Febre que vai e volta (febre intermitente): o que pode ser e o que fazer

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A febre é o aumento excessivo da temperatura corporal, e ela pode seguir alguns padrões. A febre que vai e volta é tratada na medicina como febre intermitente. Ela é caracterizada por períodos de aumento anormal de temperatura intercalados com períodos de temperatura normal. O retorno à temperatura normal pode ocorrer uma vez por dia ou demorar alguns dias.

A febre que vai e volta é comum em algumas doenças infecciosas, como a malária, a tuberculose e a leptospirose e em um tipo raro de câncer, o linfoma de Hodgkin.

Como a febre intermitente está associada com muitas doenças graves, é importante procurar ajuda médica, quando perceber que a febre vai e volta, sem se resolver completamente.

Veja o que pode ser a febre que vai e volta e o que fazer em cada situação. 

Malária

A malária, também conhecida como impaludismo, é uma doença infecciosa causada por um protozoário do gênero Plasmodium

A malária é transmitida por algumas espécies de mosquito do gênero Anopheles, que popularmente é conhecido como mosquito-prego. Eles fazem seus criadouros em água limpa, parada e sombreada. Quando uma fêmea infectada pelo protozoário pica uma pessoa, ela transmite a malária. 

Essa doença tem como característica episódios de febre intermitente, que são acompanhados de calafrios, sudorese e dor de cabeça, seguindo padrões cíclicos, que variam de acordo com a espécie do protozoário infectante. 

Na fase de febre, a temperatura pode chegar a 41 ºC e ser acompanhada de náuseas, vômitos, tremores e dor muscular. Normalmente, a febre vai e volta a cada 2 ou 3 dias, ou seja, a pessoa tem febre em um dia, fica 2 ou 3 dias sem febre, e volta a ter febre. No primeiro caso, a febre é chamada de terçã e, no segundo, de quartã. 

O que fazer  

Em caso de suspeita de malária, procure ajuda médica o mais rápido possível, pois o diagnóstico precoce é fundamental para a boa evolução do seu quadro clínico e recuperação. O diagnóstico é feito por meio de exames parasitológicos por microscopia ou testes rápidos. 

O objetivo do tratamento é eliminar o protozoário o mais rápido possível da circulação sanguínea, o que é feito com a administração de antimalárico até 24 horas após o início da febre. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a combinação de fármacos à base de artemisinina para tratar a malária causada pela espécie P. falciparum, e cloroquina associada à primaquina para tratar infecções por P. vivax. Os casos graves são tratados com artesunato injetável e, depois, com artemisinina por via oral. 

Tuberculose

Febre
A tuberculose pode apresentar a conhecida febre vespertina

A febre é um dos sintomas mais comuns da tuberculose, sendo geralmente alta, acima de 38 ºC. Normalmente, a febre se manifesta ao final do dia, o que é chamado de febre vespertina. Além da febre vespertina, é comum os pacientes apresentarem suor noturno, tosse e perda de peso.

A tuberculose é causada por uma espécie de bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch, responsável por causar uma doença de evolução arrastada, que dura semanas, marcada por febre que vai e volta, tosse que não passa e muita fadiga. 

O que fazer  

Se você estiver com sintomas respiratórios, febre que vai e volta e tosse seca ou produtiva (com catarro) por mais de 3 semanas, procure atendimento médico, para fazer os exames diagnósticos de tuberculose. 

O tratamento é disponibilizado pelo SUS e dura, no mínimo, 6 meses. O esquema terapêutico básico é feito com quatro medicamentos: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. 

É possível que logo na primeira semana de tratamento, você já se sinta melhor, porém é fundamental continuar tomando os remédios até o final do esquema terapêutico, pois caso contrário, a doença pode se complicar e ainda selecionar bactérias resistentes às drogas.  

Leptospirose

A leptospirose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Leptospira, transmitida pela urina de ratos infectados. A bactéria pode ganhar acesso ao nosso organismo através de uma lesão na pele, das mucosas ou mesmo da pele íntegra imersa muito tempo em água contaminada pela urina de ratos infectados. 

Essa doença é caracterizada por uma síndrome febril, marcada por acessos de febre de 38 a 40 ºC, que vão e voltam, e que podem durar até 30 dias. Além da febre, é comum haver fraqueza muscular, dor de cabeça frontal e atrás dos olhos, náuseas, vômitos, dor muscular, principalmente nas panturrilhas e nas costas. 

O que fazer  

Casos graves de leptospirose requerem hospitalização, a fim de diminuir os riscos de complicação da doença, como a insuficiência renal, e a letalidade. Casos leves e graves são tratados com antibioticoterapia, que envolve uma combinação de antibióticos para a fase precoce e tardia da doença. 

