Olhar atentamente para os pés pode ser uma boa medida de cuidado: os pés sofrem frequentemente consequências visíveis da má circulação, por exemplo, e podem sinalizar anormalidades cardiovasculares, como costuma ser o caso do “pé roxo”.
A alteração da coloração dos pés, geralmente, ocorre devido à obstrução das artérias, alterações na corrente sanguínea e oxigenação insuficiente no sangue. À mudança de cor provocada por esta última dá-se o nome de cianose.
Além disso, os pés de cor arroxeada podem, também, indicar problemas relacionados a doenças autoimunes ou hematológicas, ou mesmo à exposição a temperaturas muito frias.
Descartadas as possibilidades da mudança de coloração dos pés por contusão ou hematoma, estão listadas, aqui, algumas de suas causas mais comuns:
Fenômeno de Raynaud
Esta é uma condição que afeta os vasos sanguíneos, especialmente os dos pés, e consiste numa resposta exagerada do organismo a temperaturas frias.
O fenômeno é causado por vasoconstrição, um processo de estreitamento ou contração dos vasos sanguíneos, que resulta na diminuição do fluxo de sangue para a pele e provoca o arroxeamento.
O Fenômeno de Raynaud inicia-se, quase sempre, logo após a exposição a temperaturas muito frias ou, em casos mais raros, em situações de estresse intenso. O arroxeamento pode se expandir e progredir pela área atingida.
Seu tratamento depende da gravidade e visa reduzir os sintomas, além de evitar novas ocorrências. De todo modo, uma maneira de preveni-lo é manter os pés bem aquecidos.
Pé isquêmico
Aqui, o arroxeamento também é provocado pela falta de suprimento suficiente de sangue oxigenado. Sua causa, contudo, está associada a outros fatores.
A diminuição do fluxo de sangue pelas artérias pode ser resultado do acúmulo de placas de gordura (colesterol) em uma das principais artérias que fornecem sangue para os pés ou de coágulo de sangue, bloqueando a passagem do fluxo.
Costumam apresentar pé isquêmico aqueles que sofrem com problemas de diabetes, hipertensão, colesterol alto, obesidade e possuem histórico de problemas vasculares.
Hipertensão arterial
Conhecida como “pressão alta”, a hipertensão arterial pode provocar mudança na coloração da pele dos pés por uma dificuldade na circulação sanguínea, também.
Neste caso, o aumento do volume do sangue que movimenta-se pelas artérias exerce alta pressão, pois o espaço por onde circula é limitado pelas paredes arteriais. O coração, por sua vez, faz mais força para bombear o sangue pelo corpo.
Insuficiência venosa
Aqui, o arroxeamento decorre de uma obstrução das veias das pernas, como coágulos de sangue, ou danos nas válvulas dessas veias, o que provoca o aumento da pressão arterial.
Insuficiência arterial
Este distúrbio afeta a circulação do sangue nas pernas por obstrução das artérias, perda da flexibilidade nas paredes dos vasos sanguíneos ou excesso de inflamação localizada, e, então, faz com que a tonalidade da pele dos pés fique mais arroxeada.
Insuficiência cardíaca
Insuficiência cardíaca é a incapacidade do coração de atuar adequadamente. Consequentemente, ela acaba por comprometer o funcionamento do organismo e pode levar a episódios de infarto ou AVC (acidente vascular cerebral) – frequentemente sinalizados pelo “pé roxo”.
Os itens desta lista que estão diretamente associados a problemas cardiovasculares (pé isquêmico, hipertensão arterial, insuficiência venosa, insuficiência arterial e insuficiência cardíaca) são gravemente potencializados pelo hábito de tabagismo, sedentarismo, obesidade e, também, relacionam-se diretamente entre si.
A exemplo disso, a insuficiência venosa, que, devido à limitação das veias em exercer suas funções, aumenta a pressão arterial.
A hipertensão arterial, por sua vez, exige mais força do coração e, por isso, o músculo pode perder sua capacidade adequada ou mesmo necessária, o que nos leva à condição de insuficiência cardíaca.
Desse modo, os tratamentos dessas doenças incluem o uso de medicamentos para controle da pressão arterial, do colesterol e do diabetes, e a adoção de hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática de atividade física.
Em casos mais graves, que não melhoram com o uso de remédios, é sugerido tratamento cirúrgico.
Por isso, além de manter os pés aquecidos em situações de frio intenso, cuidar da alimentação e praticar exercícios físicos regularmente pode evitar muitos dos problemas indicados pela alteração da coloração da pele dos pés.
Fontes e referências adicionais
- Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial–2020, Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 116, p. 516-658, 2021.
- Pé diabético: aspectos clínicos, Jornal vascular brasileiro, v. 4, n. 1, p. 11-21, 2019.
- Exercícios resistidos em idosos portadores de insuficiência arterial periférica, Acta Fisiátrica, v. 13, n. 2, p. 96-102, 2006.
- A influência da hipertensão arterial na qualidade de vida, Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 100, p. 164-174, 2013.
- Diretriz brasileira de insuficiência cardíaca crônica e aguda, Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 111, n. 3, p. 436-539, 2018.
- Insuficiência venosa crônica. Uma atualização, Jornal Vascular Brasileiro, v. 2, n. 4, p. 318-328, 2020.
- Fenômeno de Raynaud: Causas, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento – Revisão. Revista Eletrônica Biociências, Biotecnologia e Saúde. 15 ed. 2016.
Fontes e referências adicionais
- Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial–2020, Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 116, p. 516-658, 2021.
- Pé diabético: aspectos clínicos, Jornal vascular brasileiro, v. 4, n. 1, p. 11-21, 2019.
- Exercícios resistidos em idosos portadores de insuficiência arterial periférica, Acta Fisiátrica, v. 13, n. 2, p. 96-102, 2006.
- A influência da hipertensão arterial na qualidade de vida, Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 100, p. 164-174, 2013.
- Diretriz brasileira de insuficiência cardíaca crônica e aguda, Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 111, n. 3, p. 436-539, 2018.
- Insuficiência venosa crônica. Uma atualização, Jornal Vascular Brasileiro, v. 2, n. 4, p. 318-328, 2020.
- Fenômeno de Raynaud: Causas, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento – Revisão. Revista Eletrônica Biociências, Biotecnologia e Saúde. 15 ed. 2016.