Foi no dia 11 de março que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o novo coronavírus como uma pandemia. Desde então, os Jogos Olímpicos foram adiados devido à pandemia de COVID-19 (nome dado à doença provocada pelo vírus), cientistas e pesquisadores de todo o mundo procuram vacinas e medicamentos contra o novo coronavírus e diversas dúvidas acerca da doença ainda persistem.
Devido ao número expressivo de óbitos em decorrência da COVID-19, um dos questionamentos que pode pairar na mente é o que especificamente o novo coronavírus pode causar no organismo, especialmente nos pulmões, uma vez que se trata de um problema respiratório.
Em um vídeo publicado no YouTube, o patologista pulmonar Sanjay Mukhopadhyay detalhou como os pulmões podem ser afetados pela COVID-19 nos casos severos da doença e apontou que o novo coronavírus pode provocar uma condição perigosa e potencialmente fatal chamada de síndrome do desconforto respiratório agudo ou síndrome de angústia respiratória do adulto. Trata-se do acúmulo de fluidos nos sacos de ar dos pulmões, privando o fornecimento de oxigênio aos órgãos.
De acordo com o patologista pulmonar, foram pesquisadores chineses que associaram a COVID-19 à síndrome do desconforto respiratório agudo. Em seus estudos, os chineses examinaram os fatores de risco de 191 pacientes com diagnóstico confirmado para o novo coronavírus que foram tratados em dois hospitais de Wuhan, na China, onde surgiu a COVID-19.
Os pesquisadores identificaram que 50 dos 54 pacientes que morreram tinham desenvolvido a síndrome do desconforto respiratório agudo, ao passo que somente 9 entre os 137 pacientes que sobreviveram tiveram o problema. Segundo Mukhopadhyay, a síndrome tem uma contribuição significativa para a morte dos pacientes.
O que a síndrome do desconforto respiratório agudo causa aos pulmões?
A síndrome do desconforto respiratório agudo provoca danos nas paredes dos sacos de ar dos pulmões – justamente quem auxilia o oxigênio a passar para os glóbulos vermelhos. Daí a privação de fornecimento de oxigênio aos órgãos associada à síndrome, conforme mencionado previamente.
Em pulmões saudáveis, o oxigênio presente dentro desses sacos de ar (também conhecidos como alvéolos) viaja até pequenos vasos sanguíneos (chamados ainda de capilares), que entregam o oxigênio aos glóbulos vermelhos.
O patologista pulmonar explicou que em uma pessoa normal as paredes dos alvéolos são muito finas, de modo que o oxigênio consegue chegar facilmente até os glóbulos vermelhos.
O problema com o coronavírus é que ele danifica a parede e as células de revestimento dos alvéolos bem como os capilares.
Mukhopadhyay esclareceu ainda que todo esse dano provoca um acúmulo de resíduos que reveste a parede dos alvéolos da mesma maneira que uma tinta revestiria a parede de uma casa. Os danos provocados pela COVID-19 aos capilares também fazem com que eles gotejem proteínas plasmáticas que deixam a parede ainda mais grossa.
“Eventualmente, a parede dos alvéolos fica mais grossa do que deveria. Quanto mais grossa essa parede ficar, mais difícil será para transferir oxigênio, mais falta de ar você sentirá e mais você será movido em direção a uma doença severa e possivelmente à morte”, advertiu o patologista pulmonar.
Como é feito o diagnóstico da síndrome do desconforto respiratório agudo?
A síndrome do desconforto respiratório agudo está associada a sintomas como: falta de ar repentina, respiração rápida, tontura, ritmo cardíaco acelerado e transpiração excessiva. Entretanto, não é somente isso que os médicos avaliam para identificar se o paciente desenvolveu o problema.
Eles também levam em consideração se o paciente tem uma condição aguda, com sintomas que começaram dentro de uma semana após surgimento de um problema de saúde, sintomas que se agravaram ou novos sintomas; se a falta de ar não pode ser explicada por uma insuficiência cardíaca ou sobrecarga de fluido (hipervolemia); se os níveis de oxigênio no sangue estão baixos (hipóxia severa) e se os pulmões aparecem brancos e opacos no lugar de escuros em uma exame de raio-x de peito.
A urgência de entender o que o novo coronavírus pode provocar no organismo
Para o patologista pulmonar, o objetivo é enfatizar os estragos que o novo coronavírus pode causar ao organismo, principalmente nos pacientes de alto risco, que podem ser mais vulneráveis à infecção. Mukhopadhyay espera que isso faça com que as pessoas levem o surto de COVID-19 mais a sério.
“Por favor, não descarte isso como ‘apenas outra infecção viral que vai passar’. Por favor, tome todas as precauções. Por favor, proteja a si mesmo, sua família e os outros”, pediu o patologista pulmonar.
A íntegra do vídeo (em inglês) do patologista pulmonar Sanjay Mukhopadhyay a respeito do que o novo coronavírus pode fazer nos pulmões pode ser conferida a seguir:
As informações são do centro médico acadêmico americano Cleveland Clinic, do Ministério da Saúde e da Universidade John Hopkins nos Estados Unidos.