Linfoma de Hodgkin

Linfoma
O linfoma pode provocar períodos de temperatura corporal alta

O linfoma de Hodgkin está associado a sintomas sistêmicos (gerais), que incluem febre intermitente superior a 38 ºC, suores noturnos e perda de peso não intencional. Veja outras possíveis causas de suor noturno e de perda de peso não intencional

A febre pode seguir um padrão noturno e persistente ou estar presente por vários dias, alternando com períodos de temperatura normal ou abaixo do normal. 

Os linfomas são proliferações de caráter neoplásico maligno (cancerígeno) de linfócitos que ficam dispostos em órgãos linfóides, ou seja, trata-se da multiplicação descontrolada de células de defesa geneticamente alteradas nos linfonodos. Veja mais sobre esse tipo de alteração no sangue, chamada de linfocitose.  

Os linfócitos malignos vão se proliferando e atingindo os linfonodos vizinhos, até se disseminarem para locais mais distantes do corpo em estágios avançados da doença. Essa proliferação de linfócitos resulta na formação de massas linfonodais indolores. Veja outras possíveis causas de linfonodos aumentados

O que fazer  

Para ter o diagnóstico de linfoma de Hodgkin é preciso fazer uma biópsia linfonodal, de preferência de um linfonodo inteiro. Em caso positivo, se faz o estadiamento do linfoma, para a definição do esquema terapêutico. O tratamento é baseado em quimioterapia e radioterapia, com variação do número de ciclos a depender do estágio do linfoma. 

Doença de Lyme (doença do carrapato)

A doença de Lyme, ou doença do carrapato, é uma doença infecciosa causada pela bactéria Borrelia burgdorferi transmitida pela picada de um carrapato infectado. Se a infecção não for combatida, ela pode causar danos em vários tecidos e órgãos do corpo, resultando em dor muscular e articular, lesões na pele, no sistema nervoso, no coração e no cérebro. 

O sinal típico da doença é o aparecimento de uma mancha avermelhada na pele, no local onde o carrapato se fixou para se alimentar do sangue. A lesão não coça, não doi e pode apresentar vários anéis avermelhados, separados por espaços não pigmentados, como se fosse o desenho de um alvo. Juntamente com a mancha, surgem sintomas de dor de cabeça e febre que vai e volta. 

O que fazer  

Aos primeiros sinais de doença de Lyme, procure ajuda médica, pois o tratamento precoce pode evitar as complicações da doença. A fase inicial da doença é tratada com antibióticos, como a doxiciclina, amoxicilina ou cefuroxima por 10, 14 ou 21 dias. 

Os antibióticos e os anti-inflamatórios não esteroidais também ajudam a aliviar os sintomas de artrite, comuns na doença. Mesmo após o combate da bactéria, algumas pessoas continuam com os sintomas de artrite, devido à persistência da inflamação nas articulações. 

Mononucleose infecciosa (vírus Epstein-Barr)

A mononucleose infecciosa é causada pelo vírus Epstein-Barr transmitido pela saliva, objetos contaminados ou por transfusão de sangue. 

Na maioria das vezes, a infecção não causa muitos sintomas, sendo confundida com doenças respiratórias típicas do inverno. 

A febre é baixa ou moderada, vai e volta, e pode durar até 14 dias. Normalmente, é acompanhada de garganta inflamada com pus, fadiga, formação de ínguas no pescoço, além do aumento do baço e do fígado

O que fazer 

Assim como ocorre com outras viroses, não há um medicamento específico para combater o vírus causador da doença. O tratamento se limita a controlar os sintomas e é feito com antitérmicos, analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais. Até que o ciclo viral termine, é importante repousar e evitar o contato com outras pessoas. 

Orientações importantes

Criança com febre
Fique atento e meça várias vezes ao dia a temperatura

Se você ou seu filho ou filha estiver com febre e perceber que ela vai e volta e permanece dias seguindo esse padrão, não use antitérmicos por conta própria, mas procure ajuda médica.

A automedicação pode atrapalhar no diagnóstico, pois mascara o padrão da febre, que pode ser uma informação valiosa para descobrir qual é a doença causadora do aumento da temperatura corporal. 

A febre é um mecanismo de defesa do corpo, que indica que algum fator externo ou interno está causando danos e desequilíbrios em seu funcionamento. Por isso, se atente à febre e ao padrão que ela apresenta e procure atendimento médico o quanto antes. 

Fontes e referências adicionais

Você já teve episódios de febre intermitente, que vai e volta? Qual foi a causa da febre? Como você tratou? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Akemi Martins

Dra. Akemi Martins Higa é bióloga, formada pela Universidade Federal de São Carlos em 2011. Doutora na área de Medicina Tropical e Saúde Internacional, com ênfase em doenças neurodegenerativas, pela Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de nanotecnologia e imunologia aplicada ao diagnóstico de neuromielite óptica e esclerose múltipla. Para mais informações, entre em contato.

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