quando o fluxo chega às extremidades, as células já estão pobres em oxigênio.  
  • Cianose labial: os lábios ficam azulados, por causa do frio ou do uso de roupas muito apertadas. 
  • Cianose mista: a oxigenação do sangue nos pulmões fica prejudicada, ao mesmo tempo em que o coração não consegue bombear sangue oxigenado de forma eficiente. Este tipo de cianose é dita mista, porque consiste em dois problemas, o de má oxigenação do sangue e baixa velocidade do fluxo sanguíneo.
  • Cianose central: o sangue que chega às artérias do coração já se encontra desoxigenado por falta de oxigenação nos pulmões, geralmente em decorrência de doenças pulmonares. Normalmente, também ocorre dificuldade para respirar e aumento da pressão arterial. Neste caso, a cianose se manifesta na língua, na boca e na pele. 

Sintomas associados à cianose

Quando uma pessoa está enfrentando um quadro clínico de cianose, ela apresenta alguns sinais típicos da condição: 

  • Coloração azulada das unhas, lábios e mucosas. 
  • Sinais de alerta: tosse e dispneia, que é a dificuldade para respirar. 
  • Dores pelo corpo.
  • Tontura. 
  • Desmaio.
  • Sonolência.
  • Confusão mental.
  • Febre.
  • Tosse com expectoração escura.
  • Pressão arterial baixa.
  • Enjoo.

Causas da cianose

A cianose pode ser causada por insuficiência respiratória e por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que levam à diminuição da concentração de oxigênio no sangue. 

Outras doenças pulmonares também podem causar cianose, devido à falha no processo de oxigenação do sangue, como a embolia pulmonar, asma, bronquiolite, enfisema pulmonar e pneumonia grave. 

A falta de oxigenação no sangue também pode ser decorrente de malformações congênitas (de nascença) no coração e nos vasos sanguíneos, que levam a um fluxo sanguíneo anormal. 

Nesse tipo de fluxo, o sangue, ao invés de passar pelos alvéolos pulmonares para ser oxigenado, flui direto para o coração, desoxigenado (sem oxigênio). Esse sangue que chega desoxigenado no coração é bombeado por ele para todos os órgãos e tecidos do corpo. 

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A cianose também pode ser causada por alterações na forma da hemoglobina, determinantes da anemia falciforme. Essa doença genética é identificada logo após o nascimento da criança, com o teste do pezinho. Neste caso, a cianose ocorre por falta de hemoglobina funcional para ligar oxigênio e entregá-lo aos tecidos do corpo. 

Outra doença genética responsável por casos de cianose é a síndrome do bebê azul ou tetralogia de Fallot, uma condição que leva a alterações nas funções do coração, impactando sua eficiência no bombeamento de sangue. 

Doenças cardíacas não congênitas, como trombose, aterosclerose e insuficiência cardíaca congestiva também podem prejudicar a entrega de sangue oxigenado para órgãos e tecidos do corpo. 

O uso de doses elevadas de medicamentos (superdosagem) pode causar intoxicação no organismo, levando à cianose. 

Outras causas que não têm relação com funções pulmonares e cardíacas, mas que também podem causar cianose, são: 

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  • Afogamento.
  • Intoxicação por toxinas, como o cianeto. 
  • Exposição ao frio extremo: baixas temperaturas levam à contração dos vasos sanguíneos, diminuindo a quantidade de sangue nos tecidos, principalmente nas extremidades. 
  • Pouca disponibilidade de oxigênio no ar, como ocorre em locais de grande altitude. 
  • Overdose: drogas, sedativos, narcóticos ou benzodiazepinas.
  • Efeitos colaterais de medicamentos para hipertensão: bisoprolol, metoprolol e carvedilol.
  • Uso de acessórios muito apertados, como aneis e pulseiras. 

Quando a cianose ocorre apenas em um membro ou local específico do corpo, ela é causada por uma obstrução, por exemplo por um coágulo sanguíneo, que bloqueia o fluxo de sangue para aquele local. 

Diagnóstico da cianose

Quando a cianose não é passageira, mas persistente ou recorrente, é preciso procurar um médico ou médica, para investigar a causa desse problema. 

Em uma situação de cianose, a concentração de oxigênio no sangue precisa ser aferida, para se determinar corretamente se há poucas moléculas do gás circulando no sangue. As maneiras como o médico ou médica faz essa dosagem é com a oximetria de pulso ou pela análise da gasometria arterial, um exame que avalia a eficiência das trocas gasosas no sangue e, consequentemente, da função pulmonar. 

Tendo constatado que o nível de oxigênio no sangue está baixo, você deve fazer alguns exames investigativos, para tentar identificar a causa desse problema. Para tal, pode ser necessária uma radiografia de tórax, teste de função pulmonar, ecocardiograma e cateterismo cardíaco.

Tratamentos da cianose

Oxigenoterapia
A oxigenoterapia é um tratamento indicado para muitas das causas da cianose

O tratamento do sintoma é feito com oxigenoterapia ou ventilação, mas é preciso, também, tratar a causa da cianose, o que varia de acordo com cada doença de base. 

Se a cianose for causada pelo frio extremo, você pode colocar bolsas de água quente, para recuperar rapidamente a temperatura normal do corpo. 

Quando a causa da cianose é uma malformação no coração ou nos vasos sanguíneos, pode ser necessária uma cirurgia de correção, impedindo que o fluxo sanguíneo continue sendo desviado de sua rota normal. 

Como a cianose pode ser percebida facilmente pelas unhas, muitos procedimentos cirúrgicos têm como recomendação pré-operatória manter as unhas limpas, sem esmalte. 

A insuficiência cardíaca deve ser diagnosticada por um/uma cardiologista, que definirá o plano de tratamento mais adequado. Normalmente, são prescritos medicamentos como digoxina, hidralazina e isossorbida, que aumentam a força de bombeamento e relaxam os vasos sanguíneos, facilitando o fluxo sanguíneo.

Fontes e referências adicionais

Você já teve um episódio de cianose? Se lembra qual foi a causa? Teve que fazer algum tratamento? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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