A doença de Lyme é uma doença infecciosa transmitida pela picada de carrapatos infectados, e é mais comum em áreas verdes, como florestas, matas, fazendas e sítios. No entanto, ela também pode ocorrer em áreas urbanas, embora seja menos comum.
Porém, por ser uma doença relativamente rara, poucas pessoas conhecem os seus sintomas, o que leva a um atraso no diagnóstico e no início do tratamento.
Por isso, neste artigo iremos conhecer melhor a doença de Lyme, seus sintomas, formas de transmissão e tratamentos, para assim sanar as principais dúvidas sobre o tema.
Sintomas da doença de Lyme
A doença de Lyme tem 3 fases, e cada uma delas afeta o corpo de forma diferente. Por isso, iremos dividir os sintomas de acordo com a fase da doença:
1. Localizada precoce
Fase inicial da doença, com sintomas aparecendo entre 3 e 30 dias após a picada do carrapato.
Os sintomas incluem:
- Mancha vermelha na pele, ao redor do local da picada, que é o sinal mais característico da doença
- Febre alta e calafrios
- Aumento do tamanho dos linfonodos
- Dor de garganta
- Fadiga
- Dores musculares
- Dor de cabeça
Como podemos notar, a maioria desses sintomas são semelhantes aos da gripe ou de outras viroses. Por isso, às vezes, o diagnóstico nesta fase pode ser difícil.
2. Inicial disseminada
Essa fase da doença pode ocorrer meses após a picada de carrapato, e inclui sintomas mais específicos e severos, como:
- Artrite, com inchaço e dores intensas nas articulações
- Piora das dores de cabeça
- Dores musculares, nos tendões e ossos
- Rigidez no pescoço
- Paralisia facial
- Dormência e formigamento em algumas partes do corpo
- Mudanças no ritmo das batidas do coração, um problema chamado de arritmia
3. Tardia
Por fim, temos a fase tardia da doença, que surge quando as fases iniciais não foram tratadas.
Os sintomas, mais severos, podem incluir:
- Piora da artrite, que passa a atingir várias articulações
- Problemas de memória
- Dificuldades de concentração
- Problemas com o sono, seja o seu excesso ou falta
- Encefalopatia, que é a inflamação do cérebro
- Piora e espalhamento da dormência
Causa e transmissão da doença de Lyme
O agente etiológico da doença de Lyme é a bactéria Borrelia burgdorferi, que pode estar presente no sangue de uma série de animais, principalmente os silvestres.
Assim, a doença precisa de um vetor para ser transmitida para seres humanos, ou seja, uma pessoa pode pegar a doença de Lyme apenas através da picada de carrapatos infectados.
Além disso, não existem evidências de que a doença de Lyme possa ser transmitida de pessoa para pessoa, nem através de comida ou água contaminadas.
Como é o diagnóstico da doença de Lyme?
Inicialmente, o médico pode suspeitar da doença de Lyme após a análise dos sintomas, principalmente se a pessoa vive em uma área de maior risco para a infecção.
Após essa primeira suspeita, existem alguns exames que podem confirmar o diagnóstico. São eles:
- Detecção de anticorpos contra a bactéria, realizada por um exame imunológico
- Detecção do material genético da bactéria, que é feita por um exame de PCR
Entretanto, a produção de anticorpos pode levar semanas para ocorrer, e por isso o exame pode dar um resultado falso negativo.
Além disso, outros exames podem ser solicitados, para avaliar a extensão dos danos causados pela doença e a necessidade de tratamentos complementares.
Tratamento da doença de Lyme
Como se trata de uma infecção bacteriana, o tratamento da doença de Lyme é feito com o uso de antibióticos. Os mais usados são amoxicilina, doxiciclina e ceftriaxona.
No entanto, pode-se utilizar outros tratamentos para amenizar os sintomas e complicações da doença. Alguns exemplos são:
- Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), principalmente para tratar dores e reduzir a febre
- Uso de marca-passo, quando a doença afeta o coração
- Fisioterapia, já que a doença costuma causar artrites, em especial nos joelhos
Porém, é importante ressaltar que apenas um médico pode prescrever e orientar quanto aos possíveis tratamentos para a doença de Lyme, após a análise detalhada de exames e sintomas.
Formas de prevenir a doença de Lyme
A prevenção da doença de Lyme consiste em evitar o contato com carrapatos, principalmente quando se vive em áreas onde a doença é mais comum.
Por isso, separamos algumas dicas de como evitar as picadas de carrapato:
- Evite andar em áreas de vegetação fechada e, caso seja necessário, utilize roupas que cubram o máximo de superfície de pele possível
- Coloque as barras das calças por dentro das botas
- Use repelentes que contenham dietiltoluamida (DEET) na superfície da pele. Mas consulte um pediatra antes de usar esses produtos em crianças
- Verifique a pele e o couro cabeludo após situações que possam trazer o risco de picadas de carrapatos
- Ao retornar de locais de risco para a doença de Lyme, verifique se há carrapatos nas roupas usadas
Além disso, se mesmo com essas medidas você foi picado por um carrapato, procure a orientação de um profissional de saúde.
Dicas e cuidados
Mesmo após completar o tratamento, é comum que o organismo leve um tempo para se recuperar da doença de Lyme, uma vez que a bactéria afeta diversos órgãos e articulações. Isso é mais frequente, no entanto, quando a doença é descoberta nas fases mais avançadas.
Por isso, é importante seguir as recomendações médicas, além de realizar algumas mudanças de estilo de vida que ajudem nessa recuperação.
Assim, separamos algumas dicas para aliviar os incômodos desse período:
- Evite esforços físicos exagerados e repouse sempre que possível
- Evite comidas processadas e dê preferência a comidas mais naturais, como frutas, legumes e verduras frescas
- Tente encontrar formas de lidar com o estresse, como meditação
- Mantenha uma boa hidratação
- Faça algum tipo de atividade física leve regularmente, seja fisioterapia ou algum exercício. Mas sempre respeitando seus limites e com a supervisão de um profissional habilitado
Fontes e referências adicionais
- Clinical Practice Guidelines by the Infectious Diseases Society of America (IDSA), American Academy of Neurology (AAN), and American College of Rheumatology (ACR): 2020 Guidelines for the Prevention, Diagnosis, and Treatment of Lyme Disease, Arthritis care & research
- Lyme disease: Review, Archives of Medical Science
- Lyme disease, CDC
- Lyme disease, Mayo Clinic
Fontes e referências adicionais
- Clinical Practice Guidelines by the Infectious Diseases Society of America (IDSA), American Academy of Neurology (AAN), and American College of Rheumatology (ACR): 2020 Guidelines for the Prevention, Diagnosis, and Treatment of Lyme Disease, Arthritis care & research
- Lyme disease: Review, Archives of Medical Science
- Lyme disease, CDC
- Lyme disease, Mayo Clinic