Quando falamos em ferida no útero, estamos nos referindo à ferida no colo do útero, que também é conhecida como ectopia cervical ou papilar. Mas, na verdade, sabia que ela não é exatamente uma ferida?
Isso porque a condição ocorre quando o epitélio, a camada que reveste o colo do útero e deveria permanecer no canal cervical, sai para fora. Em outras palavras, há uma exteriorização da camada interna do útero.
Assim, o que se tem é a parte de dentro do colo do útero virada para fora, não um machucado ou ferida propriamente dita.
A ectopia cervical pode atingir mulheres em qualquer idade, no entanto, ela é mais comum nas mulheres mais jovens, especialmente naquelas que utilizam métodos anticoncepcionais.
Causas
A condição não possui uma única causa, entretanto, a maioria dos casos tem relação com inflamações e infecções não tratadas. A lista de fatores que podem estar por trás da ectopia cervical inclui:
- Alterações hormonais durante a infância, adolescência ou menopausa
- Mudanças do útero ao longo de uma gestação
- Ferimento após o parto
- Alergia a produtos químicos presentes em preservativos ou absorventes internos
- Candidíase de repetição ou candidíase não tratada
- Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HPV, clamídia, sífilis, gonorreia e herpes
Sintomas
Geralmente, a chamada ferida no útero não provoca sintomas notáveis. Entretanto, há casos em que as mulheres percebem alguns sinais, como:
- Corrimento vaginal recorrente
- Cólicas
- Desconforto na região pélvica
- Coceira
- Ardência ao urinar
- Sangramento vaginal depois de uma relação sexual
Uma vez que não é sempre que a ectopia cervical provoca sintomas, é comum que ela seja identificada apenas durante os exames ginecológicos de rotina. Por isso, é bem importante que toda mulher se consulte regularmente com o ginecologista da sua confiança.
Afinal, caso tenha a condição, o médico poderá identificá-la, detectar o que a casou e prescrever o tratamento mais indicado, conforme o problema que originou a ferida no útero e as condições de saúde da sua paciente.
Tudo isso é bem importante para evitar complicações, especialmente se a ectopia cervical tiver sido causada por um problema mais sério.
Da mesma forma, a mulher que perceber os sintomas apresentados acima precisa procurar a ajuda do ginecologista, mesmo que fora do período das suas consultas de rotina, para que o médico identifique se é um caso de ectopia cervical ou não e inicie o tratamento adequado.
A ferida no útero pode ser câncer?
Dificilmente, a ferida no útero pode ser ou causar câncer. Porém, isso não significa que ela não exija cuidados e atenção. Nos casos das feridas de crescimento rápido, principalmente quando não há um tratamento adequado, existe o risco de que o caso evolua para uma doença mais grave.
Além disso, se a causa da ectopia cervical for uma IST, é possível que o risco de desenvolver um câncer seja mais alto. Isso porque diversas variantes do vírus HPV, uma IST que pode causar feridas no útero, podem contribuir com o desenvolvimento do câncer cervical (câncer do colo do útero).
Ao ser exposto ao HPV, o sistema imunológico geralmente evita que o vírus cause algum dano. Mas, em uma pequena porcentagem de pessoas, o vírus consegue sobreviver por anos, colaborando com o processo que faz com que algumas células cervicais se tornem células cancerosas.
Como se não bastasse, outras ISTs, como clamídia, sífilis e gonorreia, aumentam as chances de ter o HPV.
Tratamento
O tratamento da ferida no útero varia conforme a causa do problema, as características da ectopia cervical, os sintomas apresentados pela mulher, a gravidade do quadro e as condições de saúde da paciente.
Para avaliar tudo isso, fechar o diagnóstico e definir o tratamento adequado, o ginecologista provavelmente vai precisar de exames, como papanicolau e colposcopia.
Entre os tratamentos mais comuns, estão a prescrição de medicamentos na forma de cremes, pomadas ou comprimidos.
Outra opção é a cauterização, procedimento que pode ser escolhido para retirar o tecido inflamado e ser feito através da crioterapia ou eletrocauterização. Essas técnicas costumam ser usadas para tratar inflamações mais graves do colo do útero, como cervicite, cistos, lesões provocadas pelo HPV ou lesões com risco de se tornar câncer cervical.
Além disso, se a causa da ferida no útero for uma IST, o ginecologista vai indicar um tratamento voltado para conter o desenvolvimento e a transmissão do agente causador da infecção, o que pode incluir o uso de antibióticos, antifúngicos e antivirais.
Fontes e referências adicionais
- Cervical cancer, Mayo Clinic
- Cervical ectropion, Cleveland Clinic
- Cervical Ectropion, Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-.
- Epidemiology and clinical significance of cervical erosion in women attending a family planning clinic., Br Med J. 1978 Mar 25; 1(6115): 748–750.
Fontes e referências adicionais
- Cervical cancer, Mayo Clinic
- Cervical ectropion, Cleveland Clinic
- Cervical Ectropion, Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-.
- Epidemiology and clinical significance of cervical erosion in women attending a family planning clinic., Br Med J. 1978 Mar 25; 1(6115): 748–750.